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Carne Moída com Quiabo – #CMQ14

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Rio de Janeiro, 29 de maio de 2011.
MARANHÃO
São Luís, apenas Maranhense
Mais cedo ou mais tarde isso iria acontecer: São Luís chegou ao colapso total. Quer dizer, ao colapso total a cidade já chegou há muito tempo, mas só agora, quando o caos instalado se faz visível por trás do velho verniz que já não consegue esconder a desgraça da capital Maranhense, é que a população em geral se deu conta disso.
À maneira dos torcedores de futebol, que quando veem seu time entrar em declínio, exigem de imediato a demissão do técnico, os moradores de São Luís querem a cabeça de João Castelo. Da barbárie generalizada em Pedrinhas, passando pelo aeroporto desabando e até desaguar  nos buracos que não cessam, Castelo parece ter sido escolhido pela população como o responsável maior pelo declínio político, econômico, cultural e, sobretudo, moral da cidade.
Infelizmente e para colaborar ainda mais com a desgraça ludovicense, digo que o caos de São Luís não é culpa de Castelo, de Sarney ou de São Pedro. A culpa é de um ente sobrenatural chamado ORGULHO. Sim, orgulho. Durante séculos, a cidade regurgita mentiras a respeito de si própria única e exclusivamente para mascarar a realidade, num apego quase desesperado pelo falso e pelo ilusório.
Fazendo jus à origem do termo que deu nome ao Estado (Maranhão = grande mentira), a capital São Luís atira-se às mentiras contadas sobre si mesma com a facilidade do ator que encena a peça de ficção no teatro lotado. Mentiras perpetuadas todos os dias como na fala do apresentador da TV Difusora,  José Raimundo Rodrigues que todos os dias pronuncia  “São Luís, única capital brasileira que foi fundada pelos franceses”, pois a única coisa que o jornalista Chica Baiana sabe da História de São Luís é mais uma dessas  mentiras orquestradas para velar o sono de elites decadentes do início do século XX. Mentira tão magistralmente revelada pela querida professora Maria de Lourdes Lauande Lacroix, num livro que deveria ser a segunda Bíblia de todo  Maranhense:  A FUNDAÇÃO FRANCESA DE SÃO LUÍS E SEUS MITOS .
Antes de montar a mentira sobre sua ancestralidade gaulesa, São Luís forjou sobre si mesma outra grande mentira: a de ATENAS BRASILEIRA. submersa nesse mito, erigiu até pseudo escritores como José Sarney, que se auto intitula membro da terceira geração de linhagem Ateniense e ancestral literário e espiritual direto do poeta Gonçalves Dias. Até hoje há crédulos ingênuos  na estória de que em São Luís  fala-se o melhor português do Brasil.
Numa tarde de fevereiro de 1951, quando já não bastava apenas ser Francesa e ateniense ao mesmo tempo, São Luís decidiu ser também rebelde. Liderada por membros da oposição política que ao Coronel Vitorino Freire, São Luís viveu por algumas semanas a ilusão de ser uma cidade moderna, que rebelara-se contra os desmandos de um coronel atrasado e virulento. Pura ilusão, alguns anos depois, a mesma São Luís que se sentia rebelde deixara-se ingenuamente cair no discurso patético um líder igualmente atrasado e virulento .
No véu das mentiras propaladas sobre si, São Luís se perdeu no meio do caminho. O vazio existencial provocado por uma história povoada de mentiras é perfeitamente visível naquelas quadros vendidos no Centro Histórico de São Luís, já perceberam que em nenhum deles há pessoas retratadas? Apenas as imagens de casarões da antiga colonia, tão festejada por estrangeiros que hoje em dia visitam a cidade muito mais por causa do turismo sexual de mulheres e crianças ofertado a preços módicos , do que necessariamente pela beleza vazia de um centro histórico que já não ostenta mais seus ricos e cultos moradores de outrora. Alias, os turistas que vem ao  Maranhão fazer turismo de verdade, usam a capital apenas como um entreposto para o destino final: Os lençóis Maranhenses e outras belezas naturais como a cidade de Carolina.
Perdida no teatro de seus sonhos, São Luís, como se não bastasse, rendeu-se a sua condição geográfica de Ilha e isolou-se do mapa mundi dos acontecimentos e das novidades. foi a última cidade a aderir a independência do Brasil, a última a aceitar a proclamação da República, a última a concordar com a abolição da escravatura, a última a entender o significado do golpe militar de 1964 e é a única a perpetuar no poder por tanto tempo o mesmo grupo político. No rastro dos movimentos de massa europeus de maio de 1968, que varreram o mundo numa brisa primaveril de desejos de liberdade, São Luís só conseguiu fazer o mesmo, 11 anos depois – em 1979 – o ano em que os estudantes levaram porrada da Polícia de Castelo na luta pela meia passagem, uma luta integrada aos movimentos sociais e partidários que se articularam para derrubar o Regime Militar. E assim, sem renovar-se, a cidade foi envelhecendo, cansada de si e de todos, esquecida no mapa ilusório que insiste em se tentar encontrar sendo outra: Atenas, França Equinocial, Jamaica… São Luís nunca quer ser a si mesma com suas próprias misérias e grandezas está sempre inventando e reinventando a partir do outro e o reflexo disso é uma classe política que alimenta a mentira mascarando o óbvio, um empresariado que não consegue empreender porque a população tem medo de experimentar, uma classe artística que não se renova, esmolando sempre dinheiro público para fazer arte, um povo que não toma para si as responsabilidades, culpando sempre a terceiros pela própria iniqüidade, uma elite milionária que suga os recursos humanos e naturais da cidade para gastar tudo no Sul do País ou na Europa e pobres que deixam os filhos sem planos de saúde para comprar, em 72 prestações, um carro na Euromar do Alessandro Martins, que por sua vez, ostenta riqueza sonegando impostos…
Óbvio que uma hora dessas a percepção da desgraça iria bater nos lares de todos.
Nunca tinha visto os moradores de são Luís tão revoltados quando na última quinta-feira (26). Depois de quatro dias sem ônibus, os rodoviários em greve resolveram promover a balbúrdia no centro da cidade, deixando a população no meio do caminho e apedrejando ônibus e policiais militares. Foi o estopim para que a população, insatisfeita com a administração do prefeito João Castelo, expusesse com mais ênfase seu descontentamento com a situação da cidade. Minha Timeline no twitter foi inteiramente tomada pela raiva dirigida ao prefeito, mas não vi absolutamente ninguém responsabilizar a si mesmo pela desgraça da cidade. O que seria o mais digno a fazer, diga-se de passagem.
Por que nenhum único ludovicense olha para si e diz: “Deus do Céu, eu também sou responsável pela cidade”
São Luís jacta-se de jamais ter dado a vitória a um candidato apoiado pela família Sarney,  mas foi a mesma que manteve o PDT por 20 anos assaltando os cofres públicos da capital. Foi a cidade que não aceitou a modesta biografia de Flavio Dino, para dar a vitória a um Castelo em 2008, azeitado pela máquina de Marketing do “Agora Vai”  de Duda Mendonça e não duvido muito que haja alguém aí lendo este texto e pensando consigo mesmo que a culpa por Castelo ter sido eleito foi do povo pobre que acreditou na volta do Programa Bom Preço.
É preciso que assumamos as responsabilidades. João Castelo é apenas o produto de uma cidade que tem medo de inovar, que tem medo de pensar, que tem medo de se mobilizar e, sobretudo, que tem medo de arcar com as responsabilidades pela calamidade a que a cidade chegou.
São Luís, acorda desse Castelo de ilusões.
P.S.:  Ano que vem, se tudo continuar como está, Castelo  será reeleito. Os dois ‘unicos nomes que atualmente tem condições de enfrentá-lo, são cartas praticamente fora do baralho. Flávio Dino (PCdoB) já mandou dizer que sua luta é em 2014 pelo governo do Estado (LEIA AQUI) e  uma possível candidatura do deputado Federal Edivaldo Holanda Junior (PTC) , foi para o espaço quando Castelo articulou a volta de seu pai, Edivaldo Holanda (PTC) á Assembleia Legislativa.

Uma prova de que na Imprensa Maranhense ninguém diz a verdade
As fotos abaixo são da agêencia Reuters, uma das mais respeitadas agencias de notícias do mundo:
A foto acima foi tirada e divulgada pela Reuters Britânica como imagem de uma “mulher morta levada pelos soldados georgianos na cidade de Gori”. Mas, observe bem o detalhe: surpreendentemente, a “mulher morta” segura o braço da enfermeira.
Nas fotos abaixo, a mentira da agência Reuters fica ainda mais nítida. Repare que  em ambas, o mesmo homem encontra-se como se estivesse morto, mas em diferentes posições e em lugares diferentes. Observe que na segunda foto, os georgianos transportam um cadáver junto a outro que é o mesmo  da primeira foto. Observe ainda que o homem de preto na segunda foto é o mesmo que abraça chorando o cadáver da primeira, o curioso é que ele trocou de calça.
Evidentemente, as fotos manipuladas pela reuters tem um propósito claro e bélico:  incitar o ódio!  Não é de hoje que a imprensa manipula os fatos usando fotografias, o importante linguita francês, Roland Barthes em um livro que escreveu chamado Mitologias,  busca desmistificar os mitos em que se vêm constituindo inúmeros aspectos de uma realidade constantemente mascarada pela imprensa, pelo cinema, pela arte e pelos demais veículos de comunicação, sempre a serviço de interesses ideológicos. O livro tem um capítulo específico dedicado a fotografia jornalística e seu efeito devastador na produção de verdades, especialmente durante as guerras.
Na batalha travada no Maranhão, pela oposição e governo, não há como negar que dois blogues de política se destacam como os mais  lidos do Estado , são  eles os blogues do porta voz da oposição Jonh Cutrim e o do escrivão da Corte Sarneysta, Décio Sá. Na luta para impor o ponto de vista dos grupos políticos que defendem, os dois mostram como é difícil para o leitor que busca pura e simplesmente uma narrativa honesta a respeito de determinado fato, encontrar boa fonte de informação a respeito da política local.
A desinformação protagonizada pelos blogues de Jonh Cutrim e Décio Sá foi lindamente exemplificada pelos dois na cobertura da  audiência pública que seria realizada quinta feria passada (27),  na Assembleia Legislativa para discutir a questão do IPTU  e que terminou em tumulto. Os dois blogueiros cobriram o fato, mas na hora de transcrevê-lo para os leitores, narraram eventos completamente diferentes e para dar credibilidade a suas versões, ainda postaram fotos mostrando os dois protagonistas da confusão:  a  secretária de Planejamento de São Luís, Maria do Amparo e o deputado Estadual Roberto Costa (PMDB), cão de guarda do Palácio dos Leões.
Na fotos abaixo, publicadas no Blogue do Décio Sá, a secretária Maria do Amparo demonstra um ar de exasperação, na perspectiva do jornalista Miranteano, ela teve um “xilique” : “O caldo esquentou quando ela encontrou Roberto Costa. Com dedo em riste chamou o deputado de “moleque”, “mentiroso”, “covarde” e “enganador” (LEIA A MATÉRIA COMPLETA AQUI)
Quem lê a matéria de Décio Sá, fica seguro de que a Secretária de Planejamento de São Luís é uma doida desvairada que na aus6encia de argumentos para defender a prefeitura, recorre a exasperação . Mas aí, eis que surge o blogue do Jonh Cutrim trazendo outra versão e fotos completamente diferentes a respeito do assunto. Na foto abaixo, publicada em seu blogue em matéria com o título “Desequilíbrio de Roberto Costa provoca grande tumulto na Assembleia“,  aparece um Roberto Costa aparentemente em fúria :
Repare que a terceira foto, essa aí em cima, foi tirada no mesmo lugar das fotos publicadas por Décio Sá, só que em outro ângulo e com destaque para  Deputado Roberto Costa que aparece com o dedo em riste na direção da Secretária Maria do Amparo.
Obviamente que ninguém espera de Décio Sá e Jonh Cutrim versões do fato outras senão aquelas que beneficiem os grupos políticos os quais os dois fazem parte, mas ambos deveriam ter o mínimo de correção e isenção na divulgação dos fatos, até para não ficarem expostos a esse tipo de situação. Qualquer leitor médio que leia os dois posts, sairá com a sensação de que foi enganado e que ao invés de se informar, foi apenas manipulado pelos dois jornalistas.
Fica claro que, apesar de não usarem do requinte falsário da Agência Reuters, ambos manipularam fotoas para forjar fatos de seus interesses e não apresentarem aquilo que acreditam ter sido a verdade.
E então amados leitores do Blogue Marrapá, dá para acreditar no que diz a  imprensa Maranhense?
BRASIL
Como diria o Agamenon: A çituassão está gramática!
Sou historiadora. De tanto ler a respeito, parece que eu estava lá no dia em que a Coroa Portuguesa decretou a perseguição oficial ao tupi-guarani, língua falada pelos brasileiros primitivos, os índios. Por não possuir as letras F, L, R em seu alfabeto, o tupi passou a ser dialeto de um povo sem Fé, sem Lei, sem Rei. E assim, com um gesto da mais bestial violência simbólica, os portugueses iniciaram seu projeto de dominação perpétua do Brasil. Vem de longe essa  tática dos ditadores. Quando querem impor-se sobre a vontade de um povo, começam por aniquilar seus sistemas de códigos de comunicar, sua cultura letrada. É assim na China, por exemplo. Sob o pretexto de unificar as dezenas de línguas faladas naquele país, além do cantonês e do mandarim, o governo obriga os chineses a terem aulas regulares de um inglês obrigatório inclusive para alçar postos de trabalho. É uma dupla tática que destrói as línguas (e, por conseguinte as culturas) locais e com isso fortalece a estratégia  imperialista chinesa, já que é mais fácil impor o inglês -  língua universal do ocidente -  na China, do que impor as dezenas de línguas chinesas ao mundo.
Por essas e outras, tenho pena dos ingênuos linguistas brasileiros que apoiaram a ação do MEC em obrigar as escolas a adotarem o infame livro Por uma vida melhor, da coleção Viver, aprender.
Como sempre, a reação do governo às críticas, foi atacar a grande imprensa e justificar as merdas que faz, amparado pela suposição de que no governo do PSDB praticou-se o mesmo tipo de asneira. No caso da utilização da polêmica gerada pelo uso nas escolas, do Material que desqualifica a gramática, a tropa de choque do governo do PT correu para justificar-se dizendo que a medida  não está propondo que o aluno escreva errado,  mas propor que a escola passe a se comunicar com o aluno de verdade e não por meio de exemplos eruditos que distanciem-na da realidade cotidiana das pessoas. Aff! Justificativa mais mentecapta impossível.Mentecapta ou cínica, já que ou o governo do PT desconhece completamente a realidade educacional do Brasil ou aposta cegamente na burrice generalizada da sociedade e pela reação de boa parte dela, imagino que a coisa se incline mais para a segunda opção.

Viver e Aprender, o livro infame que o MEC adotou como o início de um projeto de ascensão do português mal falado do Lula
Caso alguém não saiba, o português coloquial é a língua oficial do Brasil desde que o primeiro colonizador colocou os pés aqui. A língua portuguesa normativa imposta pela gramática sempre perdeu, a primeira grande derrota foi justamente na batalha contra o tupi guarani dos índios, citada no início deste post. O Maranhão, por exemplo, que sempre resistiu as novidades, só começou a falar a língua portuguesa depois de mais de 250 anos de colonização  no Brasil. Isso mesmo, até 1758, a língua falada no Maranhão era o Nheengatu,  uma língua variante do  tupinambá, língua tupi-guarani, que dominava grande parte da atual região norte do Brasil . Sem êxito ao tentar impor o português, os jesuítas foram obrigados a padronizar o nheengatu durante o século XVII e então ele se tornou o idioma franco em grande parte do Brasil da época, entre os missionários, colonos de origem européia, além dos povos indígenas. Levando-se em consideração que São Luís, a capital, começou a ser colonizada oficialmente a partir de 1612, o Maranhão resistiu ao português oficial pelo menos  por 150 anos!!
Voltando ao presente. Quem é tolo de achar verdadeiramente que a língua portuguesa normativa exerce o papel autoritário de discriminação ao português coloquial?  Só no discurso torto dos linguistas do MEC mesmo. O português coloquial venceu em todas as instâncias. Em lugar algum, com exceção das aulas daquele professor mais caxias, o português formal tem espaço. Até nas provas dos concursos públicos mais importantes, a análise sintática perdeu espaço para a análise interpretativa. Na verdade, é a gramática normativa a segregada da história, é ela que fica isolada no limbo da erudição que quase ninguém quer. Alunos e professores em geral, tem imensa dificuldade de se adaptarem as normas da gramática. A maioria dos meus alunos, por exemplo, passou a vida inteira assistindo aula de substantivo porque os professores  não conseguiam lidar com a complexidade das demais classes gramaticais.Eu mesma só fui aprender o pouco de gramática que sei ralando sozinha na velha gramática Ernani & Terra em versão compacta que a editora ática lançou há alguns anos por um precinho camarada.
O desejo do MEC de atacar a já tão alquebrantada gramática normativa, é na realidade parte de um projeto político alicerçado na lógica assistencialista que tem marcado os governos de centro direita no Brasil, projeto que teve início no governo FHC e que o Lulismo tratou de ampliar horrivelmente com algumas importantes particularidades que não podem ser ignoradas. A primeira delas está diretamente associada a percepção que o governo do PT tem a cerca da desigualdade no Brasil . Todos concordamos que ela é brutal e certamente a responsável pelo atraso que ainda assola o país, mas para o PT a desigualdade social e cultural do Brasil não deve ser combatida com trabalho duro para estruturar as instituições públicas de modo a prepará-las  para dar aos cidadãos oportunidades iguais de acesso ao trabalho e aos bens culturais. Ao contrário, o PT financia ele próprio o sucateamento das instituições públicas. Ao invés de iniciar uma forte batalha para estruturar a educação, o governo petista, na base do populismo mais rasteiro, criou a absurda política de cotas nas universidades públicas, eliminando a meritocracia e ajudando a espalhar a segregação e a desmoralização das instituições de ensino superior no Brasil. O governo petista, ao invés de patrocinar o desenvolvimento  para inserir socialmente milhões de excluídos, produziu o vergonhoso programa de distribuição de bolsas em massa, que na realidade se resume a institucionalização da propina e da compra de votos. O Bolsa Família não tirou ninguém da miséria, tanto é assim que agora a Dilma criou o programa Brasil sem Miséria, baseado nos dados alarmantes do IBGE comprovando que milhões de famílias ainda parasitam no Brasil as custas da esmola que o governo distribui.
Passar por cima da gramática normativa no fundo não passa de uma tática para exaltar o Brasil espertalhão do Lula, o presidente analfabeto que chegou ao poder imitando a velha lógica das raposas políticas que sempre dominaram o país, fazendo acordos com os oligarcas corruptos e vista grossa para a voracidade do mercado, que exige superávit primário na economia, mesmo que a infra-estrutura e os serviços públicos como saúde e segurança do Brasil estejam em frangalhos. O exercício esperteza e não da cultura é o legado do PT ao país.
Por fim, a exaltação ao português coloquial dentro da escola, o único lugar onde a gramática normativa ainda conseguia dar alguns trôpegos suspiros, vai gerar uma catástrofe antidemocrática. O que o MEC deseja é que as pessoas gramaticalizem o português informal que elas falam em seus redutos sociais.  A tendência dos professores, que já não conseguem transmitir a gramática unificada da língua portuguesa, é aderir a esse projeto imbecil que vai gerar em  última instância a mutação  ainda mais acelerada da língua portuguesa falada no Brasil. Na América hispânica, por exemplo, grande parte dos leitores ainda consegue ler Dom Quixote de Miguel de Cervantes, publicado em 1605, como se fosse uma publicação recente, mas para qualquer leitor brasileiro, do mais erudito ao mais cretino, ler uma publicação de Machado de Assis, que começou a escrever na segunda metade dos anos de 1800, é um tormento, tamanha foi a transformação da língua portuguesa do século XIX em relação a atual. Esse ponto em particular é extremamente importante para a historiadora aqui, já que imagino a língua como um mecanismo importantíssimo de preservação da memória coletiva, uma vez que a língua é um dos instrumentos que permite que o legado cultural das gerações passadas continue sendo transmissível e acessível às novas gerações.
Se o projeto do MEC for aceito goela abaixo sem contestação, a tendência é um processo de entropia irreversível e digo isso com a autoridade de quem se debruça há anos no estudo da cultura oral Maranhense.  Não sou, portanto, nenhuma ignorante que sofreu lavagem cerebral da mídia a que alguns estudiosos como Marcos Bagno, qualifica de ignorante. Digo sem medo que essa ideia de jerico do Ministério da Educação pode levar a uma dramática perda de senso histórico e deformação de um importante aporte cultural para o exercício do pensamento, coisa que, aliás, essa gente do PT não suporta.
Respeito a boa intenção dos linguistas, que sabem que assim como a cultura, a língua é viva e não pode ser domesticada por um punhado de regras gramaticais que ignoram o universo linguístico das pessoas, mas até mesmo para perceber que a língua se altera de tempos em tempos, para manter, dentre outras coisas, determinadas estratégias de poder de uma norma culta que se coloca como preponderante em relação às demais normas, é necessário que o aluno saiba sim o processo de constituição formal da língua. Como é que o MEC pretende educar alunos críticos em relação a pluralidade da língua se é o próprio MEC quem está implodindo o aprendizado da gramática que se impôs em relação as demais?
Caros linguistas desavisados, serão apenas os alunos das paupérrimas e desestruturadas escolas públicas, os prejudicados com isso. Nas escolas particulares e nos outros lugares de saber acessíveis a elite, a gramática normativa continuará sendo consumida, destrinchada e desmistificada. E adivinhe quem terá mais condições culturais, no futuro, de perceber a complexidade do mundo que nos cerca?
O aluno tolerado cinicamente dentro da sala de aula porque fala “nóis vai” é que não será.
Reflita, Brasil.
SOBREMESA DA BRANCA
Loiras assassinas: um patrimônio da Cultura Pop
Nos últimos dias, não se fala em outra coisa no Rio de Janeiro, a não ser na assassina loira de Niterói. Na madrugada de sábado, dia 21 de maio, a estudante Verônica Verone, de 18 anos saiu com o amante, o empresário casado Fábio Gabriel Rodrigues, de 33 anos, para um Motel localizado na região oceânica de Niterói. Algumas horas depois, o corpo de Fábio foi encontrado numa das suítes do Motel com sinais de estrangulamento. Na terça feira (24), Verônica se entregou a polícia e confessou ter matado Fábio. Segundo ela, o casal teria chegado as duas da manhã ao Motel depois de terem passado em uma “comunidade” para comprar maconha e cocaína. Apenas Fábio teria se drogado. Ao chegarem ao Motel ele tentou estuprá-la, sendo impedido com um empurrão. Percebendo que após a queda o amante ficara inconsciente, Verônica declarou que pegou um cinto e apertou no pescoço da vítima até perceber que saía sangue pelo nariz. Para ela, o assassinato ocorreu em legítima defesa.
Há toda uma cartografia psicológica para explicar por que os homens preferem as loiras. Pessoalmente não me importo nenhum pouco com essa máxima que a loira Marilyn Monroe ajudou a propagar na indústria hollyoodiana dos anos 50. O que me atrai em loiras é sua dupla dimensão cultural no imaginário coletivo: Ao mesmo tempo em que as loiras foram alcadas à condição de estereótipo perfeito do padrão feminino de beleza, elas foram jogadas numa espécie de fogueira ideológica depreciativa. As loiras em geral quando não são burras, são más, muito más!
Verônica Verone, a assassina de Niterói, cujo crime virou atração para deleite dos cariocas, parece não guardar remorso algum. A Imprensa diz que ela participava de comunidades ligadas a ideia de morte no Orkut, tipo: “Desista você perdeu ele para mim”, “Profile de gente morta”e “As máscaras sempre caem”. Alçada à condição de loira fatal do momento, o assassinato que cometeu parece coisa de filme de ficção.

Verônica Verone, a assassina de Niterói. Jovem, loira e bonita ela já povoa o imaginário carioca. Matar por quê?
E é ficção mesmo, o caso chama atenção por seus incríveis elementos ficcionais. O caso da loira assassina de Niterói já foi narrado e renarrado incontáveis vezes no cinema, na música, no teatro…na música pop a quase totalidade das mulheres que desejam soar poderosas tingem o cabelo de loiro, exemplo mais óbvio é o de Madonna, que morena, virou loira má e morreu em grande parte dos filmas nos quais atuou, quase sempre como a mulher que seduz e leva o amante para o abismo.
Soube que Verônica havia confessado ter matado o amante quando saía da UFF, que fica em Niterói , na terça feira (24). Fui até a delegacia em que ela estava detida em Icaraí, bairro da Zona Sul da cidade que tem uma bela vista para o Pão de Açucar e Corcovado. A delegacia de Icaraí, obviamente  estava apinhada de jornalistas querendo saber porque a jovem cometera o crime. Na incompatibilidade preconceituosa que quase nunca associa o impulso assassino à beleza, todos ali torciam para que ela confessasse o crime e desse ao fato aquele brilho cinematográfico que certamente garantiria a venda dos jornais do dia seguinte. Quando eu vi o batalhão de repórteres se acotovelando para tentar filmar e fotografar Verônica, tive certeza que ali imperava um clima de total ficção cinematográfica e lembrei-me imediatamente de duas das minhas assassinas lésbicas prediletas: a noiva de Kill Bill e a loira do video Don’t Go, da banda Nouvelle Vague, ambas assassinas frias e sem remorso, mas heroínas irresistíveis ao gosto do público.
Os filmes de Tarantino fazem sucesso, dentre outras coisas por que exploram de modo seminal os elementos da cultura Pop. A loira assassina que ele criou em Kill Bill é talvez a maior obra prima sobre loiras assassinas já feitas na história do cinema. A loira de Kill Bill é Verônica Verone. Sem tirar nem pôr

Kill Bill de Quentin Tarantino. A loira assassina como arquétipo do cinema e da cultura pop.
Mas é no video da canção Don’t Go de uma das minhas bandas prediletas, o grupo Nouvelle Vague, que a encarnação de Verônica Verone transborda a atmosfera de perigo, sedução e pura frieza do universo das loiras assassinas. o video inicia com a loira em questão olhando para a câmera e ostentando um ar de satisfação, auto-confiança e triunfo. Na verdade está olhando para o mar. No decorrer do video, a assassina transita pelo cenário do creme executando tarefas comuns como se fosse um dia qualquer. Nesse sentido, o video é perfeito e aliás, a música é linda:
De minha parte, adorei o crime. Não que eu deseje a morte de alguém, mas é que sempre gostei de loiras assassinas da ficção e ver a realidade encenada pela mídia com os mesmos moldes ficcionais do cinema e da música, desculpem os mais sensíveis, mas me diverte muito!

Ao cometer um crime com ingredientes cinematográficos, Verônica transformou a realidade em gesto ficcional.
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