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FeliS: “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”

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Rafaela Vidigal

São Luís, MA - “Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”. A frase é do escritor russo Liev Tolstói, mas ilustra bem a palestra “Literatura fora do eixo: diálogos possíveis”, realizada no Café Literário, na tarde desta sexta-feira (4), com os poetas Carlos Gurgel e Cineas Santos, durante a 7ª Feira do Livro, evento promovido pela Prefeitura de São Luís.

Os autores trouxeram ao debate um estilo literário de vida que não se preocupa em estar presente nos grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro, mas sim, tem como prioridade o reconhecimento por seus conterrâneos e a possibilidade de que suas obras contribuam para a mudança social de suas localidades.

Cineas Santos, poeta e escritor piauiense, iniciou sua apresentação falando sobre seu projeto de integração e intercâmbio de autores do Piauí e do Maranhão, estados separados apenas por um rio. Para o autor “é necessário construir uma ponte cultural entre São Luís e Teresina, para que exista um diálogo e troca de experiências constantes entre os escritores”, disse.

O poeta piauiense afirma que existe uma falta de informação generalizada entre os autores sobre a criação literária do nordeste, que na visão de Cineas é uma grande ilha em que cada estado tenta se sobresair dos demais e entrar no circuito cultural do eixo Rio-São Paulo. Para Cineas Santos, que autor é de vários livros, o mais importante é a contribuição para a melhoria de sua localidade de origem: “já tive várias oportunidades de sair do meu estado, mas preferi fica em Teresina, onde sou mais feliz”, finaliza.

Carlos Gurgel, poeta potiguar, começou o debate com a leitura de um trecho de seu mais recente livro “Dramática Gramática”, e seguiu falando sobre os caminhos que o levaram à literatura.

O autor, que organiza projetos literários no Rio Grande do Norte, como a “Galeria do Povo” e o “Festival de Artes dos Reis Magos”, acompanha em partes o pensamento de Cineas, mas não é vê empecilhos em escritores tentarem sair da terra de origem. “Se o autor acha que tem que sair para os grandes centros, tudo bem, cada um sabe o que é melhor para si”, comentou.

Para o público, que acompanhava atento cada informação lançada, o debate tem importância à medida que discute os limites de atuação dos escritores. “É interessante observar o diálogo entre os poetas, respeitando o posicionamento de cada um, que se diferenciam entre ficar em sua terra natal ou tentar seguir para centros grandes culturais”, comentou a estudante Aline Silva.

O Café Literário da 7ª Feira do Livro de São Luís é um espaço plural em que diversos palestrantes podem dialogar com o público e expor seus pontos de vista sobre os mais diversos assuntos do mundo da leitura.

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