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Factóide da Folha se desmancha com 30min de pesquisa no Google

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Fernando Brito, Tijolaço

A Folha, este exemplo de jornalismo, mancheteou que as prefeituras estão trocando seus médicos pelos do “Mais Médicos” para fazer economia.

Mentira, como se mostrou aqui, porque o contrato assinado com as prefeituras já proibia isso.

E isso era público e a Folha sabia.

Agora, publica que o Ministério irá punir a prefeitura que fizer isso.

Como saberia antes, se fosse perguntar ou olhar o termo de compromisso assinado pelas prefeituras há um mês.

Mas é pior a armação.

Uma das matérias retrata a Doutora Junice Maria Moreira, que estaria sendo demitida de Sapeaçu, a entrevista e diz que ela dá plantão em outras clínicas da região.

Bastaria perguntar quais, e com que carga horária.


Como não perguntou, a gente foi olhar no cadastro do SUS.

A Dra. Junice é um prodígio.

Ela trabalha 128 horas por semana, ou 18 horas e 20 minutos por dia.


Sem contar o deslocamento ao longo dos 442 km que separam sua casa, em Cruz das Almas, de Sapeaçu, Governador Mangabeiras, Jiquiriçá e Ubaíra, seus quatro locais de trabalho, todos por contrato (sem concurso) e pelo SUS.

mapajuniceConsta um pedido de desligamento para o posto de saúde de Queimadas, em Governador Mangabeira, onde seu contrato terminava em 1o. de agosto. Pode ou não ter sido prorrogado, mas ela “exerceu” as quatro atividades durante anos.

Dra. Junice não é apenas médica, é mágica.


O outro caso, apontado pelo O Globo, é o de Luccas Salvador Salomão, é meio esquisito. Luccas, apresentado como médico militar voluntário é, na verdade, aspirante a oficial médico do Exército, ou se identifica como tal em em sua página do Facebook. Não posso afirmar que o mesmo se dá em relação aos aspirantes, mas a autorização legislativa para médico militar trabalhar também no SUS ainda não foi aprovada pela Câmara, apenas pelo Senado. Não basta que os superiores autorizem, ainda é ilegal.

Claro que pode haver um prefeito no interior que queira dar uma de esperto fazendo isso. Mas também pode e há médico que, ao ser demitido por qualquer outra razão, inclusive a de faltar ao trabalho, e botar a culpa nos “cubanos”.

Publicar que isso está acontecendo sem checar é deixar que mentiras contaminem um programa de interesse da sociedade.

E é mau, péssimo jornalismo, que não resiste a dez minutos de Google.
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