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Filhote de tucano preso no PA ganha gaiola Vip

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Na sexta-feira passada (16), a Polícia Federal prendeu o advogado Alberto Lima da Silva Jatene, também conhecido como Beto Jatene, filho do governador tucano do Pará, Simão Jatene. Ele foi acusado de ter recebido mais de R$ 2 milhões no esquema criminoso da cobrança dos royalties de exploração mineral, no âmbito da chamada Operação Timóteo – que também resultou na condução coercitiva do “pastor” Silas Malafaia. A notícia não virou destaque na mídia nacional. Não foi chamada de capa dos jornalões e nem motivo de comentários hidrófobos nas telinhas da televisão. Imagine se a PF tivesse detido o filho do ex-presidente Lula ou de algum líder de esquerda? Seria o maior escarcéu!

E o pior nem foi esta seletiva omissão. Segundo uma notinha bem minúscula, postada no site da revista Época nesta segunda-feira (19), o “filhote” tucano ainda teve tratamento privilegiado na prisão e logo foi solto. Vale conferir a nota, assinada pelo insuspeito Murilo Ramos:
Filho do governador do Pará foi preso em carceragem "VIP"

Alberto Jatene, filho do governador paraense, Simão Jatene (PSDB), foi detido na sexta-feira na Operação Timóteo, que também envolveu o pastor Silas Malafaia em condução coercitiva. Jatene foi liberado no domingo (18), mas, nos dois dias em que permaneceu sob custódia, teve tratamento para lá de VIP. Apesar de a Justiça ter determinado que ele fosse levado à carceragem da Polícia Federal, Beto, como é conhecido no Pará, ficou numa cela individual de uma unidade do Corpo de Bombeiros de Belém, com direito a micro-ondas, televisão e ar-condicionado. Além disso, recebeu visitas do pai em horários fora do padrão do sistema penitenciário do estado, das 8 às 18 horas. (Murilo Ramos, Época)
Esta não é a primeira vez que Beto Jatene é acusado de envolvimento em ações suspeitas. Como lembra a blogueira Helena Sthephanowitz, “o filho do governador paraense é sócio de dois postos de gasolina que fornecem combustível para as frotas da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros daquele estado. Em 2014, durante a disputa pelo governo estadual, o Ministério Público instaurou inquérito para apurar acusações feitas por adversários de Jatene que afirmavam que o tucano, então candidato à reeleição, beneficiava o filho. Em maio deste ano, representantes do judiciário paraense propuseram uma ação civil pública de improbidade administrativa contra pai e filho”.

O “filhote” tucano se parece muito com o pai. Desde a eleição de 2002 (primeira vez em que foi eleito), o governador Simão Jatene acumula três pedidos de cassação de mandato. Em junho último, ele foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República em um processo que apura crimes contra a administração pública e a fé pública e por falsidade ideológica no escândalo conhecido como “Caso Cerpasa”. No inquérito, Simão Jatene é acusado de ter recebido propinas que somaram R$ 12,5 milhões, acertadas com os donos da Cervejaria Paraense (a Cerpasa), após a concessão de uma anistia fiscal referente a débitos de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).

Diante destes e de outros casos sinistros, Helena Sthephanowitz indaga com total razão: “Perto das suspeitas e denúncias que pairam sobre a cabeça de tucanos pelo Brasil, a prisão temporária de Beto Jatene parece pouco, e é. Será que algum dia veremos um tucano realmente na cadeia? Ou será que políticos do PSDB estão acima da lei?”.

Altamiro Borges
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