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Alemão: chefes do Comando Vermelho enfrentam crise financeira

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Aliados do CV deixam de repassar 5% do faturamento com a venda de drogas

Passados dez dias da ocupação do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, a maior facção criminosa do Estado, que já estava desarticulada e endividada, começa a sentir outros efeitos da perda de seu ‘quartel-general’.

A“caixinha", uma espécie de imposto pago pelas favelas dominadas pela organização, que serve para financiar invasões, resgate de comparsas, repor armas e drogas apreendidas, entre outras atividades, está praticamente zerada.

De acordo com informações obtidas por órgãos de inteligência ligados à secretaria de Segurança Pública, como grande parte da droga apreendida no Alemão pertencia a outras favelas da facção e já estava paga, o tráfico de muitas comunidades está sem dinheiro para colaborar com a “caixinha”.

Endividados, os criminosos precisariam pagar as dívidas com seus fornecedores, comprar mais drogas e, somente após ter lucro novamente, poderiam pagar o imposto do crime, em média 5% do faturamento com a venda de drogas, o que rende à quadrilha cerca de R$ 2 milhões por mês, segundo fontes da polícia civil.

Outro problema enfrentado pela facção é a desarticulação do grupo e a falta de confiança de seus integrantes, como explica um agente ouvido pelo R7.

- Muitos não querem contribuir porque não sabem a quem entregar o dinheiro e de que maneira vão fazer isso, já que alguns dos homens que faziam o transporte da grana foram presos na ocupação ou estão escondidos em outras regiões. Outro problema é o local para onde esse montante será levado. Com a perda do Alemão, não há mais território instransponível.

A “caixinha” era administrada pelo traficante Polegar, chefe do tráfico do morro da Mangueira, um dos mais procurados pela polícia, principalmente após escapar do cerco ao Alemão. Investigadores têm informações de que a responsabilidade pela administração do dinheiro passou para Macarrão, líder da favela de Antares, em Santa Cruz, na zona oeste.

- Essa é outra situação delicada, porque o Marcinho VP (líder do grupo, transferido do presídio de Catanduvas, no Paraná, para Porto Velho, em Rondônia) está incomunicável. Então, muitos líderes do grupo estão questionando quem deu a ordem para entregar o dinheiro ao Macarrão. Eles estão sem referência.

Entre as atividades financiadas pela “caixinha”, está o sustento das famílias de criminosos presos. Com a atual situação da facção, algumas famílias já estariam passando por dificuldades finaceiras.

A polícia acredita que cerca de R$ 15 milhões, referente ao que foi arrecadado pela “caixinha”, tenham ficado enterrados no Alemão.

Uma resposta do Estado
A operação no Complexo do Alemão faz parte da reação da polícia à onda de violência que tomou conta do Rio de Janeiro na última semana, quando dezenas de carros foram incendiados em vários pontos do Rio de Janeiro e houve ataques a policiais.

A ação dos criminosos foi vista pelo governo estadual como uma resposta às UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) instaladas nos dois últimos anos em comunidades antes dominadas pelo tráfico.

Para conter os ataques, a polícia, com apoio das Forças Armadas, realizou uma grande ofensiva na última quinta-feira (25) na Vila Cruzeiro, forçando a fuga de centenas de traficantes para o vizinho Complexo do Alemão, onde foram cercados nos dois dias seguintes.

Fonte: Portal R7
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