-->

Sábado em Chamas: Luiz Pedro revela acordo Jackson-Roseana em 2000

Publicidade
Redação

Direto da Aldeia é um antigo parceiro do Blog do Robert Lobato. Desde quando a Aldeia era o Blog do Frederico Luiz.

Luiz Pedro (E) retornou ao PCdoB
Nosso leitor assíduo sabe que de quando em vez estamos republicando postagens daquele blogue. Lá, a sexta-feira é quente. Aqui, o sábado está em chamas com mais esta reprodução.

Ontem, Robert Lobato entrevistou o ex-deputado estadual do Maranhão, Luiz Pedro. E como sempre, arrancou inconfidências sobre a política local. Confira:

“Sexta-feira Quente” com Luis Pedro


Robert Lobato

O convidado da coluna “Sexta-Feira Quente” de hoje é ex-deputado estadual Luis Pedro.

Ativista de longas datas dos movimentos e organizações de esquerda, Luis Pedro atendeu ao convite do Blog do Robert Lobato e conversou sobre a sua sua juventude no seu estado natal, Ceará; militância política no movimento estudantil nos tempos da ditadura militar; os mandatos de deputados (foram dois); rompimento de Jackson Lago com Conceição Andrade; aliança Jackson/Roseana; ascensão e queda de Jackson Lago; governo Roseana; governo Edivaldo Júnior; eleições 2014 etc.

Com um pouco de atraso, cuja culpa e só do blogueiro, apresentamos o jornalista Luis Pedro na nossa “Sexta-feira Quente”. veja:

“Avalio atualmente que nas eleições de 2010 já era para nós termos apoiado a candidatura de Flávio Dino”

Juventude subversiva

Iniciei a minha militância política no movimento estudantil na Central dos Estudantes Secundarista do Ceará (CESC), na mesma época em que conheci o companheiro Washington Luiz [vice-governador do Maranhão] e Alzira, hoje sua esposa. Era a época do chamado “tempos de chumbo” da ditadura militar. Cheguei a ser perseguido pela polícia por conta de um jornal que criei chamado “O Mará”, em homenagem a uma cachaça feita no interior do Ceará. As autoridades policiais entenderam que o jornal era “subversivo”, tanto que fui expulso da escola, saí de casa e vim parar no Maranhão.

Experiência no O Imparcial

Meu encontro com a profissão de jornalista se deu por conta da oportunidade que tive de trabalhar no jornal O Imparcial. Soube que estavam selecionando pessoas e me candidatei a uma vaga. Fiz um teste sob coordenação do Raimundo Melo [trata-se do saudoso professor Melo, falecido em 2011], passei e fui enviado para fazer minha primeira matéria na Ufma, que foi sobre a antiga Copeve (Comissão Permanente de Vestibular. Depois fiz várias matérias sobre conflito agrário no interior, pistolagem entre outras ações de violência no campo. A partir do meu trabalho n’O Imparcial me credenciei para trabalhar em veículos da imprensa nacional, tais como Folha de São Paulo, Estadão e Veja.

As primeiras campanhas

Em 1978 conheci o doutor Jackson Lago e ele me convidou para dirigir um jornal chamado “O Rumo”, que ajudou na propaganda da sua campanha para deputado. Também fui candidato na cara e na coragem – talvez o único que ia para os comícios de ônibus. Mas valeu a pena, pois pouco anos mais tarde viria me eleger deputado estadual pela primeira.

Filiação ao PDT

Em 1992, entro no PDT após anos filiado no PCdoB. Foi logo após a reabertura democrática quando os comunista se dividiram em relação ao apoio à Aliança Democrática. Passei a me relacionar diretamente com o Jackson e demais companheiros como Reginaldo Teles, Mauro Bezerra, Rosa Mochel etc.

Ilha Rebelde

São Luis continua sendo uma cidade de resistência. De uma forma ou de outra a “Ilha Rebelde” se mantém firme com a tradição de não dar chances ao sistema oligárquico. Dos três principais grupos políticos que disputam a cidade, ou seja, o grupo Sarney, a oposição conservadora e a oposição de esquerda, sempre estes dois últimos têm vencido as eleições em São Luis, o que mostra que a nossa capital não sucumbiu às enganações da oligarquia.

Rompimento Jackson/Conceição

Conceição Andrade foi indicada candidata sem o apoio do maioria do PDT. Ela foi fruto de uma daquelas teimosias do Jackson Lago, pois o candidato de um número expressivo de pedetistas era outro, era o Magno Bacelar. É um equívoco dizer que o rompimento do PDT com o PSB naquela época tenha sido porque o nosso partido queria tomar conta da administração Conceição. Na verdade, o PSB não tinha quadros e o PDT já vinha de uma experiência anterior com Jackson Lago, que fez uma excelente administração tanto que elegeria qualquer candidato naquela conjuntura.

Acordo Jackson/Roseana em 2000

Aquele episódio foi interessante. O grupo Sarney estava tão desgastado em São Luis que não tinha sequer candidato a prefeito para apresentar. Então se aproximaram do PDT e do Jackson e fizemos aquela aliança. Só que eles impuseram a indicação do vice, aí surgiu o nome do então vereador Tadeu Palácio, que nem seria reeleito vereador naquele ano, mas acabou sendo eleito vice-prefeito da cidade. A governadora havia vetado o nome do Aziz [trata-se de Aziz Santos, ex-chefe da Seplan no governo Jackson], que não tinha a minha simpatia também e de outros companheiros, nós queríamos o deputado Julião Amin como vice. Aí em 2002, o Jackson deixou a prefeitura para disputar o governo do estado numa decisão politicamente acertada, mesmo que depois fôssemos traídos. Mas, sem 2002, não existiria 2006. . O fato é que a história mostrou que Roseana estava certa ao ter vetado o Aziz e indicar o Tadeu Palácio, tanto que ele até pouco dia era secretário da governadora, enquanto Aziz foi deposto junto com Jackson.

O Governo Jackson Lago

Composição – Mais do que nunca, hoje sei que a vitória de Jackson Lado em 2006 representou a chegada da oposição ao governo, mas não ao poder. As fragilidades eram muitas e o nosso adversário poderoso demais. Logo de início tivemos complicações na composição do governo fruto da aliança que fizemos e depois pela outras forças que nos apoiarem no segundo turno. Não conseguimos fazer um governo trabalhista que favorecesse avanços em área estratégicas para mudarmos o Maranhão. O resultado foi um governo sem um corte político e ideológico bem definido.

Avanços – Mas, ainda assim, conseguimos avanços impostantes e cito a criação do Fóruns Regionais, uma experiência rica de cidadania, discussão e proposição de temas importantes para o desenvolvimento do estado. Cito ainda o projeto dos diques da baixada, um empreendimento socioeconômico fantástico que se tivesse sido implantado dentro do que foi concebido pelo governo Jackson traria uma outra realidade para toda a baixada maranhense. E ainda o hospitais regionais, uma proposta factual, viável e não esse engodo dos tais “72 hospitais” proposto nas eleições 2010 pela candidata Roseana Sarney Murad.

Erros – O governo começou ficar ruim com a falta de habilidade na condução/negociação da greve do professores e dos policiais. Ali foi um momento muito traumático para o governo, onde erros após erros políticos foram cometidos. Se por um lado o Aziz acertava na gestão a frente do Planejamento, quando passava para a política deixava a desejar, e às vezes até atrapalhava. Acho que a atuação dele e do Aderson Lado [então chede da Casa Civil] foi muito ruim naquele momento. Outro setor que enfraqueceu o nosso governo foi a Comunicação. Na verdade acabamos financiando os donos dos veículos de comunicação que queriam nos matar.

Eleição de 2010

Tenho a opinião que não fizemos uma avaliação correta do ‘pós-cassação’ do governador Jackson Lago. Não levamos em conta que fomos todos derrotados. Fomos levados mais pela emoção do que com a razão necessária para enfrentar a oligarquia. Avalio atualmente que nas eleições de 2010 já era para nós termos apoiado a candidatura de Flávio Dino, que já estava expressando o sentimento antioligarquia num espécie de transição de geração. Vamos consertar isso em 2014.

Governo Roseana

Roseana prometeu fazer o melhor governo da vida dela, mas o que vemos talvez seja o pior de todos. Pode ser um governo bom pra ela, mas não é para o povo. Em todas as áreas os resultados são pífios, parece que o governo nunca começou ou se começou não apresenta resultados algum, sem falar que parece que a gente vive num estado sem lei.. Muito ruim esse “melhor governo da minha vida”.

Governo Edivaldo Júnior

Temos que levar em consideração que o prefeito Edivaldo Júnior assumiu a prefeitura em situação de terra arrasada. Ainda é cedo para cobrar todos os compromissos de campanha assumidos pelo Edivaldo, mas claro que chegará o momento que o trabalho começará aparecer. Tenho dito que a melhor maneira de Edivaldo Júnior ajudar o seu candidato a governador, que é o Flávio Dino, é fazer uma boa gestão para a cidade de São Luis. Avalio que ele conseguirá fazer isso.

Eleições 2014 e projeto político

Estou convencido que Flávio Dino está preparado para governar o Maranhão. Não se trata de um neófito, pelo contrário. Flávio nasceu e foi criando em ambiente político, seus familiares foram políticos a exemplo do seu pai que foi prefeito e deputado. Ele tem a virtude de ouvir as pessoas e isso é muito bom, mas precisa ouvir mais, sair dos cercos que às vezes atrapalha a ampliação de interlocutores. Em relação ao meu projeto político, sou candidato a deputado estadual pelo PCdoB, o partido das minhas convicções e que expressa tudo acredito. Foi duas vezes deputado em momentos totalmente diferentes. Acho que fiz um bom mandato entre 83/87, mas avalio que o segundo deixou a desejar. Tenho uma dívida como o povo do Maranhão por conta do meu segundo mandato, e quero pedir ao povo a oportunidade de pagar essa dívida a partir de 2015.
Advertisemen