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Travessia comemora 1 ano com mais de 11 mil viagens

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“Conseguir cadastrar o Vitor no Travessia foi ótimo. Hoje consigo organizar meu dia com tranquilidade, realizar todas as tarefas domésticas até a hora que a van chega. Não preciso acordar cedo como antes e passar a manhã na correria com medo de perder o atendimento médico ou chegar atrasada ao hospital. Muitas vezes ele teve que esperar todos serem atendidos por causa do atraso”, falou com entusiasmo Valdilene Silva, 28 anos mãe do Vítor Gustavo Silva, 11 anos portador de paralisia cerebral.

O pequeno Vítor é um dos 648 usuários cadastrados no ‘Travessia’, programa implantado pelo Governo do Estado, por meio da Agência Estadual de Transporte e Mobilidade Urbana (MOB). A iniciativa tem como finalidade promover a inclusão social e cidadania, além da gestão pública de serviços essenciais como a mobilidade. O serviço atende pessoas com deficiência usuárias de cadeira de rodas, deficientes visuais e crianças com microcefalia.

Valdilene recorda que antes do Travessia, nos dias que precisava levar o Vítor para ser atendido era um verdadeiro sacrifício, pois além de ter que acordar muito cedo, caminhava com o filho no colo durante sete minutos até o ponto de ônibus, segundo ela, preferia levá-lo nos braços a utilizar a cadeira de rodas.

Vítor Gustavo Silva, 11 anos, beneficiado pelo Travessia. Fotos: Handson Chagas

“Com ele nos braços passava mais de 40 minutos esperando ônibus e com a cadeira ficava mais de 1h. A espera acontecia porque alguns motoristas nem paravam ou muitas vezes o elevador não funcionava. Eram dias muitos agitados e ele sofria muito, pois ficava agitado e impaciente ao passar por todo este sofrimento”, desabafou.

Vítor utiliza o serviço três vezes por semana para atendimentos médicos, os destinos são a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), localizada no Outeiro da Cruz, onde recebe atendimento de fisioterapia motora e, o Centro Especializado de Reabilitação e Promoção da Saúde, situado no Olho d’ Água, para onde vai duas vezes por semana para atendimento de fonoaudiologia e sessões de fisioterapia ocupacional e de psicomotricidade. Para usuários assim como ele, o Travessia tem capacidade de atendimento para até 1000 viagens ao mês, tanto em São Luís, quanto em Imperatriz.

Para a dona de casa, o projeto facilita sua rotina, pois atualmente ela leva apenas 30 minutos para ir e voltar com o Vitor ao Centro Especializado de Reabilitação e Promoção da Saúde, antes era uma média de 2h. Para ir à Apae, eram gastos mais de 2h30 de deslocamento, hoje são apenas 40 minutos.

A mãe de Vitor contou ainda que ele está cadastrado no programa há seis meses e não teve dificuldade alguma para realizá-lo. Após terlevado todos os documentos necessários para o cadastro na sede da Mob, ela recebeu o telefonema de confirmação da vaga, cinco dias depois.

Laços Afetivos
Valdilene elogia o trabalho dos motoristas, ela revela que os quatros profissionais são atenciosos e competentes. Não há atrasos e tratam muito bem os usuários e seus familiares. “Nunca tive problemas com atrasos ou a falta do atendimento nos dias que preciso. Há uma relação de amizade entre os motoristas e o Vitor, tratam ele com muito carinho e atenção, dá para perceber que são bem preparados para exercerem tal função. Isso me deixa muito feliz, pois como mãe vejo que o projeto está proporcionando ao meu filho muito mais do que uma ida ao hospital ”, falou com emoção.

Com um sorriso no rosto, o motorista Luiz Carlos Nunes, descreve que é realizado por fazer parte de um projeto tão importante, responsável pela inserção de portadores de deficiência na sociedade. Ele ressalta ainda que a iniciativa do governo foi de extrema importância para uma parte da população que de uma certa forma era esquecida.

“Eu gosto muito do que faço, trato todos eles com respeito e carinho, e eles também me tratam bem. Inclusive já recebi proposta para trabalhar na garagem da empresa e recusei, pois, me sinto feliz por trabalhar diretamente com os portadores e seus familiares. Não importa se o usuário mora longe ou se o percurso é longo, o importante é proporcionar a eles uma qualidade de vida melhor”, disse.

Um ano de Travessia
O projeto que completa um ano neste mês, realizou mais de 5.000 atendimentos, que resultaram em 11.026 viagens apenas na Região Metropolitana de São Luís. Ao longo do ano o Travessia foi expandido para atendimentos para crianças com microcefalia e deficientes visuais.

Maxwell Ayres Maciel [Foto destacada nesta página], 33 anos, é universitário e fala com orgulho de ser o usuário que possui a carteirinha número um do projeto. O estudante relatou que no início ele se cadastrou na modalidade esporádica (utilizado eventualmente), utilizava para ir a consultas médicas, resolver problemas, entre outros. Posteriormente ele conseguiu se cadastrar na modalidade permanente, que pode ser utilizada durante todo o ano e cujas viagens não precisam ser marcadas, já são automaticamente agendadas.

“Utilizo o serviço seis vezes por semana, de segunda a sexta-feira para ir e voltar da faculdade e aos sábados presto um trabalho voluntário no Hospital Aldenora Belo, a qual também utilizo o Travessia”, contou.

Ao falar de como era a vida antes do projeto, Maxwell relatou que gastava em média um valor de R$ 300,00 a R$ 350,00 por mês para ir a faculdade diariamente, porém pontua que as dificuldades enfrentadas não eram apenas de ordem econômica. Pois, mesmo tendo dinheiro para pagar um táxi, ele sofria exclusão e preconceito, pois muitos taxistas se recusavam a levá-lo ao destino.

“Se eu decidisse pegar um ônibus o grau de dificuldade aumentava, pois além dos ônibus não pararem, eu ficava horas nas paradas e terminais e 90% dos elevadores não funcionavam. Muitas vezes perdi compromissos, me atrasei para aulas por conta desta realidade”, reclamou.

Por fim, Maxwell afirma que o projeto Travessia vai além de um simples programa que proporciona mobilidade urbana para os usuários, é um serviço que está promovendo, de fato, a inserção do portador de deficiência na sociedade. “O projeto é grandioso, o governador Flávio Dino nos olhou com atenção e carinho. Neste um ano temos muito o que comemorar, pois além do projeto ser implantado está a cada dia alcançando mais pessoas. Por essa razão é necessário que se amplie e seja dado continuidade”, concluiu.

De acordo com o presidente da Agência Estadual de Transporte e Mobilidade Urbana (MOB), Arthur Cabral o projeto é motivo de orgulho e satisfação, a partir do momento que foi provado que é um programa de grande utilidade e necessário para esta parte da população, antes esquecida pelo poder público. “O primeiro ano de projeto é um grande sucesso, outras pessoas foram incluídas além dos cadeirantes, como crianças com microcefalia e deficientes visuais. Em dezembro também foi implantado em Imperatriz que irá crescer aos poucos como o daqui. No próximo ano será levado à região de Timon e Caxias”, esclareceu.

O presidente da Mob pontuou que devido ao ritmo do Projeto na Grande Ilha, em pouco tempo será necessários aumentar o número de ofertas em São Luís. O presidente também falou dos novos serviços, como Travessia na Praia, Travessia no Cinema e Travessia na Folia, projetos pilotos que já começaram a ser experimentados.

Arthur explica que a iniciativa surgiu a partir de uma necessidade em oferecer opções de lazer para os usuários, que muitas vezes não utilizavam o Travessia para o lazer por vários motivos, mesmo sendo um direito deles. “O Travessia cumpre um grande papel que é muito emblemático neste governo que é levar o serviço do Estado para os cidadãos, levando cidadania às pessoas e resgatando os direitos delas”, finalizou.

Atendimento
Maiores informações sobre como utilizar o serviço podem ser buscadas por meio do site da MOB, www.mob.ma.gov.br, ou pelo telefone 3254-0347.

Números
648 - Cadastrados em São Luís
5.796 - Atendimento durante um ano
11.026 - Viagens durante um ano
1.000 - Capacidade de viagens ao mês em São Luís
1.000 - Capacidade de viagens em Imperatriz

Gladys Alves, Agência de Notícias Maranhão
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