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A nova dialética de Berenice Gomes do PT

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Frederico Luiz

Para rebater o secretário de organização nacional do PCdoB, Walter Sorrentino, que escreveu sobre a incoerência do Partido dos Trabalhadores do Maranhão em sustentar a oligarquia Sarney, a professora universitária Berenice Gomes, do diretório nacional do PT  foi ao Brasil 247 e argumentou com um título pomposo: "O PT do Maranhão e sua dialética política". Depois de ler e reler, pus-me a perguntar onde a professora aprendeu dialética.

Berenice Gomes
O prestígio da professora Benenice se resume ao Brasil 247. Blogueiros progressistas e do PT, unânimes,
condenaram as propriedades cruzadas de Sarney e Lobão e ainda gravaram depoimento sobre o monopólio
No marxismo, nem pensar. A primeira lei versa sobre unidade dos contrários. A professora confundiu que por defender os trabalhadores teria de se aliar necessariamente à reação? Não... A segunda lei afirma que da quantidade se extrai qualidade. A bibliotecária raciocina que das 3,2 milhões de pessoas que dependem do Bolsa Família no Maranhão se extrai um tigre asiático como pensou Roseana Sarney, um dia? Não... A terceira é a negação da negação. A dirigente petista raciocina que o PT nasceu do velho para negar o novo em vez do velho? Não...

Outra dialética é possível. Poderia ser a hegeliana, mecanicista, onde Berenice Gomes sorveu o conceito. Porém, neste caso, ela teria de condenar por excelência seus colegas do Acre que deram palanque para o PSDB de Alckmin e Serra durante esses anos todos, com o aval da direção nacional do PT, o objetivo foi eleger os governadores petistas.

Então, qual outra dialética seria? Poderia ser a platônica ou aristotélica da antiguidade. Porém, veja como o próprio Aristóteles a define: "Provável é o que parece aceitável a todos, ou à maioria, ou aos mais conhecidos e ilustres". Como o pré-candidato do Partido do Maranhão [PCdoB-PDT-PP-PTC-Pros e Dissidentes do PT (Dilma), PSB-Rede-PPS (Eduardo) e PSDB-SDD (Aécio)] é o líder disparado das pesquisas, provável vencedor e ganha em todas as classes sociais, incluindo as mais ilustres, então a fonte da professora é outra.

Pus-me a cavucar nos ditos 'pós-modernistas', estes são muitos. Desde Antônio Gramci e a Escola de Frankfurt eles não param de crescer. Tem deles que até se auto-intitula marxista. Todos eles, no entanto, concordam que "a reversão desse quadro (de miséria) dar-se-á por meio de investimentos em educação e cultura, em especial por parte dos países ora em desenvolvimento", como disseram Eurípedes Falcão Vieira e Marcelo Milano Falcão Vieira em 'A dialética da pós-modernidade: a sociedade em transformação'. Nossa, Roseana Sarney governou 14 dos últimos 20 anos e o estado tem 1,2 milhões de analfabetos e os investimentos em cultura são pífios. Também não pode ser por aí.

Então, em vez de usar a dialética para justificar a vergonhosa aliança do PT com a oligarquia, a professora bem que poderia usar outro nome: casuísmo. Porque se a explicação não puder ser explicada, aí já não é mais dialética, é metafísica.

Em vez de lançar pedras sobre o PCdoB que um dia se aliou ao esquema, corrigiu a rota política e hoje lidera o processo de libertação, a dirigente petista podia fazer que nem Washington Luís, o ex-vice-governador do Maranhão que jamais procurou na filosofia a explicação para a estranha aliança além de que estava seguindo uma instância máxima de seu partido. A tigela do atual conselheiro do TCE ficou quebradiça, mas por inteira em vez da metade.

Ou então, somos todos tolos. Nem a dialética da antiguidade, nem Hegel e tampouco Marx ou os pós-modernistas. Vem aí, o Berenecismo: o papa não está mais só. Ele e a direção nacional do PT são os infalíveis do planeta.
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