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por Edmilson Lopes JúniorA sucessão de denúncias de corrupção envolvendo membros do Governo Federal contribuiu para revelar um estilo novo na condução de casos potencialmente negativos. A presidente Dilma, aos poucos, foi firmando uma forma diferenciada de lidar com aliados complicados (e implicados em situações vexatórias).
Muito diferente do que estávamos acostumados durante o governo do Presidente Lula. Este, lembremos, negociava até a exaustão. Ouvia muito, ponderava e procurava soluções que contentassem minimamente todos os seus parceiros. Nos escândalos, jogava o seu capital político na defesa dos aliados. Jogava bem, diziam até os adversários.
Estilo de Dilma incomoda mundo masculino, avalia sociólogo |
A eleição de Dilma, até certo ponto, é um subproduto do machismo político. Foi deliberadamente construída como a "mãe do PAC". A maternidade tem algo de negação de feminilidade. Machistas empedernidos quedam-se chorosos aos pés da mãe. E esta, na visão dos filhos, é assexuada e inteiramente dedicada à realização dos rebentos. As tarefas, por ela assumidas, são obsessivamente perseguidas.
Dilma foi a "mãe" que Lula, esse gênio político, encontrou para nos vender a continuidade. O PT e os aliados aceitaram a aposta até porque não tinham uma alternativa a oferecer. Mas, no fundo, devem ter pensado: "Deixa estar. Logo, a gente continua com os nossos joguinhos. A mãe cuida da casa, e a gente vai tomar conta das estradas, pontes e de todos os bons negócios. Ela estará ocupada cuidando dos adereços e decorações". Tudo caminhava nessa direção. Até um irmão mais velho, o Tio Palocci, foi chamado para representar a família e gerir a relação com a filharada. Era o "homem" da casa. É assim em algumas sociedades matrilineares: o irmão da mãe toma conta dos filhos (sobrinhos).
Mas o imprevisível aconteceu. Para desgraça dos filhos, especialmente dos rebentos agrupados no PR, o irmão da mãe teve que sair de casa, defenestrado pelos motivos que todos nós sabemos. Nesse momento, começou a virada do jogo dentro da casa. E Dilma deixou de ser a mãe para ser uma mulher jogando no meio dos homens.
Trazer para o centro das decisões a Senadora Gleisi Hoffman e a ex-Senadora Ideli Salvati foi uma jogada de risco, incompreendida por não poucos, mas coerente com algo com o que vai se configurando como o jeito Dilma de gestão. Não por acaso o machismo pátrio acusou o golpe. As nada elegantes avaliações do ex-ministro Nelson Jobim sobre suas colegas de ministério, em matéria publicada na revista Piauí, expressam o inconformismo do mundo masculino com a revolução silenciosa que as mulheres estão fazendo no Palácio do Planalto.
Fonte: Terra Magazine
Nota do Terra Magazine: Edmilson Lopes Júnior é professor de sociologia na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Nota do Blogueiro: Música de cantor e compositor baiano para embalar artigo de professor potiguar:
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