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por Alexandre HaubrichNesta quinta-feira, 25 de agosto, completam-se exatos 50 anos da renúncia de Jânio Quadros à presidência da República, evento que desencadeou a Campanha da Legalidade comandada por Leonel Brizola no Rio Grande do Sul.
As barricadas montadas por Brizola e pela Brigada Militar em toda Porto Alegre e a grande mobilização popular garantiram a posse do então vice-presidente João Goulart e impediram que acontecesse já em 1961 o que acabou acontecendo em 1964: o Golpe Militar que afundou o Brasil em uma ditadura civil-militar que durou duas décadas.
Mobilização de apoio à Campanha da Legalidade, em Porto Alegre |
Escreveu Dione Kuhn, no livro “Brizola – da legalidade ao exílio”: “Arma admirada por estrategistas como Winston Churchill e Charles de Gaulle, o rádio deu a Brizola a superioridade sobre os adversários num terreno decisivo: o coração dos gaúchos”. Brizola discursava pelas ondas do rádio e suas palavras inflamadas chegavam a todo o país. A comunicação, em 1961, já era entendida por Brizola como parte impreterível de qualquer processo político, a começar pela resistência aos militares. Dione citou Churchill e de Gaulle, mas Che Guevara também montou, durante a guerrilha cubana, uma rádio para transmitir discursos e informações que ajudariam a superar o cerco midiático montado pela ditadura de Batista.
Com Dione e o bom repórter Nilson Mariano, o jornal gaúcho Zero Hora tem feito uma forte cobertura histórica, na última semana, dos 50 anos da Campanha da Legalidade. A serie de reportagens tem muita qualidade, sem dúvida. Mas como não estranhar que o Grupo RBS, beneficiado diretamente pelo Golpe Militar consumado em 1964, queira agora apagar essa parte da história? E ainda tecer odes à luta de Brizola, personagem tão atacado pelo Grupo, ainda que, em 1961, tenha sido o Estado do RS quem pagou, indiretamente, a aquisição da TV Gaúcha (hoje RBS TV)?
Brizola discursa na Rádio da Legalidade |
Lembrar a Campanha da Legalidade é, para os comunicadores independentes, não se deixar esquecer a importância da mídia para a construção política. As rádios possuem papel fundamental, nesse sentido. No momento, o que temos de concreto é a possibilidade de construção, ampliação e integração das rádios comunitárias e das rádios web. Ao mesmo tempo, o avanço da internet, dos blogs e das redes sociais vem abrindo novas possibilidades de “guerrilha midiática”, de “mídia popular ostensiva”, aos moldes do que fez Brizola há 50 anos.
Fonte: Jornalismo B
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