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O planeta torna-se menos religioso, afirma pesquisa

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Os resultados da pesquisa de âmbito mundial evidenciaram que mais da metade dos habitantes do nosso planeta, – cerca de 59%, – consideram-se pessoas religiosas. Um de cada cinco habitantes do planeta reputa que crê em Deus mas não se reconhece partidário de nenhuma confissão e um de cada oito afirma que é ateu.

A maior concentração de ateus verifica-se na parte leste da Ásia – na China este índice é igual a 47% e no Japão, supera 30%. Outros países com elevado índice de ateus convictos são a República Checa, França, Coréia do Sul, Alemanha, Neerlandia, Áustria, Islândia, Austrália e Irlanda. Quanto aos países mais religiosos, na opinião de sociólogos a este número pertencem hoje o Gana, Nigéria, Armênia, Fiji, Macedônia, Romênia, Iraque, Quênia, Peru e o Brasil.

Na Rússia, os resultados da pesquisas, efetuada pela Associação Internacional Gallup foram submetidos à crítica. É preciso distinguir a conceito da pessoa crente que pertence a alguma confissão e da pessoa que crê. O filosofo e estudioso em assuntos religiosos William Schmidt afirma que mesmo uma pessoa que não se confessa partidária de alguma religião ou fé, na realidade é uma pessoa religiosa.

“Quando falamos de uma pessoa crente, partimos do conceito da sua aptidão para a transcendência, isto é, da sua aptidão de ser pessoa humana, de formar a história da cultura, os conceitos de personalidade e de consciência, isto é, conceitos que criam a perspectiva da existência metafísica do homem e da cultura. Neste plano, qualquer pessoa humana é algo religioso já devido ao seu princípio fundamental, isto é, algo que se correlaciona com uma determinada imagem, que tinha se formado na cultura, com o conceito da Divindade ou da suprema realidade. Nós obtemos sistemas religiosos de diversos tipos de acordo com o modo, mediante o qual a cultura define e concretiza o conceito de Deus ou de alguma outra realidade, que não pertence a este mundo. As afirmações de que o mundo se torna menos religioso são incorretas. Pode-se afirmar apenas que certas pessoas concretas, representantes da cultura de massas e da consciência social, são, às vezes, insuficientemente instruídas. Elas simplesmente não se dão conta da religiosidade, pois a religião não é a sua esfera concreta”.

A propósito, no que diz respeito à Rússia, os mencionados sociólogos chegaram à conclusão de que nos últimos anos o índice de religiosidade no país baixou 2%, enquanto que o índice do ateísmo cresceu na mesma proporção. 55% dos russos afirmaram que pertencem a alguma confissão e 26% declararam que não professam nenhuma religião. Apenas 6% declararam abertamente que são ateus e mais 13% por enquanto não podem dar uma resposta concreta. Serguei Popov, presidente do Comitê da Duma para associação sociais e organizações religiosas, opina que estes números não correspondem à realidade e que a Rússia continuará um país com elevado índice de religiosidade.

“A religião e a religiosidade são a base fundamental da criação e do desenvolvimento do Estado russo. Apesar de toda a leiguice, declarada hoje pela Constituição, a religião é um fator muito importante no tocante a toda uma série de esferas, especialmente, no plano de preservação da paz no país e da unificação das pessoas. Por isso, a religião é um fator muito potente, que não pode simplesmente deixar de existir. Mais do que isso: existem vínculos históricos característicos para todos os povos e grupos étnicos da Rússia. Estou certo de que o fator religioso na Rússia vai apenas crescer”.

Uma outra pesquisa, levada a cabo por especialistas de Pew Research Center, Centro Americano de Estudo da Opinião Pública, revelou que a juventude muçulmana da Rússia é mais religiosa do que os representantes das gerações mais velhas. É isso que distingue os jovens adeptos do islã na Rússia dos seus coetâneos nos países do Próximo Oriente e do Norte da África. Mas de um modo geral, nos países da antiga União Soviética hoje apenas a metade dos muçulmanos considera que a religião ocupa um importante lugar na sua vida, enquanto que nos países árabes a cota dos que prezam a religião supera 60% e nos países africanos, situados ao sul do deserto de Sara, é da ordem de 80%. O número de muçulmanos crentes na Rússia não diminuiu – apenas a juventude agora é mais ativa. Foi esta a opinião formulada na entrevista à companhia de radiodifusão Voz da Rússia por Albir Krganov, primeiro adjunto do presidente da Direção Espiritual Central dos Muçulmanos da Rússia.

“Recordo a minha infância… Íamos então à mesquita e aí havia pouca gente. Mas agora, quando entro na mesquita, vejo o quanto aumentou o número de crentes. Com efeito, agora o número de jovens que vão à mesquita é realmente grande. E este não é um tributo à moda, mas algo que vem do fundo da alma. Mas a gente mais idosa também se considera muçulmanos crentes. Da mesma maneira que quaisquer muçulmanos étnicos, – mesmo os que não cumprem os ritos necessários da fé, – eles consideram-se crentes e religiosos e jamais irão renunciar à sua fé”.

Uma das razões do fato de que a geração mais velha agora frequenta menos as mesquitas é o passado ateu da União Soviética. “Muitos muçulmanos sentem um certo constrangimento ao vir a nossas casas de orações somente porque não sabem orar corretamente. Todavia, eles não podem ser chamados de ateus. É preciso apenas ensinar-lhes isso e então veremos nas mesquitas os piedosos de todas as idades e grupos sociais”, – concluiu Albir Krganov.
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