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Rafaela VidigalSão Luís, MA - O Ministério da Saúde deve apresentar no início de outubro deste ano as novas normas técnicas relativas às ações e serviços de saúde voltados ao controle de Zoonoses. A Superintendente de Vigilância Epidemiológica e Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), Terezinha Jardim, responsável pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), esclarece que o novo modelo de trabalho proposto pelo Ministério definirá com maior precisão as reais atribuições deste serviço e também orientará a sociedade.
Criança levou seu bichano para vacinar nesta sexta, 31 |
Para o coordenador do CCZ, João Batista Pires, existe um equívoco quanto às obrigações do Centro de Zoonoses de São Luís. De acordo com o coordenador, muitas pessoas acreditam que toda e qualquer ação relacionada a um tipo de animal é de responsabilidade do Centro. Pires exemplifica com a situação dos animais que vivem nas ruas da capital, em especial gatos e cães.
“Nem todo animal que vive nas ruas é de responsabilidade da gestão municipal. O Centro de Zoonoses tem como um dos focos a prevenção e controle de doenças e são os animais que apresentam riscos que são monitorados pelas nossas equipes. Quando há a suspeita de animais com alguma doença os técnicos do CCZ entram em campo e fazem todas as análises e tratamentos necessários. A prestação desse serviço à sociedade está sendo efetuada de forma plena”, informa.
O coordenador do Centro destaca ainda que caso haja suspeita de que algum animal apresente um comportamento diferente do habitual, ficando mais agressivo, sem razão aparente, o Centro deve ser comunicado. Porém, ele ressalta que muitas vezes a forma agressiva do animal não passa do comportamento natural em determinadas situações.
A partir do próximo mês, Centro faz recenseamento de bichos |
Animais nas ruas
De acordo com dados do Centro de Zoonoses, atualmente existem cerca de 30 mil animais nas ruas de São Luís, porém, a grande maioria deles (80%) são animais peridomiciliados, ou seja, tem moradia própria, mas vivem nas suas redondezas. Um das diretrizes que serão apontadas pela nova portaria ministerial versa exatamente sobre a responsabilidade pelo animal.A consulta pública, que norteia o documento, frisa a necessidade de parcerias entre sociedade, organizações e até grandes empresas para a conscientização quanto ao bem estar do animal. Segundo a coordenação do Centro, até o mês de agosto foram confirmados oito casos de raiva em São Luís. Todos eles em animais com residência, mas que normalmente transitam livremente pelas ruas.
Outro hábito que, segundo João Batista Pires, é recorrente e totalmente condenável é o abandono de animais por parte da população. Segundo ele, vários destes animais realmente considerados “de rua” foram abandonados por seus donos devido algum problema de saúde apresentado ou, simplesmente, pelas limitações que o animal começou a ter devido à velhice.
“Quem optar por criar algum animal tem que entender que, assim como nós, eles precisam de cuidados especiais e quando a idade avança esses cuidados também vão ficando diferenciados. É como um ente da família. O cuidado e carinho têm que ser o mesmo”, ressalta o coordenador.
Além das questões afetivas, quem optar por criar qualquer tipo de animal deve-se guiar também pelo que prevê a legislação vigente no país. Segundo a Lei de Proteção aos Animais, abuso ou maltrato é considerado crime ambiental e passível de detenção.
Controle e Prevenção
O CCZ realiza constantemente um trabalho de acompanhamento de casos suspeitos de endemias em animais e, também, das famílias que tem contato com os bichos. Quando confirmados os casos, os procedimentos adequados são realizados de imediato pela equipe de Zoonoses.Além desse trabalho, existe uma programação de vacinas que é seguida pela Semus através do CCZ. Duas grandes campanhas de vacinação são realizadas durante o ano, seguindo o calendário nacional, estabelecido pelo Ministério da Saúde. Em junho foi realizada a primeira de 2013 e no dia 16 de setembro começará a segunda.
A próxima campanha será realizada durante 34 dias, terminando apenas no final de novembro. Nesta etapa, além de 87 postos fixos, o diferencial será a vacinação “porta-a-porta” em alguns bairros, quando os vacinadores farão a imunização dos animais em suas próprias residências, aumentando o número de efetividade do programa. Além das campanhas nacionais, a Semus ainda desenvolve vacinações pontuais para a criação de barreiras sanitárias em localidades com suspeita de casos de raiva. Em várias ações sociais desenvolvidas este ano, as equipes de vacinação também se fizeram presentes.
Segundo o secretário municipal de Saúde, Cesar Felix, as ações desenvolvidas refletem, especificamente, o baixo índice de casos de raiva em São Luís. “Até agora, são oito casos confirmados da doença. O ano passado, 55 casos foram registrados. A intenção é intensificarmos cada vez mais este controle, inclusive com ações de conscientização da sociedade”, destacou.
No próximo mês, o CCZ deverá fazer um levantamento para quantificar os animais que, realmente, vivem nas ruas da capital. De forma pré-liminar, acredita-se que a população de cães e gatos que apresenta problemas epidemiológicos esteja na faixa dos 2% da população total de rua.
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