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Masculino e Feminino. Ou seria o Super-Homem

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Duas músicas me instigaram desde cedo pela questão de gênero. Super-homem – A Canção, de Gilberto Gil, lançado em 1979, para dançar coladinho. E Masculino e Feminino, de Pepeu Gomes, do ano de 1983, para dançar livre e solto.

Somente em 1975 a ONU passou a chancelar o Dia Internacional da Mulher. Mas, desde o início do século XX e fim do XIX que iniciativas surgiam para marcar a data. Sempre no crepúsculo de fevereiro ou alvorecer de março.

Em 1984 tornei-me o presidente do Conselho Fiscal do Céu, órgão máximo do Clube dos Estudantes Universitários. A gestão era uma espécie de sistema parlamentar. Os presidentes dos Centro Acadêmicos eleitos pelo conjunto dos estudantes indicava a diretoria executiva. Creia, em momentos de impasse, o Clube funcionava sem esta diretoria. Como a Bélgica que passou um ano e meio sem gabinete após as eleições parlamentares de 2010.

Do Céu para o inferno

Sim, o Conselho dizia até quais as músicas mais tocadas no Clube. E naquele ano de 1984 durante o mês de março, Maria, Maria de Milton Nascimento, lançada em 1978 dividiu o espaço com Gil e Pepeu. Foi um Deus-Me-Acuda no Céu. As mulheres e a galera GLTTB aplaudiram a mudança. Os machistas chiaram barbaridade e se mandaram para o inferno, para as boates concorrentes na cidade: Maria Fumaça e a Skina.

Do purgatório para o Céu

Curiosamente, enquanto os incomodados se mudavam, grande parte do público das concorrentes saía de seus purgatórios para o Céu com o objetivo de ouvir e dançar ao som de Super-Homem e Masculino e Feminino. Elas eram muito pouco tocadas nas rádios e nas telinhas. Como resultado deste troca-troca, aumentamos nossa bilheteria e nos aproximamos de quem jamais nos tinha frequentado pela falta de ar-condicionado no salão.

A questão de gênero é posta todos os dias na sociedade desde o surgimento do estado. Desde o modo de produção escravocrata. Mesmo no estágio mais avançado do comunismo primitivo ela estava lá. Somente no começo dos tempos, quando havia o extinto instituto da poliandria, as mulheres gozaram de direitos plenos.

Por isso mesmo, no pós-capitalismo como querem uns ou na pré-barbárie como sugerem outros, comemorar o Dia Internacional da Mulher é uma atitude de progresso e altivez.

Masculino e Feminino

Nem sabia eu que as duas músicas adjetivas pelas quais moinhos foram movidos para tocar no Céu, tornariam-se duas mulheres substantivas na minha vida e do meu filho. Simone, a mãe que fazia administração naqueles tempos, e a Ana Paula Fernanda, a filha nascida em 1990. Eu e o Artur, nascido em 4 de julho de 1988, o filho, desejamos para ambas um feliz Dia Internacional da Mulher. Não sei até quando vão nos perdoar pela falta de ser homens femininos. Afinal, se Deus é menino e menina, precisamos ser masculino e feminino. Ainda bem que fica a certeza de ter abandonado a ilusão de que ser homem bastaria. E que o mundo masculino tudo nos traria!

Frederico Luiz





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