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A ação da nicotina do cigarro no cérebro

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HSW

O cérebro é o protagonista na ação da nicotina. Como um computador, o cérebro processa, armazena e utiliza informações. Em um computador, as informações viajam na forma de eletricidade, correndo através de fios. As informações são transferidas em um processo binário, com chaves de "ligado" ou "desligado". No cérebro, os neurônios são as células que transferem e integram as informações. Cada neurônio recebe milhares de entradas vindas de outros neurônios pelo cérebro. Cada um desses sinais está incluso na decisão que o neurônio toma de passar ou não o sinal recebido para outros neurônios.

Nicotina
Uma sinapse é o local em que dois neurônios estão em contato.
O neurônio pré-sináptico libera um neurotransmissor,
que se liga a receptores na célula pós-sináptica.
Isso permite que sinais sejam transmitidos de
neurônio a neurônio através do cérebro.
Enquanto os sinais são conduzidos através dos neurônios individuais na forma de corrente elétrica, a comunicação entre os neurônios é mediada por mensageiros químicos, chamados de neurotransmissores. Os neurotransmissores cruzam o espaço físico entre dois neurônios e se ligam a receptores protéicos específicos na célula pós-sináptica. Após se ligarem, esses receptores colocam em movimento alterações fisiológicas dentro do neurônio, que permitem que ele envie o sinal para o próximo neurônio.

Cada neurotransmissor tem sua própria família específica de receptores. A nicotina age ancorando-se em um subconjunto de receptores, que se associam ao neurotransmissor acetilcolina. A acetilcolina é o neurotransmissor que, dependendo da região do cérebro em que o neurônio está localizado:
  • Transmite sinais do cérebro para os músculos
  • Controla funções básicas como o nível de energia, a batida do coração e a respiração
  • Atua como um "policial de trânsito", supervisionando o fluxo de informações no cérebro
  • Desempenha um importante papel no aprendizado e na memória
Nicotina
Acetilcolina de um neurônio se liga a receptores nos adjacentes
Assim como a acetilcolina, a nicotina conduz uma explosão na atividade dos receptores. Contudo, ao contrário da acetilcolina, a nicotina não é regulada pelo corpo. Enquanto os neurônios normalmente liberam pequenas quantidades de acetilcolina de maneira controlada, a nicotina ativa os neurônios colinérgicos que usam principalmente acetilcolina para se comunicar com outros neurônios, em várias regiões diferentes de seu cérebro de forma simultânea. Esse estímulo cria:

  • Liberação elevada de acetilcolina dos neurônios, levando a um aumento de atividade na trilha de reações colinérgicas através do seu cérebro. Essa atividade colinérgica manda seu corpo e seu cérebro entrarem em ação, e este é o sinal de alerta que muitos fumantes usam para se reenergizar durante o dia. Através dessas reações químicas, a nicotina melhora o seu tempo de reação e a sua habilidade de se concentrar, fazendo com que sinta que pode trabalhar melhor.
  • O estímulo dos neurônios colinérgicos promove a liberação do neurotransmissor dopamina nos mecanismos de recompensa do seu cérebro. Este circuito neural supostamente reforça comportamentos que são essenciais para sua sobrevivência, como comer quando está com fome. Estimular neurônios nessas áreas do cérebro traz sensações agradáveis e de felicidade que encorajam você a repetir aquelas ações. Quando drogas como a cocaína ou a nicotina ativam os mecanismos de recompensa, o seu desejo de usá-las é reforçado pelo fato de você se sentir calmo e feliz após o uso.
  • Liberação de glutamato, um neurotransmissor envolvido no aprendizado e na memória. O glutamato aprimora as conexões entre grupos de neurônios. Essas conexões mais fortes podem ser a base física do que conhecemos como memória. Ao usar nicotina, o glutamato pode criar uma alça de memória das sensações boas que você teve e aumentar ainda mais o desejo de usar nicotina.
A nicotina também aumenta o nível de outros neurotransmissores e compostos químicos que modulam a maneira de trabalhar do seu cérebro. Por exemplo, o seu cérebro produz mais endorfinas como resposta à nicotina. As endorfinas são pequenas proteínas que são comumente chamadas de analgésicos naturais do corpo. Acontece que a estrutura química das endorfinas é muito semelhante à estrutura de analgésicos sintéticos potentes como a morfina. As endorfinas também podem levar a sensações de euforia. Se você conhece o "barato" que corredores sentem durante uma corrida forte, você já experimentou o "barato da endorfina." Essa liberação de compostos químicos lhe dá uma vantagem mental para terminar a corrida e, ao mesmo tempo, mascara as dores incômodas que você pode estar sentindo.
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