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Com seios de fora, ativistas protestam a favor de parto natural

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Redação, Band

Conhecido pelos protestos com mulheres seminuas, o grupo Femen realizou um protesto, neste domingo, em repúdio às resoluções do Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Estado) que proíbem a participação de médicos obstetras em partos domiciliares e a presença das doulas – acompanhantes – em ambientes hospitalares.

No Brasil, esse tipo de manifestação ainda é criminalizado, mas ativistas do Femen desafiam
O ato ocorreu no vão livre do Masp (Museu de Arte de São Paulo, na avenida Paulista, região central da capital.

A manifestação contou com vários mulheres integrantes do grupo, protestando seminuas. Algumas chegaram a fazer uma dramatização de um parto, utilizando bonecas.

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Segundo comunicado divulgado pelo movimento, o objetivo é manifestar contra a proibição do parto humanizado, além de exigir melhorias na qualidade do atendimento de saúde pública dedicado às mulheres. "Um direito adquirido da mulher não pode ser ameaçado pela querência dos médicos em fazer estoque de parturientes", alega a entidade.

Em entrevista, a loira que é a primeira integrante do Femen no Brasil ensina como entrar para o Grupo

Letícia Gonzales, Marie Claire

Marie Claire – Precisa ser bonita para fazer parte do Femen?
Sara Winter – Não! O Femen não tem nenhum requisito de beleza. Coincidentemente, o grupo nasceu na Ucrânia, onde a genética das meninas as faz magras e altas. Eu mesma já fujo desse padrão. Sou mais baixinha, mais gordinha.

Quais os requisitos para participar do grupo?
Se identificar com a causa, ter muita vontade de lutar e estar preparada para enfrentar policiais, para perder o emprego, e para sofrer uma superexposição na mídia.

Por que precisa tirar a roupa para participar?
O objetivo do grupo é expor os problemas. Quando as meninas da Ucrânia começaram a protestar (no início, a causa era estudantil, depois, virou feminista), ninguém dava bola. Em 2009, elas testaram essa estratégia de tirar a blusa e tudo mudou, os protestos começaram a aparecer na mídia. Mas, além de ser uma estratégia, mostrar o corpo também é um jeito de dizer “ele é meu e faço o que quiser com ele”.

Sara Winter mostra o corpo para  protestar, movimento nasceu na Ucrânia
No Brasil, tirar a roupa em público é crime. Está preparada para ser presa?
Estou pronta física e emocionalmente. Mas o apoio jurídico acaba de ser acertado. Por isso, fiz até agora aparições com os seios pintados, e não à mostra. Os protestos vão começar quando eu voltar da Europa.

E na Ucrânia, não tem medo de ser maltratada por ser estrangeira?
Curiosamente, não. Mas sei que as meninas de lá já passaram por muita coisa, principalmente em um protesto que fizeram na Bielorrússia, em que foram presas pela KGB, levadas ao meio do mato e estupradas por oficiais, além de serem molhadas com óleo e ameaçadas de serem queimadas.

Como você se transformou na líder do Femen Brazil?
Eu acompanhei o noticiário sobre os protestos delas no ano passado e adorei. Na hora pensei: “alguém vai criar o braço brasileiro já já”. Mas foram passando os meses e nada. Em março, me candidatei.

Pela causa, posaria nua para uma revista masculina?
Jamais. O Femen é contra a indústria pornográfica.

Mas as revistas masculinas não são pornográficas. E se elas topassem clicar você com sua mensagem?
Mesmo assim, não. Temos que velar pela nossa moral. Por exemplo, na Alemanha, é comum meninas que querem arrecadar dinheiro para alguma coisa montar uma barraquinha do beijo. Não faria isso de jeito nenhum. Eu uso meu corpo para lutar. Seria contraditório para mim ir contra o turismo sexual e, ao mesmo tempo, sair na Playboy.

Por quê? É contra mostrar o corpo por dinheiro?
O Femen não é contra a mulher-fruta, contra a Gretchen (cujo show Sara tentou invadir durante a Virada Cultural em São Paulo, em maio). Mas a mensagem que elas passam do Brasil no exterior fortalece o turismo sexual. Elas não são responsáveis por isso, claro que não, mas as consequências são ruins.

Quer fazer parte do grupo? Escreva para femenbrazil@gmail.com.
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