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Intolerância: racismo e ódio espalhados

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A pesquisa sobre intolerância, realizada pelo Instituto Ipsos Mori em 27 países, aponta o Brasil como 7º país mais intolerante dentre estes. Cerca de 84% dos brasileiros veem o país dividido, e 62% percebem mais intolerância hoje do que há 10 anos.

Dentre os motivações, 54% apontam diferenças políticas e 40% desigualdades entre ricos e pobres. Esta ultrapolarização também é fortemente perceptível no mundo virtual. Discursos racistas e de ódio, que há alguns anos eram combatidos pela maioria dos usuários, passaram a ser bem vistos, e assumidos, por uma parcela considerável destes. As fake news e os discursos de ódio passaram a ser compartilhados conscientemente, apenas para dar o gosto de vitória sobre o seu, antes, amigo, hoje, adversário ideológico.

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E chegou o momento em que tais atitudes saem da tela do computador para as ruas. Em 27 de março os ônibus da caravana do ex-presidente Lula foram atingidos por três tiros no Paraná. No último sábado, (28/04), duas pessoas ficaram feridas quando o acampamento Marisa Letícia, em Curitiba, foi atacado com mais de 20 tiros. Em ambos casos, não foram identificados os atiradores. Vale lembrar que o assassinato de Marielle foi relativizado por muitos nas redes sociais e alvo de volumosas fake news. O antipetismo é um exemplo claro de que as pessoas estão se unindo pelo ódio, e não por solidariedade a alguma causa.

Em alguns outros países esta cisão também está grande. Segundo a pesquisa, a Sérvia é o país mais intolerante. Os demais países sul-americanos Argentina, Chile e Peru surgem na sequência. Junto ao Brasil aparecem Estados Unidos, Polônia e Espanha.

A pesquisa também aponta que só 10% dos brasileiros disseram que confiam nas outras pessoas. Ou seja, toda essa tensão social se dá em um momento de crise de confiança da população em si, nos políticos, no judiciário, na grande mídia e em algumas grandes empresas. Neste vácuo o conservadorismo parece tomar lugar e se aproveita da falta de experiência de parte da população com a democracia, com o bom debate e de convivência com as diferenças, para transformá-la em massa de manobra.

Ronnie Aldrin Silva, Fundação Perseu Abramo
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