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Mark Zuckerberg, conectar 5 bilhões de pessoas pode demorar 20 anos

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Sharon Gaudin, Computerworld-EUA

Mark Zuckerberg pode querer ligar mais cinco bilhões de pessoas à Internet, mas analistas do setor dizem que o esforço está repleto de problemas tecnológicos, bem como com questões políticas e culturais, e pode levar muitos anos para ser concretizado.

Zuckerberg, o co-fundador e CEO do Facebook, anunciou esta quarta-feira estar trabalhando com um grupo de empresas de tecnologia para tentar acelerar o acesso para os dois terços do mundo que ainda não estão ligados à Internet. O consórcio Internet.org inclui, além do Facebook, a Ericsson, MediaTek, Nokia, Opera, Qualcomm e Samsung.

O Facebook, no entanto, não disse quanto tempo demoraria para conectar essas pessoas. E também não divulgou qualquer projeto específico em andamento. Razão de muitos no mercado terem considerado a iniciativa como apenas uma jogada de marketing.

A rede social disse apenas que a iniciativa vai focar no desenvolvimento de tecnologias como smartphones mais baratos, de qualidade superior aos atuais, que tornarão a conectividade móvel mais acessível, além de investir em ferramentas, como recursos de rede avançados e compressão de dados, que reduzem muito a quantidade de dados necessários para usar a maioria das aplicações e sites.

Na opinião de Dan Olds, analista do The Gabriel Consulting Group, a iniciativa terá de enfrentar desafios significativos e não deverá funcionar nos próximos 10 a 20 anos.

“Acho que isso pode ser feito, mas é definitivamente um grande objetivo”, acrescentou. “Vai demorar e vai necessitar de um grande investimento. Eles terão que lidar com questões de infraestrutura, e questões políticas e culturais. Há muito mais do que as questões técnicas. São essas outras questões que podem ser mais preocupantes”.

Ezra Gottheil, analista da Technology Business Resource, acredita que 10 anos serão necessários para levar o acesso a áreas remotas ou pobres que podem estar no meio de agitação política.

“Sim, isso pode ser feito, mas não tão rapidamente”, disse Gottheil. “O hardware e software cliente têm que ser desenvovlidos. A rede tem que ser construída. Subsídios têm que ser negociados. E eles têm que começar a inscrever cinco bilhões de pessoas. É uma longa tarefa”.

Ele acrescenta que os negócios mais lucrativos da Internet, como Facebook, Google e Amazon.com, talvez precisem pagar para alargar a conectividade global.

“A grande barreira é que esses cinco bilhões não podem pagar custos elevados de comunicações”, disse Gottheil. “As empresas de internet terão todos os benefícios desta conexão. Mas para isso terão que subsidiar a realização deste trabalho”.

Ele também salienta que os smartphones mais simples podem precisar de aplicações e de conteúdo Internet mais simples. O principal valor para os internautas é terem acesso a informações ou a possibilidades de realizarem transações comerciais e financeiras. Isso pode significar a necessidade de voltar a usar sites com uma interface textual , gráficos e som e evitar grandes consumos na largura de banda, como o streaming de vídeo.

Patrick Moorhead, analista da Moor Insights & Strategy, concorda com Olds e Gottheil de que a iniciativa da Internet.org pode levar de 10 a 15 anos para atingir seu objetivo. “Sou céptico porque estes tipos de iniciativas nunca são concretizadoss facilmente, porque são difíceis”, disse ele. “Pense em cada país como um projeto exclusivo. A escala é enorme”.

No entanto, o fato de que muitas grandes e lucrativas empresas estejam trabalhando no problema dá-lhe esperança para um eventual sucesso.

Se o projeto funcionar, os cinco bilhões de pessoas online vão, provavelmente, ligar-se à Internet através do Facebook. Isso significa que eles provavelmente vão usar o Facebook por um tempo muito longo e isso significa muito mais dinheiro para a empresa.

Olds nota que muitos residentes em países em desenvolvimento podem não ter muito dinheiro para gastar, mas os anunciantes publicitários ainda vão querer chegar a tantos quantos puderem.

“Quando se pensa nos anunciantes, eles não vão anunciar o mais novo [automóvel] Lexus para esses usuários, mas podem anunciar um serviço de ônibus ou outro transporte coletivo”, diz Olds. “Eles são mercados em crescimento e há muito pouca concorrência. Isso pode permitr atodos os envolvidos ganhar muito dinheiro. Este é um dos grandes mercados inexplorados”.
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