-->

Vídeos: Desembargador Dilermando Mota ameaça empresário "cabra safado" com prisão

Publicidade
Dilermando MottaAlexandre Azevedo

Thaisa Galvão e Marcos Dantas

Natal, RN. O café da manhã deste domingo na padaria Mercatto foi movimentado. Segundo informação da própria padaria, o desembargador Dilermando Motta teria tratado mal um garçom e um cliente (empresário Alexandre Azevedo, 44 anos) que não teria gostado do que vira, reagiu, travando uma briga entre os dois. O cliente gritou em defesa do garçom, afirmando que o desembargador havia humilhado o funcionário da padaria.

Motta reagiu à reação do rapaz, e como é evangélico, disse que ele estava endiabrado. Grito vai, grito vem, o desembargador deu voz de prisão ao cliente da Mercatto e telefonou para o comando da Polícia Militar que mandou uma equipe. Outros clientes presentes não deixaram a polícia levar o rapaz e outras equipes foram chamadas. Ao todo foram 4 viaturas da PM.

O Outro Lado

Ao Blog, o desembargador Dilermando, que ainda este ano assumirá a presidência do Tribunal Regional Eleitoral, em tempo de presidir as eleições de outubro, disse que o caso tomou grandes proporções nas redes sociais, mas que ele irá procurar os canais competentes. “Eu sou um servo de Deus, tenho 61 anos, sou honrado. Não sou julgador de mim mesmo, sou parte. Então quem vai falar sobre isso são os profissionais competentes”, declarou Dilermando Motta.

“Eu vou completar 34 anos de magistratura e Deus tem me abençoado. Eu vivo da graça de Deus e do meu salário. Quando tenho qualquer dificuldade eu recorro ao Mestre, ao Senhor. É aos pés de Deus que eu recorro quando tenho qualquer dificuldade de ordem pessoal, familiar ou profissional”, relatou o desembargador afirmando que usará de ‘cautela’ insinuando que há pessoas interessadas em tirá-lo do foco de sua atuação. “Tenho que ter chidado para não navegar na maionese, mesmo quando eventualmente estiver errado. Um magistrado sempre tem inimigos anônimos. E o meu refúgio é os pés do Senhor”, disse o desembargador.

O jornalista mossoroense Cezar Alves postou em seu youtube, dois vídeos que mostram a confusão:

Notas do editor da Aldeia: i) O desembargador Dilermano Motta tenta um escudo que é desapropriado: o de evangélico. Como se pastores ensinassem a reagir com "cabra safado" às agressões verbais recebidas por usas ovelhas... ii) Mais abaixo, notas oficiais do empresário, do desembargador e da padaria. Faltou a palavra do garçom...



Cezar Alves, Youtube

O desembargador Dilermando Motta tomava café na Padaria Mercatto, no Cruzamento das Avenidas Nascimento de Castro com Romualdo Galvão, em Natal, quando teria tratado o garçon com certa rispidez.

O garçon, por sua vez, respondeu. Começou o barraco. O desembargador chamou a PM para prender o garçon por desacato. Os outros saíram em defesa do garçon.

Teve manzada na mesa!

A confusão foi generalizada, sendo preciso quatro viaturas da PM para poder conter os ânimos.



Segunda parte do video gravado do barraco armado na Padaria Mercatto, em Natal, na manhã deste domingo. O empresário Alexandre Azevedo, em Nota, disse que não suportou ver o desembargador Dilermando Motta humilhar o garçom da padaria e reagiu.

Nota do empresário Alexandre Azevedo:

"A respeito do incidente na Padaria Mercatto, envolvendo o Des. Dilermano Mota, ocorrido no último domingo (29/12/2013), venho a público externar a minha versão, objetivando esclarecer os fatos.

Por volta das 10 hs, estávamos, eu e minha esposa, lanchando na Padaria quando presenciamos um senhor, que até então não sabia de quem se tratava, levantar-se bruscamente de sua mesa e ir de encontro ao garçom que acabara de servi-lo. Este senhor, aos gritos, no meio do salão, dizia ao garçom que este não o havia atendido direito, deixando de colocar gelo em seu copo, e gritava pelo gerente, exigindo que o punisse naquele momento, e ele queria presenciar. Não satisfeito com esse escândalo, este senhor puxou o garçom pelo ombro e exigiu que lhe olhasse nos olhos e o tratasse como Excelência, e disse que deveria “quebrar o copo em sua cara”. Tal fato foi testemunhado por dezenas de pessoas que ali se encontravam.

Presenciando aquela agressão injustificada, eu me levantei e intervi, dizendo ao senhor que ele não poderia fazer aquilo; não poderia humilhar alguém que estava ali para servir. Nesse momento, o senhor se voltou contra mim, chamando-me de “cabra safado”, “endiabrado”, “endemoniado”, que “merecia ser preso”, chegando, inclusive, a pegar uma cadeira e dizer que iria “quebrar minha cara”, tendo sido contido por várias pessoas. Eu repudiei a conduta deste senhor veementemente, perguntando quem ele pensava que era e se não tinha vergonha de ofender seus semelhantes daquela forma.

O Desembargador Dilermano Mota, identificando-se como tal, acionou a Polícia Militar, que deslocou imediatamente quatro viaturas para atender o chamado, tendo, o oficial que atendeu a ocorrência, depois de sondar as dezenas de pessoas que se aglomeravam no salão da Padaria, identificado a inexistência de qualquer crime cometido por mim. Em razão dos policiais não terem me prendido, o desembargador, aos gritos, adjetivou-os de “um bando de cagão”.

Devo deixar claro que não conhecia o Desembargador, tampouco o garçom. A minha atitude de revolta e indignação ao presenciar uma profunda injustiça foi a de um cidadão consciente, como todos devem ser. E teria a mesma reação, ainda que não se tratasse de um magistrado. Quem quer respeito, se dá o respeito. Finalizo citando Darcy Ribeiro quando dizia “só há duas opções nesta vida: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca".

Nota do desembargador Dilermando Motta:

"Em respeito à opinião pública, venho esclarecer o que de fato aconteceu nas dependências da padaria Mercatto, em data de ontem (29), que ocasionou uma série de comentários nas redes sociais, alguns desmedidos e distanciados da realidade.

A verdade é que, um simples e moderado pedido de esclarecimentos de um cliente a um garçom, que já havia sido solucionado, gerou uma reação de um terceiro com ameaças, gritos e total desrespeito ao público presente.

Não houve abuso de autoridade como o propagado, mas somente uma atitude de defesa pessoal e da família presente, inclusive uma filha menor de dois anos de idade.
Sem nenhum propósito revanchista, as medidas judiciais cabíveis serão adotadas".

Nota da padaria Mercatto:

“Construir uma marca é como cultivar um jardim. Um trabalho diário de dedicação e cuidado, tudo isso para conquistar quem estiver passando por perto.Tudo isso para atrair olhares, provocar emoções e sabores que despertam aquela vontade de ficar um pouquinho mais.

Uma marca é feita pela suas pessoas, pelos seus profissionais, por uma equipe que zela pelo seu maior patrimônio, seus clientes.

Com isso, a Padaria Mercatto só tem a lamentar o episódio que aconteceu nesse domingo nas suas instalações e que acabou ganhando ampla repercussão nas mídias sociais. A Mercatto está oferecendo todo o suporte necessário ao funcionário envolvido no episódio e, caso haja necessidade, se coloca à disposição das autoridades para qualquer tipo de esclarecimento.

A Padaria Mercatto, que se caracteriza pela qualidade dos seus produtos e atendimento, esclarece ainda que adota sempre como princípio norteador na prestação de serviços a cordialidade no trato com todos os seus públicos, sejam eles clientes, empregados e fornecedores".
Advertisemen