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Polícia da Turquia prende 27 jornalistas de oposição

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RFI

Paris, França. A polícia turca prendeu neste domingo (14), o editor do jornal de maior tiragem no país, além de outras 26 pessoas. A operação teve como alvo simpatizantes do religioso exilado Fethullah Gulen, principal rival do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. Simpatizantes se reuniram diante do jornal Zaman para protestar contra as detenções.

Ex-aliado de Erdogan, Gulen, que vive nos Estados Unidos, é acusado de administrar um Estado paralelo, a partir do exterior. Entre os detidos estão Ekrem Dumanli, editor-chefe do jornal Zaman, próximo de Gulen, e um executivo da TV Samanyolu. Da mesma empresa de televisão foram presos um diretor de TV, produtores e roteiristas.

Turquia
Multidão protesta contra prisão de editor-chefe do jornal de maior circulação na Turquia.
Segundo a agência oficial de notícias Anatólia, foram emitidas 31 ordens de prisão. Os detidos são acusados de vários delitos, como “usar intimidação e ameaças”, “formação de quadrilha contra a soberania do Estado”, “falsificação” e “difamação”.

Antecipando a prisão do editor Dumanli, cerca de dois mil simpatizantes e jornalistas se concentraram na frente da sede do jornal Zaman, na periferia de Istambul, atrapalhando a entrada da polícia no prédio. Diante do bloqueio ao jornal, policiais à paisana retornaram horas depois, para efetuar a prisão de Dumanli, que foi aplaudido pelos simpatizantes enquanto era levado pelas autoridades. Em cenas transmitidas pela TV turca, os simpatizantes gritavam frases como “a imprensa não pode ser calada” e “a Turquia tem orgulho de você”. Em tom desafiador, Dumanli declarou: “que tenham medo os que cometeram um crime – nós não estamos com medo”.

Denúncias

A operação acontece quase um ano depois que o governo de Erdogan foi abalado por denúncias de corrupção. As autoridades rejeitaram as acusações e apontaram o dedo para Gulen. O processo de corrupção, iniciado em dezembro de 2013, levou à prisão de dezenas de executivos e políticos ligados a Erdogan, na época, primeiro-ministro.

Acusado de se tornar cada vez mais autoritário, Erdogan conseguiu interromper as investigações demitindo milhares de policiais e muitos juízes, além de intensificar o controle estatal sobre o poder judiciário e a internet. Na sexta-feira, o presidente turco alertou para novos ataques contra “as forças do mal de Gulen” e prometeu perseguir seus simpatizantes.

Gulen, 73 anos, baseado na Pensilvânia, é o líder espiritual do movimento Hizmet, que controla várias mídias, escolas e centros culturais na Turquia.
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