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Em Nota Oficial, Dilma rebate ataques de ex-presidente

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Luis Nassif

Há dois FHCs, o FHC1, intelectual que se esforça por se tornar figura referencial do país; e o FHC2, imediatista, capaz de pequenos atos de mesquinharia. Frequentemente, FHC2 atropela FHC1.

Eleita presidente, Dilma Rousseff entendeu a importância de uma oposição civilizada, programática. Candidato a presidente pelo PSDB, mesmo derrotado José Serra poderia empalmar o comando do PSDB, mantendo o partido no modelo selvagem exibido em 2010. E resolveu apostar em FHC1.

Ao levantar a bola de FHC1, Dilma pretendeu transformá-lo no principal interlocutor da oposição e, ao mesmo tempo, esvaziar a guerra de preconceitos alimentada pelo serrismo.

Não era tarefa fácil, mesmo porque a belicosidade de Serra abriu espaço para um conjunto de políticos e colunistas de estilo virulento, que só conseguiriam se manter à tona em tempos de guerra. Serra inaugurou uma cadeia produtiva do ódio que permitiu a ascensão de inúmeros aventureiros incapazes de solfejar uma nota fora desse compasso. Vide Roberto Freire.

Para quem avança além das manchetes de jornal, estava claro o conflito armado de FHC1 com Serra. Bastou FHC apontar Aécio Neves como candidato potencial do PSDB às próximas eleições para Serra incumbir Marco Antonio Villa de fuzilá-lo.

Ao receber o reconhecimento de Dilma, aplacou sua veia belicista, parecia pacificado com sua biografia permitindo que FHC1 se impusesse sobre FHC2. Seus pronunciamentos deixaram de lado o imediatismo do dia a dia. Estava quase tomando o lugar que, por direito, cabe aos ex-presidentes, de figura referencial e voz crítica do país.

Mas não resistiu a essa invencível guerra de egos com Lula, sua eterna diferença. FHC2 voltou à tona, e tentou se valer do julgamento do "mensalão" para tirar sua casquinha.

Com a Nota Oficial, aparentemente Dilma se deu conta de que a síndrome do escorpião acompanhará FHC pelo restante de sua existência.

Recebi do ex-presidente Lula uma herança bendita

Blog do Planalto

A presidenta Dilma Rousseff afirmou hoje (3), em nota oficial, ter recebido uma herança bendita do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma afirmou ter recebido um país com economia sólida, crescimento robusto e inflação sob controle. Leia abaixo a íntegra da nota:

Citada de modo incorreto pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em artigo publicado neste domingo, nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, creio ser necessário recolocar os fatos em seus devidos lugares.
Recebi do ex-presidente Lula uma herança bendita. Não recebi um país sob intervenção do FMI ou sob a ameaça de apagão.
Recebi uma economia sólida, com crescimento robusto, inflação sob controle, investimentos consistentes em infraestrutura e reservas cambiais recordes.
Recebi um país mais justo e menos desigual, com 40 milhões de pessoas ascendendo à classe média, pleno emprego e oportunidade de acesso à universidade a centenas de milhares de estudantes.
Recebi um Brasil mais respeitado lá fora graças às posições firmes do ex-presidente Lula no cenário internacional. Um democrata que não caiu na tentação de uma mudança constitucional que o beneficiasse. O ex-presidente Lula é um exemplo de estadista.
Não reconhecer os avanços que o país obteve nos últimos dez anos é uma tentativa menor de reescrever a história. O passado deve nos servir de contraponto, de lição, de visão crítica, não de ressentimento. Aprendi com os erros e, principalmente, com os acertos de todas as administrações que me antecederam. Mas governo com os olhos no futuro.
Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil
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