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Napolitano encarregou Bersani de formar governo

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Púbico PT

Lisboa, Portugal - Quase um mês depois das eleições, mas ainda dentro dos prazos institucionais previstos, o Presidente italiano, Giorgio Napolitano, encarregou esta sexta-feira o chefe do centro-esquerda de formar Governo.

“Dei a [Pier Luigi] Bersani a tarefa de verificar a possibilidade de ter a confiança no Parlamento”, afirmou o chefe de Estado. “Começa hoje uma fase decisiva para dar à Itália um novo Governo”, disse ainda, depois de terminado o curto encontro com o líder do Partido Democrático. “A responsabilidade que estou a dar constitui o primeiro passo de um caminho que deverá conduzir o mais depressa possível à obtenção do objectivo.”

Napolitano é um Presidente em fim de mandato – sai de cena a 15 de Maio. Um mês antes, a 15 de Abril, têm de começar nas duas câmaras do Parlamento as votações para eleger o seu sucessor. É essa a data-objectivo: a Itália que saiu das urnas bloqueada precisa de um Governo até dia 15 de Abril, para esse bloqueio não se tornar numa verdadeira crise institucional.

Mas nada está garantido. Bersani, com maioria na Câmara dos Deputados mas não no Senado, quer o apoio dos eleitos do Movimento 5 Estrelas. Beppe Grillo, líder do movimento antipartidos, que foi o mais votado nas legislativas (o PD concorre coligado a outros grupos de esquerda e de centro), pediu a Napolitano para ser ele a tentar formar Governo. Silvio Berlusconi, o ainda líder do Povo da Liberdade (PdL) e chefe da coligação de direita, que foi o segundo bloco mais votado em Fevereiro, insiste que, sem Grillo, Bersani tem de falar com ele – e Bersani sabe que perde quase tudo se o fizer.

Esta tarde, Napolitano convidou todos os líderes políticos a enfrentarem os “problemas que é preciso enfrentar para fazer nascer um executivo e garantir uma normal e plena actividade legislativa”. “Precisamos de um Governo para um início normal da fase legislativa”, pediu, recordando que “a estabilidade institucional é tão importante quanto a financeira”.

Enquanto não há novo executivo, quem governa é Mario Monti, o homem a quem Napolitano deu o poder em Novembro de 2011, sem perguntar nada aos italianos, e que tão enfraquecido saiu das urnas, onde o seu movimento centrista não passou dos 10%.

Bersani já ganhou um round importante, ao conseguir fazer eleger Laura Boldrini e Pietro Grasso para a presidência da Câmara dos Deputados e do Senado. Não é certo se isso facilitará ou tornará mais difícil o caminho que ainda tem pela frente. Berlusconi, por exemplo, já disse que o PD não pode querer ter tudo – lideranças das duas câmaras do Parlamento, Governo e presidência.

O PD ganhou as eleições porque ficou à frente do PdL e porque, graças à lei eleitoral e ao seu particular sistema de prémios de maiorias, conseguiu ter a maioria na Câmara dos Deputados. Mas, politicamente, Bersani, a quem há meses as sondagens davam uma vantagem considerável sobre a direita, foi o grande derrotado.

Boldrini e Grasso – ela ex-porta-voz do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados; ele um antigo procurador antimáfia – foram uma jogada de mestre, colocando o 5 Estrelas na posição difícil de não querer aceitar candidatos não-políticos e com todas as características que Grillo diz faltarem aos políticos.

Se Grillo insistir em recusar colaborar com o PD, a Itália pode não ir às urnas em Maio – Napolitano deverá então tentar formar um novo executivo “institucional”. Mas os italianos serão chamados em breve a voltar a pronunciar-se sobre o futuro.
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