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Imperatriz para poucos: verticalização em bairros nobres. Programa Minha Casa, Minha Vida ainda patina

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Frederico Luiz

Em extenso artigo publicado abaixo, a jornalista Jordana Fonseca constata que a verticalização dos imóveis na segunda maior cidade do Maranhão segue um padrão de luxo acessível somente para os mais abastados.

A cidade está na contramão do Brasil onde a tendência, após o lançamento do programa Minha Casa, Minha Vida, são construções verticais para as camadas mais desfavorecidas.

O leitor pode se surpreender, mas a foto abaixo é da Rocinha, no Rio de Janeiro. A urbanização e a verticalização andam de mãos dadas. Parece até maquete, mas é a pura realidade.


Para os empreendedores, constata Jordana Fonseca, "é muito simples fazer um financiamento, com todos os documentos em mãos, não existe dificuldade".

A dificuldade começa, exatamente na urbanização onde prefeitura e governo federal parecem estar num divórcio litigioso. Bem diferente da amizade colorida da mesma prefeitura com o governo do Estado, classificada por ambos como parceria institucional.

As obras do PAC da Cafeteira são um enigma na mesma dimensão da Esfinge de Tebas. E as causas do atraso na entrega das construções, mesmo horizontais, da Vila Fiquene são segredos de polichinelo.

Boa leitura.

Construções verticais transformam paisagem urbana

Jordana Fonseca, Canal Assessoria

A verticalização das construções residenciais e comercias em Imperatriz vem transformando a paisagem urbana da cidade. Nos últimos 10 anos, locais que tinham apenas edificações horizontais agora contam de empreendimentos imobiliários com muitos metros de altura. E o número de projetos de construções verticais não para de crescer.

Esta é uma tendência nacional. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dão conta que 1 em cada 10 brasileiros moram em apartamentos. A primeira impressão leva ao pensamento de que isto só acontece em grandes metrópoles, porém as cidades médias do norte do país estão liderando em número de unidades. Os números do Censo Demográfico de 2010 demonstram uma mudança de postura quanto à escolha da moradia. A taxa de crescimento de unidades em Rondônia, por exemplo, é 15 vezes superior à de São Paulo.
As construções verticais em Imperatriz seguem uma tendência de empreendimentos com alto padrão que unem o conforto e a segurança presentes em condomínios fechados
No nordeste, o Maranhão possui a maior taxa de verticalização da região. Está acima da média nacional, que é de 43%. Na região, esse número chega a 48%. Segundo o IBGE, no total, o estado possui apenas 3% do número de apartamentos no nordeste, mas a taxa de crescimento no último censo foi a maior da região. O estado conta com 28.636 apartamentos habitados, ou seja, que possuem moradores. Destes, 1.328 estão situados em Imperatriz.

Primeiros prédios de Imperatriz foram os edifícios Juçara I e II, no início da década de 1980
Segundo o Secretário de Desenvolvimento Social de Imperatriz, Sabino Siqueira Costa, o boom imobiliário vivido é resultado das características da cidade. “Imperatriz tem uma localização privilegiada do ponto de vista da logística, nós estamos às margens da Belém-Brasília e ferrovia Norte-Sul. Somos uma cidade polo, atendemos em torno de 1 milhão e meio de pessoas, entre habitantes de Imperatriz e cidades circunvizinhas que de alguma forma consomem produtos e serviços aqui”, explica.

Sabino destaca também a instalação das fábricas da Coca-Cola, Suzano Papel e Celulose e mais a chegada de empreendimentos comerciais, como o Imperial Shopping Center, que juntos devem gerar milhares de empregos. “Isso está provocando uma alteração no perfil da cidade que consequentemente vai gerar uma demanda por habitações para as pessoas que estão chegando de fora”, exemplifica.

Histórico
O consultor imobiliário Ademar Mariano, proprietário de uma das imobiliárias mais antigas da cidade, conta que as primeiras edificações com vários andares foram construídas na década de 1980. “Os primeiros foram o edifício Juçara I e II, que ficam ali em frente onde era a Broadway (danceteria), na rua Hermes da Fonseca. Depois o La Ville, Gran Ville, Quinta Avenida, Mirantes do Rio, Centro Empresarial, todos com elevador. Depois ainda foram construídos o Sunset Boulevard e os Cinco Estrelas, sem elevador”, enumera.

Ademar Mariano conta que o mercado imobiliário em Imperatriz foi afetado pela crise econômica instalada no país com insucesso dos planos econômicos dos governos de Sarney e Collor. Mais localmente a interrupção da extração do ouro em Serra Pelada e transferência das madeireiras instaladas na região que tinham Imperatriz como ponto de apoio. “As famílias desses trabalhadores moravam aqui, dessa maneira o dinheiro que eles ganhavam lá era mandado para a cidade, movimentando a economia local.”, explica.

A região dos Três Poderes e Maranhão Novo concentra o maior número de construções
Esses fatores provocaram um hiato de 15 anos sem construções verticais em Imperatriz. A retomada aconteceu nos anos 2000. Nos primeiros anos do novo milênio o mercado teve um superaquecimento, provocando uma explosão de empreendimentos para atender a demanda reprimenda do período sem construções.

Mariano afirma que se temia que esse processo resultasse em uma “bolha” imobiliária, semelhante à que levou à quebra do setor de imóveis nos Estados Unidos em 2007. “Esse processo está estabilizado. Não chegaremos a uma quebra do mercado. A princípio, houve esse atendimento em razão da demanda reprimida, o que se chama de bolha, que é uma demanda de consumo muito grande fora da normalidade, e hoje, apesar da economia ter retraído um pouco, nós estamos com um mercado equilibrado, sem aquela euforia, sem aquela demanda desenfreada”, analisa.

Perfil das edificações
As construções verticais em Imperatriz seguem uma tendência de empreendimentos com alto padrão que unem o conforto e a segurança presentes em condomínios fechados e as opções de lazer de um clube, como espaço para prática de exercícios física e várias opções de áreas de vivência. A construtora Aracati Construções, com 32 anos de mercado, lançou recentemente projeto que, de acordo com a construtora, sintetiza esse conceito: o Maximus Club Residence, pensado para agregar moradia, lazer e bem-estar, tudo em um só espaço.

A segurança é um dos principais atrativos neste tipo de moradia. Sandro Marcos Lemos mudou-se para cidade há cinco anos e escolheu o apartamento como forma de moradia. O executivo da distribuidora de energia do Maranhão admite que as opções de lazer e relaxamento também pesaram na sua decisão. “Tivemos outras motivações, tais como: academia, piscina, quadras, com custo dividido entre 48 moradores, ou seja, com custo compartilhado”, justifica.

Por outro lado, as construtoras também aproveitam a ascensão da classe C. A facilidades no financiamento possibilitado pelo projeto “Minha casa, Minha vida” tem contribuído para o aumento do número de empreendimentos. Segundo o consultor imobiliário, Goldman Arouche, é muito simples fazer um financiamento: “com todos os documentos em mãos, não existe dificuldade. Quando a pessoa procura uma consultoria, o atendimento é facilitado”.

Uma das áreas mais promissoras para encontrar imóveis desse perfil, fica nas proximidades da Avenida Newton Belo. A diversidade de anúncios e propostas presentes na redondeza dessa localidade dá uma ideia disso. A região dos bairros Três Poderes e Maranhão Novo, por sua vez, é reduto dos empreendimentos de alto padrão, que prometem a união entre sofisticação, lazer e segurança como conceito.

Ademar Mariano, explica que construções verticais estão espalhadas por toda a cidade. O empresário cita projetos em estudo e andamento em várias regiões da cidade, como o bairro Vila Nova, próximo ao Freitas Park, no bairro Santa Inês, no Centro e entre outros. “Não há uma determinação, uma concentração de edificações verticais na cidade, elas acontecem baseadas na vontade do empreendedor, objetivando a sua pesquisa, quer dizer, onde melhor pode atender aquele produto que ele oferecerá”. Segundo o consultor, este será um processo contínuo devido ao desenvolvimento de Imperatriz.
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