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General do BOPE italiano condenado por tráfico internacional

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por Wálter Fanganiello Maierovitch

1. Para reprimir o terrorismo e a criminalidade organizada mafiosa, a Itália, – que é um estado unitário e não federado como o Brasil – criou há vinte anos, uma tropa de elite. Trata-se do famoso ROS - Raggruppamento Operativo Speciale.

O ROS, grosso modo, é uma espécie de Bope àitaliana.  Ele é constituído por membros dos Carabineiros, que é a  polícia militar de lá.

Na Itália e para a segurança pública, atuam diferentes e independentes polícias. E não falta sinergia entre elas. Além da polícia militar (carabineiros), atuam  a polícia civil, a guarda de finanças e a polícia penitenciária.

O comandante do ROS, general-carabineiro Giampaolo Ganzer, 61 anos de idade, foi condenado à pena de 14 anos de prisão por tráfico internacional e interno de drogas ilícitas.

Com ele foram condenadas outros 13 réus, dentre eles vários carabineiros, o general Mauro Obinu e o narcotraficante libanês Jean Bou Chaaya, que está foragido.

A condenação, proveniente do Tribunal de Milão (órgão de primeira instância de uma Justiça composta por três graus- Tribunal, Corte de Apelação e Corte de Cassação)  e ainda sujeita a recurso de apelação, foi surpreendente. E a  motivação da sentença, que veio à luz ontem, surpreendeu até o ex-procurador nacional Antimáfia, Pierluigi Vigna, já aposentado por idade: Vigna, de muito respeito em toda a Itália, saiu em defesa do general Ganzer.

Até a condenação, o general Giampaolo Ganzer, com 35 anos de tempo de serviço,  era admiradíssimo por toda a Itália, pela eficiência e correção. O general realizou as maiores apreensões de drogas e dinheiro sujo de toda a história policial do seu país. Realizava gigantescas apreensões em operações que ficaram conhecidas internacionalmente.

A sentença condenatória surpreende. Segundo ela, o general Ganzer fazia ilegais acordos com narcotraficantes. Isto em troca de operações espetaculares e sempre com ampla cobertura da mídia.

Agentes infiltrados em organizações criminosas com autorização judicial e acompanhamento pela magistratura do ministério Público atuariam, a mando do general Ganzer, nessas operações e depois de tudo acertado com os chefões do narcotráfico.

Pela sentença, o general Ganzer não levava dinheiro dos narcos. Sua meta seria conquistar prestígio pessoal e para a corporação que comandava. Com o grande prestígio que gozava, o general Ganzer poderia concorrer a um cargo na Câmara ou no Senado e seria imbatível.

2. O supracitado Vigna, que esteve 8 anos à frente da Procuradoria Nacional Antimáfia, destacou que o general é um homem honrado e que, pelas grandes apreensões de drogas proibidas, salvou a Itália de mergulhar numa epidemia.

O general Ganzer sempre negou as acusações. Só que muitos dos policiais acusados de atuar em concurso com o general Ganzer realizaram, no curso do processo, o “pattegiamento” (barganha entre acusação e defesa), ou seja, admitiram a co-autoria do crime e receberam penas brandas.

3. Pano Rápido
Se a sentença de Milão foi correta, fica mais uma suspeita de que grandes apreensões pelo planeta, com apenas peixes pequenos presos, podem representar uma grande armação. Com muitos quilos de cocaína  para distrair a mídia e causar,na população, a falsa impressão de eficiência.

Fonte: Terra Magazzine
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