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Casa de radialista é alvo de tiros em João Pessoa

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por Paulo Cosme
e Jonas Batista

O radialista Vinícius Henriques, do Sistema Arapuan de Comunicação e que apresenta o programa policial Rota da Notícia, da Rádio Arapuã FM de João Pessoa-PB foi alvo de um atentado na madrugada deste sábado (28). Ele teve a casa metralhada com dois tiros de espingarda calibre 12.

Vinicius é repórter do "Cidade em Ação" da TV Arapuã em João Pessoa
Vinícius Henriques, que também é policial aposentado e repórter do programa Cidade em Ação da TV Arapuã (afiliada da RedeTV!), contou que por volta das 03h30 estava dormindo em casa, na Rua Juiz José Saldanha, no conjunto Castelo Branco, quando escutou dois estrondos, mas a priori pensou que tivesse sido um acidente automobilístico ocorrido no binário.

Ele disse que viu uma grande luminosidade em frente a sua residência e resolveu ligar os vigias de rua que vieram ao local. O jornalista saiu de dentro de casa e percebeu que o portão da sua residência tinha sido atingido com tiros de espingarda calibre 12 e que também atingiram o veículo.

O jornalista disse que imediatamente ligou para o Centro Integrado de Operações Policiais, (Ciop) e a viatura demorou cerca de vinte minutos para chegar ao local. Durante as investigações, surgiu a informação de que os autores do atentado foram cinco homens que estavam em três motos.

Ao comentar sobre o fato, o jornalista Vinicius Henriques disse que isso não vai lhe intimidar e ele vai continuar com o seu trabalho diário de defender a sociedade da bandidagem. “Não quero atribuir esse atentado a ninguém, mas o alvo era eu, fizeram isso para me intimidar, porque só falo a verdade, não tenho medo de nada e de ninguém e tirei o primeiro lugar no Ibope e isso está incomodando muita gente”, Destacou.

De acordo com Vinícius Henriques, o que aconteceu com ele é reflexo da violência desenfreada que vem imperando em todo o Brasil. “Fizeram isso comigo, mataram um companheiro no Maranhão, imaginem com outras pessoas indefesas que não têm a quem recorrer,” finalizou.

API repudia atentado
A Associação Paraibana de Imprensa (API) divulgou uma nota oficial na tarde do sábado passado (dia 28) condenando o atentado ocorrido na madrugada deste sábado, na residência do radialista e repórter policial Vinícius Henriques, do Sistema Arapuan de Comunicação.

A API repudiou o ato que classificou como um crime e uma ameaça a liberdade de expressão e contra o Estado Democrático de Direito.

Na nota, a associação espera uma rápida apuração dos fatos que têm indícios de represália às denúncias sobre o crime organizado no Estado.

Veja a íntegra da Nota:


“A Associação Paraibana de Imprensa (API) repudia o ato violento praticado contra o radialista Vinícius Henriques que teve sua casa crivada de tiros de espingarda calibre 12 durante a madrugada deste sábado (28), fato ocorrido por volta das três horas, quando motoqueiros armadas de revolveres e espingarda, dispararam tiros na residência do profissional que perfurou o portão da casa, atingindo ainda um veículo e objetos que estavam na garagem.

Ato dessa natureza configura-se uma ameaça contra a liberdade de expressão e contra o Estado Democrático de Direito. Nós, que fazemos a API, reforçamos o compromisso com a informação ética, responsável e temos envidado esforços para construir uma cultura de paz na Paraíba, através do diálogo permanente com outras entidades da sociedade civil que também defendem o respeito aos direitos humanos. Portanto, julgamos inadmissível qualquer forma de intimidação aos direitos individuais ou coletivos, garantidos constitucionalmente.

Ao mesmo tempo em que a API se solidariza com o colega Vinicius Henriques, exige do poder público, em todas as esferas, uma rápida apuração dos fatos que têm indícios de represália às denúncias sobre o crime organizado no Estado, conforme atribui o próprio radialista que comanda um programa policial na Rádio Arapuan.

Marcela Sitônio
Presidente

Mais ameaçados
Os jornalistas da área policial da Paraíba têm mesmo com o que se preocupar. Hoje pela manhã, o secretário de Segurança do Estado, Claudio Lima, revelou, numa conversa informal, aos jornalistas Clilson Júnior e Vinícius Henriques, que o apresentador da TV Arapuan, Anacleto Reinaldo, estava na 'lista da morte' do traficante 'Fão'.

De acordo com o secretário, o serviço de inteligência da polícia chegou à informação a partir de escutas telefônicas onde o traficante determina a execução de Anacleto.

Claudio Lima revelou também que procurou o proprietário da TV Arapuan, João Gregório, para relatar o fato e disponibilizar proteção policial ao jornalista que durante duas semanas foi protegido por seguranças.
O jornalista Anacleto Reinalo teria entrado na 'lista negra' do traficante por revelar suas ações na televisão. 'Fão' era um dos responsáveis pelo comando do tráfico de drogas nos bairros São José, Alto do Mateus, Ilha do Bispo, Novais e Mandacaru e atualmente está preso no Presídio Federal de Rondônia.

As declarações de Claudio Lima aconteceram na residência do radialista Vinicius Henriques, que foi surpreendido com a ação de bandidos que alvejaram seu carro e sua casa a tiros.

O comunicador responsabilizou o crime organizado pelo atentado, pois comanda o programa Rota da Notícia, na Rádio Arapuan, que é primeiro lugar no IBOPE, e denuncia todas as ações dos bandidos na Paraíba.

Casos no Brasil
No último dia 23, o jornalista Décio Sá, foi executado com seis tiros em um restaurante, em São Luís (MA). O repórter publicava reportagens investigativas em seu blog, um dos mais acessados do Estado, e trabalhava na editoria de política do jornal O Estado do Maranhão, da família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).

O assassinato do jornalista da Rede Globo, Tim Lopes, em 2002, foi um dos casos que mais chocaram o Brasil. Ele desapareceu no dia 2 de junho do referido ano.

Depoimentos de narcotraficantes presos indicaram que ele teria sido sequestrado e morto entre as 22 e 24h daquele dia. Sua morte somente foi confirmada em 5 de julho, após exame de DNA dos fragmentos de ossos encontrados num cemitério clandestino.

A Campanha Emblema de Imprensa informou que o Brasil é o segundo país mais perigoso do mundo para jornalistas trabalharem. Somente no primeiro trimestre de 2012, cinco profissionais de imprensa morreram de forma violenta, sendo que, no mundo inteiro, 31 jornalistas foram mortos no mesmo período. Isso representa um aumento de 50% em relação ao mesmo período de 2011.

Também neste ano, o Brasil caiu 41 posições no Ranking de Liberdade de Imprensa, realizado anualmente pela organização Repórteres Sem Fronteiras. O país caiu do 58º lugar, que ocupava em 2010, para o 99º, no levantamento 2011-2012. Esta é a segunda queda mais acentuada entre os países da América Latina, destaca a entidade, que relaciona o péssimo desempenho brasileiro ao "alto índice de violência".

Fontes: Clickpb e Paraiba.com
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