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Domínio do gato: Liminar do STF desobriga Perillo de depor em CPMI

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Najla Passos, Correio do Brasil

Liminar concedida nesta segunda (19) pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, desobriga o governador de Goiás, Marconi Perrillo (PSDB), à comparecer à CPMI do Cachoeira para depôr, caso venha a ser reconvocado.

O ministro entendeu que eventual convocação do governador pela CPI afrontartia a autonomia federativa. “Os estados gozam de autonomia e esta é flexibilizada mediante preceito da própria Carta de 1988”, justifica Mello.

Com base no mesmo princípio, a defesa de Perillo já planeja usar a decisão para livrá-lo também do provável indiciamento no relatório final da CPI, que será apresentado pelo relator da matéria, deputado Odair Cunha (PT-MG), nesta quarta (21).

O deputado não antecipou o conteúdo do seu parecer, mas disse, em seu blog, que o teor é “contundente”. Disse também que irá indiciar todos os convocados que se recusaram a depôr.

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A CPMI investiga as relações do esquema criminoso do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com agentes públicos e privados. O nome do governador de Goiás apareceu como um dos primeiros suspeitos de ligações com o esquema. Ele é citado em 237 conversas telefônicas de membros da quadrilha, grampeadas pela Polícia Federal (PF) com autorização da Justiça.

Conforme o relator da CPMI já informou à imprensa, o governador usou caixa dois para pagar suas dívidas de campanha. O jornalista Luiz Carlos Cordoni, que já foi filiado ao PSDB e trabalhou nas três últimas campanhas de Perillo, afirmou, em depoimento à CPMI, que recebeu seus honorários tanto em dinheiro vivo, sem recibo, quanto via depósitos das empresas de fachada que operavam o esquema criminoso do contraventor.

Perillo é apontado também como o real proprietário da mansão em que o bicheiro foi preso, em Goiânia, em fevereiro, durante a Operação Monte Carlo da PF. Embora ele afirme que já tivesse vendido à casa, o registro, lavrado posteriormente em outro município, no cartório de um outro tucano, levantou suspeição sobre a ideoneidade do negócio.

Relatório final
O relatório final do deputado Odair Cunha deverá apresentar mais de mil páginas que, após serem lidas, serão discutidas e votadas em sessão. Os demais parlamentares tem prazo de cinco dias para vistas.

Segundo informações da Agência Câmara, foram analisados 69.694 páginas de sigilos bancários, 11.333 de sigilos fiscais de 75 pessoas físicas e jurídicas e 45.594 de extratos de ligações telefônicas. Somando documentos, planilhas, fotos, vídeos, extratos, áudios e relatórios analíticos, chega-se ao total de 1,1 terabyte de informações recebidas pela CPI do Cachoeira.
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