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Oficial torturou e matou ex-deputado Rubens Paiva

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O Tempo

Brasília, DF. Comissão Nacional da Verdade (CNV) afirmou nesta quinta que o assassino do ex-deputado Rubens Paiva foi o então tenente Antônio Fernando Hughes de Carvalho. Em depoimento à comissão nesta semana no Rio, o coronel da reserva Armando Avólio Filho, ex-integrante do Pelotão de Investigações Criminais da Polícia do Exército (PIC-PE), revelou ter visto, por uma porta entreaberta, em janeiro de 1971, Hughes de Carvalho pulando sobre o corpo do preso político.

Por um compromisso assumido com o depoente, a comissão não revelou a sua identidade durante coletiva de imprensa nesta quinta, citando-o apenas como “agente Y”.

Hughes, também já falecido, era um oficial egresso do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR). Foi descrito no depoimento de Avólio como um “militar loiro”. Documentos obtidos no banco de dados digital do projeto Brasil Nunca Mais confirmam que Hughes participava de ações da repressão contra a esquerda armada atuando em parceria com militares do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa).

Paiva foi preso em casa, no Leblon, dia 20 de janeiro de 1971, por uma equipe do Cisa, e desde então é considerado desaparecido. A data, segundo o depoimento, coincide com a cena do espancamento.

Avólio, que também era tenente, disse que, logo após testemunhá-la, chamou seu chefe imediato, o então major Ronald José Baptista de Leão, e levou o caso ao comandante do DOI, o também major José Antônio Nogueira Belham, e ao comandante da Polícia do Exército, coronel Ney Fernandes Antunes. Em carta à Comissão, Leão confirmou o episódio. No início deste ano, Leão faleceu.

Pacificador

Medalha. Por participar de ações contra a esquerda armada, Hughes ganhou em 1971 a Medalha do Pacificador. Posteriormente, os militares agraciados foram acusados de tortura.
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