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Ex-diretor do Dnit diz que Cachoeira patrocinou Veja

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R7

O ex-diretor do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), Luiz Antônio Pagot, disse nesta terça-feira (28), em depoimento à CPI do Cachoeira no Congresso Nacional, que o grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira e o empresário Cláudio Abreu, da empresa Delta, patrocinaram uma matéria jornalística na revista Veja para derrubá-lo do cargo.

— O fato é que um contraventor e o dono de uma empresa se uniram a um jornalista que produziu uma matéria e me arrancou do Dnit. O fato determinante para a minha saída foi a reportagem. Saiu a reportagem e posteriormente veio a exoneração.

Em julho do ano passado, reportagem da revista Veja denunciou um suposto esquema de recolhimento de propina no Ministério dos Transportes para o PR, partido da base aliada que comandava a pasta. A propina seria paga em troca de contratos e liberação de faturas. Após as denúncias da Veja outros veículos de comunicação relataram o caso.

Cerca de uma semana depois da revelação, a presidente Dilma Rousseff demitiu toda a cúpula do ministério, incluindo Pagot e o então ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR-AM). As demissões detonaram uma crise política entre o PR e a presidente Dilma Rousseff.

Na CPI, o ex-diretor do Dnit disse que enquanto estava no cargo identificou vários problemas da empresa Delta, braço financeiro do contraventor, e acredita que isso tenha lhe custado o posto de diretor no órgão.

— Acredito que esses fatos todos em que nós agíamos no interesse de preservar qualidade das obras e agilizar os cronogramas fossem causando um grande dissabor ao Claudio Abreu na direção dos seus trabalhos. Imagino que, por isso, tomou essa decisão juntamente com contraventor de patrocinar matéria jornalística que acabou me tirando do Dnit.

Depois, conversas gravadas pela Polícia Federal mostraram o grupo de Cachoeira comemorando que Pagot e outros membros do Ministério do Transporte tinham "caído". Eles teriam, inclusive, financiado a reportagem que denunciou as corrupções no ministério.

Pagot apontou irregularidades em diversas obras da Delta durante o depoimento, entre elas em rodovias no Ceará, Pernambuco e Rio de Janeiro. Os problemas iam desde aditivos até subcontratação de empresas sem consulta do Dnit e produtos diferentes dos contratados.

— Todas as chamadas de atenção, os problemas identificados e cobranças, foram, provavelmente, gerando, e isso é uma interpretação minha, um grande dissabor, principalmente no diretor do Centro-Oeste, Claudio Abreu.

Pagot se defendeu das acusações de corrupção e disse que no órgão se aliou aos funcionários de carreira e fez tudo que era possível para combater irregularidades. Falou que era um "fazedor" e "pau para toda obra" dentro do órgão.

Lembrou ainda o apoio do ex-presidente Lula que o convidou para o cargo e disse que queria muito que houvesse uma CPI sobre o Dnit.

— Gostaria que houvesse uma CPMI do Dnit, para passar a limpo a autarquia e principalmente a gestão que participei. Deixei o cargo sem medo do meu passado e sem negar minha gestão.

Demóstenes
Questionado pelo deputado Glauber Braga (PSB-RJ) se recebeu alguma visita ou pressão da Delta e de Cachoeira antes de ser derrubado do cargo, Pagot afirmou que não foi assediado nem pelo bicheiro, nem pela empresa. O ex-diretor também afirmou desconhecer da ligação entre o contraventor e o senador Cassado Demóstenes Torres.

— Eu sabia que ele era um líder que vivia cantando a prosa e verso como defensor da moralidade. Não imaginava que ele estava enraizado com essa quadrilha.

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