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Famíliares rechaçam que juíza tenha dispensado escolta como afirmou presidente do TJ do Rio

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por Leo Pinheiro

No velório da juíza Patrícia Acioli, ontem, parentes da magistrada desmentiram a versão de que ela teria dispensado, por conta própria, sua escolta pessoal.

A versão de que Patrícia decidiu não usar mais a segurança oferecida a autoridades ameaçadas de morte foi dada na manhã de hoje pelo presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Manoel Alberto Rebêlo dos Santos.

Prima de primeiro grau da juíza, a médica Mônica Lourival negou que tenha partido de Patrícia a dispensa da escolta. “Infelizmente as pessoas que são honestas recebem essa punição. Ela era uma pessoa de caráter sério, incorruptível. Tinha uma vida simples, um carro simples. O estado não protegeu essa pessoa. Há muito tempo ela pedia escolta. Nunca dispensou a segurança. A segurança simplesmente acabou e ela continuava aflita porque sabia que era uma pessoa visada”, criticou.

Segundo o presidente do TJ, ameaças de morte identificadas contra Patrícia Acioli levaram o tribunal a determinar escolta por três policiais militares, em regime de 24 horas, entre 2002 e 2007. A partir de uma reavaliação da situação da juíza, ficou decidido, então, que ela passaria a andar com apenas um segurança. Patrícia, a partir daí, segundo a versão do TJ, teria preferido andar sem guarda-costas.

Amiga mais próxima da juíza, uma mulher que se identificou no velório apenas como Bernadete se disse indignada com a versão de que Patrícia tenha dispensado a escolta. “Patrícia nunca dispensou escolta, isso é mentira. Ela não vai poder provar porque está morta. O ex-namorado dela, o cabo da PM Marcelo Poubel de Araújo, fazia a segurança dela informalmente. Como ele não morava com ela, não podia vigiá-la o tempo todo”, afirmou.

Bernadete estava dentro da casa de Patrícia na hora do assassinato. “Escutamos uma movimentação estranha na casa ao lado, que esta vazia, há meses anunciada para aluguel. A pitbull Júlia, da Patrícia, latia muito, mas nós não suspeitamos de nada. Até que ouvimos os tiros”, contou.

Dentro da casa, com Bernadete, estavam o filho da juíza, Mike, 21 anos, estudante de Direito. A magistrada deixa também duas filhas de 10 e 12 anos. Patrícia Acioli morava há oito meses na casa em um condomínio do bairro de Piratininga, na região oceânica de Niterói.

Discussão com policial – Vizinhos que compareceram ao velório afirmaram que há três meses foi ouvida uma grave discussão entre Patrícia e seu ex-namorado, o policial Poubel. A polícia teria sido chamada no momento do bate-boca. Poubel, segundo amigos da juíza, parecia não aceitar o rompimento. A juíza teria se envolvido, então, com outro homem, que também seria policial.

Poubel, que é cabo, prestou depoimento durante mais de quatro horas na Divisão de Homicídios (DH) da capital, na Barra da Tijuca. A informação oficial era de que a polícia procura, a partir do relato dele, estabelecer com precisão a rotina e os hábitos dos últimos dias da juíza.

No fim da tarde, o delegado titular da DH, Felipe Ettore, afirmou que nenhuma linha de investigação está descartada, pois há muitas origens possíveis do ataque à juíza. “Estamos investigando o autor e o mandante da execução. Não há linha de investigação ainda”, disse Ettore, que designou 60% do efetivo da Divisão de Homicídios para o caso.

De acordo com o delegado, foram encontrados 21 tiros no corpo de Patrícia Acioli, de calibers .40 e .45. Apesar de não confirmar oficialmente, a polícia tem fortes razões para acreditar que policiais ou ex-policiais estejam envolvidos no assassinato. Ao longo de sua carreira, a juíza mandou para a prisão cerca de 60 agentes de segurança envolvidos com crimes.

Fonte: Veja.com
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