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Adeus, PT

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Franklin Douglas
Foto: Reprodução
por Franklim Douglas

Comuniquei ao secretário-geral do PT do Diretório Municipal de São Luís, Paulo Jorge Serra, na manhã da última quinta-feira (24/02/2011), na sede da Assembleia Legislativa do Maranhão, meu ato de desfiliação do Partido dos Trabalhadores (PT).

Oriento-me pelo que já tinha analisado na reunião do campo antissarney de tendências e correntes, ocorrida em 05.02.2011: só nos restam três caminhos no PT – (1) sair, (2) construir a saída ou (3) ser indiretamente expulsos pela entrada dos sarneyzistas no partido.

Após nossa histórica vitória pró-Flavio Dino no Encontro Estadual de junho-2010, a intervenção da maioria do Diretório Nacional no PT-MA nos colocou diante de um único cenário: ou ganhávamos a eleição com Flávio Dino e retomávamos o PT ou, derrotados eleitoralmente, os sarnopetistas nos tomariam o partido no qual somos maioria na base de filiados, em número de diretórios, na militância social e nas urnas (quando elegemos Domingos Dutra-deputado federal e Bira do Pindaré-deputado estadual e eles, ao coligar com o PMDB, acabaram por prejudicar o próprio Raimundo Monteiro, que teria sido o segundo federal eleito, se o PT tivesse saído sozinho).

As reuniões da Executiva Estadual do PT-MA a toque de caixa, o atropelo na instância, a mordaça na bancada estadual, a convocação de encontros regionais sem comunicação às demais forças, as filiações em massa a partir de agora para ganhar as prévias para 2012, a vinda de Tadeu´s e Luis Fernando´s da vida ao partido, a degradação nos escândalos de desvios de dinheiro público envolvendo os sarnopetistas (casos Seduc, Fapemagate e desvios na prefeitura de Presidente Dutra), o veto à participação do campo petista que resiste à oligarquia em cargos do governo federal (vetaram o candidato a governador que dividiu o Maranhão ao meio!), a omissão do debate sobre o enfrentamento da questão das oligarquias nos documentos das próprias tendências da esquerda do PT, antes podíamos dizer que era o Lula, agora não mais (é o PT que banca o Sarney!), apenas antevêem a dura realidade: o PT peemedebizou-se pelos bigodes do Sarney.

A isso, soma-se a difícil ação unitária e articulada do campo de forças petistas antissarney. Como cantou a Legião Urbana, “quando a esperança está dispersa, só a verdade é que liberta!”. E a dura verdade é essa: o PT, jaz! Não virá por ele o projeto popular de transformação do Maranhão.

Não cuspirei no prato que comi. Há 20 anos dedico-me ao PT: do grêmio do Marista, quando entrei na juventude petista pelas mãos de Nilce, na coordenação do DCE/UFMA quando militei na articulação estudantil, na assessoria aos sindicatos e movimentos, na direção partidária em São Luís onde fui secretário de formação e na Executiva Estadual onde cheguei a Secretário-Geral, depois de ter sido secretário de organização, comunicação e agrário; estive em todos os Encontros Nacionais de Guarapari (ES)-1997 até hoje; no rompimento com a Articulação no episódio do Mensalão e na ida à Democracia Socialista/Mensagem ao Partido, na participação ativa que nos conduziu ao governo Jackson Lago, no histórico encontro em que derrotamos todos os tipos de abuso da oligarquia e vencemos com Flávio Dino. Não me arrependo de nada do que fiz no PT. Ao contrário, orgulho-me de ter vivido ao máximo a militância partidária.

Mas, para os próximos 20 anos (pelos menos!) me imponho novos desafios: mudo de casa, mas permanecerei do lado esquerdo da rua, contribuindo para reaglutinar a esperança que está dispersa.

Aos que ficam e resistem, minha solidariedade. Com eles, com certeza, nos encontraremos nas lutas e nas ruas!!
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