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Segundo turno em SP: o mensalão do PT x A Privataria Tucana…

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Bob Fernandes

E José Dirceu foi condenado. Da mesma forma, José Genoino. Ambos, em notas e aparições públicas, rejeitam a culpa. Mas, no mundo real, no mundo prático, o ato seguinte do Tribunal, encerrada essa etapa do julgamento, será estabelecer a pena que cada um terá que cumprir. Definir o tempo que cada ex-líder do PT passará na cadeia. As consequências desse julgamento, certamente, se alastrarão.

Nas ruas, nas casas, na mídia, na internet, o debate vai se intensificar nos próximos dias. Afinal, é tempo de eleições. Tempo de paixões, de nervos à flor da pele. São Paulo teve uma eleição duríssima, eletrizante. O segundo turno, entre Fernando Haddad e José Serra, será, inevitavelmente, encarniçado. Mais ainda depois que o Datafolha soltou na praça a primeira pesquisa para o segundo turno, com Haddad dez pontos à frente de Serra nas intenções de voto: 47% a 37%.

Vejamos o que vaza das duas esquipes em relacão às próximas três semanas de campanha.


Os dois candidatos dizem querer discutir os problemas da cidade, propor soluções para São Paulo. Podem até vir a fazê-lo, mas, por ora, não é ao que estamos assistindo. Serra, ainda no domingo (7), propos um debate sobre "valores". Entenda-se nisso um eufemismo para martelar o "mensalão"; na disputa pelo poder, todos fariam igual. Desde então, os "valores" estão nas manchetes, par e passo com as condenações no julgamento do chamado "mensalão".

Haddad respondeu a Serra. Disse o candidato do PT:

- Depois desse julgamento vai se iniciar outro, o do mensalão do PSDB de Minas. O DNA do mensalão é tucano.

A frase é de Haddad. Serra rebateu, e bateu, com a mesma resposta por dois dias seguidos:

- Essa é estratégia do 'pega ladrão'.Você bate a carteira de alguém e sai gritando 'roubaram a minha carteira'.

Com as condenações do Supremo nas manchetes, aumento no tom. O comando político da campanha de Haddad tomou decisões sobre o conteúdo de programas eleitorais no rádio e na TV; e isso é informação, e não opinião. Alguém com poder para decidir, avisa:

- Não vamos começar, mas não seremos cordeiros. Se provocarem, não haverá limites para a resposta.

O PSDB já tem estocado farto material. O "mensalão", claro, é a estrela da programação estocada. Se assim for decidido, o "mensalão do PT" é tema para uma série. Mas não apenas.

Ao deixar reunião com Serra, na terça-feira, 9, o pastor Silas Malafaia adiantou:

- O Haddad já está marcado pelos evangélicos como candidato do 'kit gay'. Vou arrebentar em cima do Haddad.

Portanto, a depender dos eventos, as séries "mensalão" e "kit gay" podem entrar em cartaz.

O PT também montou seu arsenal. Um dos temas é Hussain Aref Saab, alto funcionário da Prefeitura, diretor da Aprov por sete anos, nas gestões de Serra e Kassab. Aref deixou a prefeitura com patrimônio de 106 prédios, R$ 50 milhões, e acusado de receber propinas para liberar construções irregulares. Outro tema chama-se "A Privataria Tucana". Sao 115 páginas de documentos, origem do livro, de mesmo nome, que trata de Serra e bastidores do bilionário negócio da privatização do sistema telefônico.

Há ainda no estoque da campanha petista o Paulo Vieira de Souza, desde a eleição presidencial de 2010 conhecido também como "Paulo Preto". Em reportagem de oito páginas na revista Piauí, edição que está nas bancas, Paulo Viera, entre outras frases, refere-se à sua relação com Serra desta forma:

- Eu e ele somos que nem abraço de gambá: pode separar, mas fica o cheiro.

Para o PSDB, o que não falta é fraseado sobre o chamado "escândalo do mensalão", que levou tantos dos seus à condenação.

A guerra já está no ar. Entre atos e fatos, o fraseado público dos dois candidatos tem sido claro como um dia de sol, mesmo com eufemismos. Como é claríssimo o que vaza do arsenal das suas campanhas. Se essa escalada for adiante, é possível que, em algum momento nas próximas três semanas, os candidatos tenham tempo para… discutir problemas e soluções para São Paulo.
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