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Sim, Eu posso: estudantes do Programa recebem óculos

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Governo realiza consultas oftalmológicas para alunos do Programa ‘Sim, eu Posso’ nos municípios do ‘Mais IDH’

“Aprender a ler e a escrever é muito bom. Agora, com os óculos, será melhor, porque estava muito difícil ver o que o professor colocava no quadro”. O relato é de Antônio Cruz, que aos 61 anos, foi alfabetizado através do Programa ‘Sim, Eu Posso’. O programa é promovido pelo Governo do Estado em oito municípios do plano ‘MAIS IDH’, por meio da Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop) e da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), com apoio do Movimento Sem Terra (MST).

O lavrador Antônio Cruz é morador de São João, um dos onze povoados que integram o programa e pertencem ao município Santana do Maranhão. Ao todo, o município tem 1.340 alunos, distribuídos em 92 turmas de alfabetização, com faixa etária entre 18 e 80 anos. Na última semana, Antônio e outros 850 alunos receberam assistência oftalmológica da Secretaria de Estado da Saúde (SES), para melhorar a qualidade da visão. A equipe da Força Estadual de Saúde (Fesma), que atua no município, realizou a triagem para identificar os alunos que possuíam queixas relacionadas à visão.

Nos próximos dias a ação continua nos municípios de Marajá do Sena (19 e 20), São João do Carú (21), São Raimundo do Doca Bezerra (19, 20 e 21), Jenipapo dos Vieiras (19 e 20) e Itaipava do Grajaú (21 e 22/08). A ação de consultas oftalmológicas promovida pela SES pretende disponibilizar atendimento para os 14 mil jovens, adultos e idosos – público do programa – dos oito municípios em que o programa está sendo executado pela Seduc e Sedihpop.

Segundo Roberta Solange Maciel Lucas, coordenadora regional do Programa ‘Sim, Eu Posso’, e militante do MST, as ações conjuntas são a melhor maneira de consolidar resultados. “Vim do Rio Grande do Sul e percebo que o Maranhão possui uma união de parcerias. O programa é muito bom para a população. Com a parceria da SES, realizando as consultas, conseguiremos ampliar esse alcance, pois os alunos conseguirão acompanhar as aulas. Quando cada um faz a sua parte, a população ganha”, ressaltou a coordenadora.

Alunos do Programa ‘Sim, Eu Posso’ realizaram consultas oftalmológicas, facilitando o aprendizado .
Alunos do Programa ‘Sim, Eu Posso’ realizam exames oftalmológicas. Foto: Francisco Campos
De acordo com o médico oftalmologista Venner Pinto de Aguiar, na maioria das consultas são detectadas necessidades de prescrição de lentes corretivas. “A grande maioria da população alcançada por essa ação não possui acesso ao oftalmologista. Por isso, a incidência de casos é alta e os graus que identificamos também. Essa ação é importante e complementa a assistência que eles têm recebido no processo de alfabetização, pois não adianta ir para as aulas sem conseguir enxergar direito”, explicou o médico. As receitas dos óculos serão repassadas para uma ótica conveniada com o Governo do Estado, por processo de licitação, o qual fará o custeio e distribuição para os alunos.

A dona de casa Bernada Teixeira, de 52 anos, gostou da iniciativa e aproveitou a consulta para saber o motivo de, apesar de ter aprendido a ler nas primeiras aulas, ainda estar enfrentando dificuldades. “Eu consegui aprender logo no início, mas na hora de ler, era uma dificuldade. Hoje eu descobri que o meu grau é alto e vou esperar ansiosa para poder conseguir enxergar tudo. Gostei de ver que tem gente cuidando da gente. Isso faz grande diferença em nossas vidas”, disse Bernarda.

Programa ‘Sim, Eu Posso’

O Projeto de Mobilização pela Alfabetização/ Jornada de Alfabetização do Maranhão – “Sim, Eu Posso” – Círculo de Cultura é uma iniciativa que integra a mobilização pela alfabetização dentro do Plano de Ações ‘Mais IDH’, instituído pelo governo Flávio Dino. O projeto acontece em regime de cooperação com o Movimento Sem Terra (MST), detentor do método de alfabetização ‘Sim, Eu Posso! – Círculo de Cultura’. A ação tem duração de oito meses. Nos três primeiros, ocorre o processo de alfabetização em si. Já nos cinco restantes, os recém-alfabetizados participam de um processo chamado ‘Círculo de Cultura’, que auxilia na superação do chamado analfabetismo funcional.

Neste primeiro momento, a ação está sendo executada em oito municípios maranhenses dos 30 que apresentam menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e visa alfabetizar 14 mil jovens, adultos e idosos nos municípios integrantes do plano. Na 2ª fase do Programa, o Governo do Estado tem como meta atender um público de 32 mil alfabetizandos, em 20 municípios.

Cronograma de consultas oftalmológicas

Região Santa Inês

Marajá do Sena 19 e 20/08 (Barracão de Madeira)
São João do Carú (Município Sede) – 21/08 (Maguari)

Região Pedreiras

São Raimundo do Doca Bezerra (Município Sede) - 19/08 (Sede);20/08 (Três Lagoas); 21/08 (Monte Castelo)

Região Barra do Corda

Jenipapo dos Vieiras (Município Sede) – 19/08 (Valério); 20/08 (Sede)
Itaipava do Grajaú (Município Sede) -21/08 (Sede); 22/08 (Mundelândia).

Mariana Martins, Secap

Nota do Editor da Aldeia: Saiba mais sobre esse método concebido pela educadora cubana Leonela Relyz.

Resultados e perspectivas

O programa Yo, sí puedo já foi aplicado com sucesso em mais de 30 países, dentre os quais Argentina, Venezuela, México, Equador, Bolívia, Nicarágua e Colômbia, e o método permitiu que mais de 3,5 milhões de pessoas fossem alfabetizados. Em muitos países, foi usado por organizações religiosas e ONG's. A aplicação desse sistema, que alfabetiza uma pessoa em sete semanas, possibilitaria erradicar o analfabetismo utilizando-se apenas 1/3 dos recursos alocados pela Unesco para esta finalidade.

Na Venezuela, onde houve vontade política e recursos financeiros, além de uma ativa e entusiástica participação dos beneficiários, foi possível alfabetizar um milhão de pessoas em cinco meses e 27 dias, em 34 idiomas, falados pelos vários grupos étnicos do país. Com isso, a Venezuela foi declarada território livre do analfabetismo. Além disso, todos os que desejaram foram incentivados a continuar seus estudos. Até mesmo pessoas com mais de 100 anos foram alfabetizadas através deste método. Uma deles disse:

"Tive que esperar 102 anos para escrever o meu nome. Agora posso morrer em paz."
No México, o sistema tem sido usado, com bons resultados, nos estados de Michoacán, Oaxaca, Veracruz e Nayarit. Neste caso, as gravações dos vídeos são feitas por atores mexicanos e incluem variações típicas do espanhol falado no país.

Na África, o método é usado em Nigéria, Guiné-Bissau, Moçambique e África do Sul. Para isso são feitas as modificações necessárias para adaptá-lo às línguas dos países, bem como às suas condições históricas, geográficas e sociais.

O sistema também está sendo usada na Nova Zelândia e em Sevilha como uma primeira experiência do programa na Europa, onde estima-se que existam pelo menos 35 mil analfabetos.

Wikipédia

Falece a pedagoga cubana, criadora do programa de alfabetização "Sim, eu posso"

Leonela Relys contribuiu com a implementação do programa no Haiti, Venezuela, Bolivia, Nicarágua, Panamá, República Dominicana, Guiné Bissau e Colômbia

A famosa pedagoga cubana Leonela Inés Relys Díaz, criadora do método de alfabetização “Yo, sí puedo” (Sim, eu posso), que ensinou a ler e a escrever mais de oito milhões de analfabetos em todo o mundo, morreu em Havana neste sábado (17), vitima de câncer.

Quando se fala em vocação de ensinar, não podemos esquecer-nos da Doutora Leonel. Nascida em Camagüey em 20 de abril de 1947, com apenas 15 anos se juntou ao exercito de alfabetizadores que em 1961 transformaram Cuba no primeiro país livre do analfabetismo, em seguida, com seu gênio peculiar, Leonela criou o método de ensino de alfabetização.

Ela se tornou coordenadora geral deste trabalho no Haiti e, mais tarde, na República Bolivariana da Venezuela, ajudou também a implementar o programa em outros países como a Bolívia, Nicarágua, Panamá, República Dominicana, Guiné-Bissau e Colômbia.

O mesmo programa foi levado com o apoio de especialistas para mais de 30 nações.

Em resultado pelo seu trabalho, a Unesco concedeu a Cuba Menção Honrosa Seijong e, mais tarde Rei Award Seijong.

Membro do Partido Comunista de Cuba, pelo seu sucesso em sua vida profissional, recebeu muitos prêmios, entre os quais destacam-se as ordens de Frank País de Primeiro e Segundo Grau, concedido pelo Conselho de Estado da República de Cuba e da Ordem Ana Betancourt, além das medalhas internacionalistas Trabalhadores, 40th Anniversary comemorativa do FAR e José Tey, e o título de Heroína do Trabalho da República de Cuba.

Da mesma forma, pela sua contribuição para a alfabetização no mundo, foi merecedora de premiações concedidas pela Venezuela, Panamá, Espanha, Nicarágua, Argentina, Haiti, entre muitos outros países.

Ela foi enterrada domingo, no Panteão da Central de Trabalhadores de Cuba cemitério Colon, em Havana.

Cuba Información e MST
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