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Crime cinematográfico: morte, paixão e uma herança

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Agência Financeira

Os três milhões de euros estão depositados num banco suíço há 30 anos. Um tribunal de Vevey vai decidir agora, finalmente, a quem vai ser entregue a herança de Agnés Le Roux, desaparecida em 1977 em circunstâncias misteriosas, que nunca foram totalmente esclarecidas. E quem leva o dinheiro? A família, o amante ou duas instituições de caridade?

Caso Le Roux: Jean-Maurice Agnelet, o amante acusado do assassinato
É um dos casos criminais mais famosos de sempre em França. A história tem 35 anos e envolve uma disputa empresarial entre reis dos casinos em Nice. A família Le Roux era dona do casino «Palais de la Mediterranée», gerido desde a morte do pai de Agnés pela mãe, Renée. O «Palais» foi cobiçado por outro empresário dos casinos, Jean-Dominique Fratoni, que convenceu Agnés, desavinda com a mãe, a apoiá-lo. Para isso ofereceu-lhe os três milhões de francos franceses (que valiam 470 mil euros e hoje valem três milhões).

É algures por aqui que entra a outra personagem central desta história, Jean-Maurice Agnelet. Advogado, era casado mas isso não o impediu de se tornar amante de Agnés, e de ajudar a convencê-la a votar contra a mãe.

Agnés depositou o dinheiro numa conta conjunta com Agnelet. E passado uns tempos desapareceu. Foi no fim de semana de Todos os Santos de 1977, tinha 29 anos. Não deixou rasto, nunca apareceu o corpo nem o seu carro, um jipe.

Três meses depois Jean-Maurice Agnelet fecha a conta de ambos na Suíça e transfere os três milhões para uma conta sua. Pouco depois foi acusado pelo desaparecimento de Agnés. Foi vendo protelada uma condenação criminal, mas em 1999 outra amante que tinha na altura e mais tarde sua mulher, Françoise Lausseure, admitiu que tinha mentido quando lhe deu um álibi para o dia em que Agnés desapareceu. Ele continuou a negar, mas em 2007 acabou mesmo por ser condenado a 20 anos de prisão pela morte de Agnés. Cumpre nesta altura essa pena.

Quanto ao dinheiro, tanto Fratoni como a família Le Roux pediram que fosse retido, o que aconteceu em 1982, até haver uma decisão sobre o seu destinatário.

Fratoni, que nunca completou o negócio do casino «Palais», por causa do desaparecimento de Agnés, acabou por falecer em 1994. No seu testamento destinou o dinheiro que dera a Agnés, se viesse a ser-lhe devolvido, a duas instiuições de caridade, a Cruz Vermelha e a Fundação Recherche.

A família Le Roux reclama-se como legítima herdeira do dinheiro que era de Agnés. E Agnelet argumenta que era dele, porque estava na conta dele. Já em Junho deste ano, uma decisão judicial francesa considerou que não tinha direito a reclamar o dinheiro, que era precisamente o móbil do crime por que foi condenado. Mas ele espera que a justiça suíça tenha outro entendimento.

Esta semana os advogados apresentaram argumentos em tribunal, a decisão deverá ser conhecida daqui por um ou dois meses.
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