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De norte a sul, de leste a oeste, debates que não convenceram

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Weslian Roriz (PSC-DF), Geddel Viera Lima (PMDB-BA), Sérgio Cabral (PMDB-RJ), Cid Gomes (PSB-CE), Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e Antonio Anastasia (PSDB-MG) (foto: montagem)

Uma noite de política à brasileira. Para começar, os 27 debates foram, todos eles, pilotados por uma única emissora. Do PSOLao DEM, do PCdoB ao PSDB, do PT ao PRP, Brasil afora todos na Globo e afiliadas. Política e exercício democrático noite adentro, mas também muito mico, humor, escracho, constrangimento, muita vergonha alheia, denúncia... e inteligência...

Em alguns destes quesitos brilhou, por exemplo, Weslian Roriz (PSC). O marido, o Joaquim Roriz, como se sabe abandonou a disputa no Distrito Federal. Abatido pelo sopro das fichas limpas, o Joaquim indicou a mulher para substituí-lo. Na disputa e no debate. Quem viu de perto garante ter sido performance única, a de Weslian.

No seu auge, quiçá um lapso freudiano, Weslian de Joaquim confessou:
- Quero defender toda aquela corrupção...

Por volta da meia-noite Weslian de Roriz era a primeira nos Trending Topics Brasil. Menos de duas horas depois, Weslian já era líder entre os assuntos mais comentados no Twitter Mundial.

Em São Paulo, Celso Russomano, do PP, fez tabelinha com Mercadante (PT) e este tentou chamar Alckmin (PSDB) para o confronto verbal por quatro vezes. Em vão. O ex-governador, líder nas pesquisas, buscou a moita. De lá, em algum momento, revelou já ter zerado o ICMS "do biscoito sem recheio".

Russomano, quase sempre com uma contundência desproporcional aos temas e meio ambiente, encaixou:
- Você conhece números pra chuchu...

O tucano, atento ao manual do bom marketing, iniciou a resposta com o indicador em riste e a admoestação:
- Respeito, respeito é bom...

No último bloco, um tilt no microfone no instante em que Alckmin perguntava. Alguns segundos de perplexidade até que a Globo tirasse o debate do ar. Finda a pugna, a emissora informaria, via assessoria, não ter como precisar se houve uma "falha no sistema de áudio" ou um simples "zumbido".

Tempo quente no Rio Grande do Sul. Aroldo Medina, do PRP, avisou logo no 1º bloco do debate que nesta quarta-feira, ao meio dia, irá apresentar denúncia sobre atuação de empresa no governo Yeda Crusius (PSDB).

A tucana, por seu lado, disse que Tarso Genro (PT) disse que o Rio Grande do Sul não existe, embora Tarso Genro não tenha dito o que Yeda disse que ele disse.

Em resposta, sorrindo, Tarso Genro disse:
- A governadora não pode viajar ao exterior para captar recursos, não pode deixar o cargo... (Como se sabe, Paulo Afonso Feijó, do DEM e vice de Yeda Crusius é 'O' inimigo. O homem que quase detonou seu governo.)

Nas "considerações finais", a veia poética de Yeda:
- ...São tantos contra uma. Doeu. Usam palavras como punhal...

Minutos antes, uma punhalada de Aroldo Medina ao comentar as anotações, a "cola", de Yeda:
- A senhora tem que conversar mais com seu espelho para poder ter ideias próprias...

Carmelito Smighuel, do PMN de Santa Catarina, tem ideias e vocabulário próprios. Expostos ao dizer que está "cansado de ser sacaneado" por políticos.

Outra ideia apresentada por Carmelito ao eleitorado foi a de que "o PT manda dinheiro para os gringos".

O PSOL, como é de conhecimento geral, é um partido mais à esquerda do que estão na esquerda tradicional. Assim sendo, causou certo espanto Avilete Cruz, candidata do partido em Sergipe, reproduzir a boataria da mais extremada direita sobre participação de Dilma Rousseff em atos "terroristas e assassinatos".

Marcelo Déda, governador do PT e candidato à reeleição, disparou na canela de Avilete:
- O PSOL é um partido de esquerda. Uma pessoa que diz representar um partido de esquerda calunia uma lutadora social, que resistiu ao regime militar (...) É inaceitável que a calúnia e a agressão se transformem em bandeira política (...) para agressão gratuita, para xingamento, para baixaria.

O tempo esquentou também no Ceará. Segundo relato de Wanderley Filho, da "Jangadeiro", o debate foi morno, mas com quizumba nos bastidores. Se desentenderam Roberto Pessoa, coordenador de campanha de Lúcio Alcântara e prefeito de Maracanaú, e Ciro Gomes (PSB), irmão do governador Cid. Conta Wanderley Filho que Pessoa "acusou o deputado (Ciro Gomes) de ter puxado seu nariz". Pessoa revidou "pisando no pé de Ciro". Não se sabe se alguém disse "quem for homem, cuspa aqui".

No Rio de Janeiro, Fernando Peregrino (PR) levantou o tema da "mansão" de R$ 4 milhões do Sérgio Cabral (PMDB); que teria sido declarada por R$ 200 mil. Cabral chutou de volta:
- Nunca tive problemas com a Justiça. Tenho esta casa há 12 anos. Você é patrocinado por um cidadão que é candidato graças a uma liminar (Anthony Garotinho). E também por uma cidadã que foi prefeita cassada em Campos (Rosinha Garotinho).

No Tocantins, Siqueira Campos (PSDB) disse que a esposa de outro candidato, Gaguim (PMDB), é "uma moça de bem", mas que ele não é. O dito Gaguim pediu respeito à sua família e mandou bala na família do adversário:
- ...quem deixou a esposa no Tocantins e foi para o Japão com outra foi o Siqueira Campos. Ele que teve filhos fora do casamento...

Pano rápido
Em Roraima, lá na fronteira com a Venezuela, o governador e candidato à reeleição Anchieta (PMDB) foi vaiado por militantes do PP. Para conter o berreiro em frente à TV a polícia usou spray de pimenta. Entre os feridos uma mulher, levada ao SAMU.

Em Brasília, nas escaramuças entre simpatizantes de Roriz e Agnelo Queiróz (PT), só tapas. Sem feridos.

Na Bahia, Paulo Souto (DEM) queixou-se de Jaques Wagner (PT), "totalmente intolerante com críticas de adversários" a quem, disse Souto, chama de "bando de abestalhados".

Ainda na Bahia, Marcos Mendes (PSOL) acusou Geddel Viera Lima (PMDB) de desvio de R$ 1 milhão, de ter adquirido seis apartamentos de luxo em Brasília e um jatinho de R$ 15 milhões.

Geddel tratou Mendes como um "irresponsável" e o acusou de estar envolvido em esquema (imobiliário) dos "Transcons" através do Instituto Búzios.

Em toda a noitada Brasil afora houve, é claro, momentos muitos de Alta Política, de rasgos de inteligência e mesmo ternura. Este site publicou quase cinco dezenas de relatos com porções edificantes desta rodada democrática. Mas não poderia deixar de recolher e costurar, aqui e ali, estes outros retalhos da política à brasileira.

Fonte: Terra Magazine


Nota do Blogueiro: o título é do Blogue, o original é "Denúncias, micos, vaia e brigas marcam noitada de debates".
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