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Jorge Ferreira, o sociólogo que mudou a noite de Brasília

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Frederico Luiz

Jorge Ferreira não resistiu a dois Acidentes Vascular Cerebral. Ele morreu hoje à tarde em Brasília. Porém sua obra, dificilmente, deixará a história da capital federal.

Jorge Ferreira morreu hoje em Brasília, o empresário era amigo do ex-presidente Lula
O Feitiço Mineiro pode ser considerada sua obra-prima. A bebida destilada, como a suave cachaça mineira era uma das atrações, junto com o melhor da MPB. Ao todos, em seus bares, aconteceram aproximadamente 10 mil shows, uma marca e tanto.

Porém, muitas outras 'obras-irmãs' estarão nas mentes e nos corações. O Armazém do Ferreira é um exemplo, com o chope cru e o o bacalhau. Nada mais carioca do que isso.

Aldeia publicou sobre Feitiço Mineiro:
2013 - Morre Jorge Ferreira, o feiticeiro de Brasília
2013 - Papete: multi-instrumentista maranhense apresenta-se hoje no Feitiço
2010 - O Feitiço de Lena Machado
2010 - Maranhense em alta - Coluna do Lima Rodrigues
Outro bar do mesmo Jorge Ferreira que tem como tema o Rio de Janeiro é o Bar Brasília, na W2 Sul, fundado em 2002.

Ao todo são 12 empreendimentos na capital federal. A Brasília monótona nos fins de semana ganhou a alegria após a entrada deste mineiro no ramo da cultura, lazer e entretenimento.

Bom de prosa

José Carlos Vieira, Correio Braziliense

Quem conversa alguns minutos com Jorge Ferreira tem a impressão de que o conhece há séculos. Tal a capacidade desse mineiro de Cruzília falar de tudo. De poesia a sabores de vinho, passando por discos em vinil.

Quando se refere a Brasília, gosta de repetir: “Cheguei aqui por amor. Têm pessoas que chegam na cidade porque o pai foi transferido, ou porque veio estudar, ou fez uma aposta na vida. Eu não. Foi por amor.

A pessoa com quem sou casado hoje, a Denise, morava aqui e eu em Juiz de Fora. Me formei em Sociologia, lá em seguida consegui um emprego na Fundação Educacional. Tudo o que eu olhavam em Brasília, achava bonito. Foi um encantamento geral, estava amando, né?”

Jorge prefere não falar de política no local de trabalho, nem da relação com Lula, amigo de longa data. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. Mas, depois de um bom gole de vinho alentejano, relaxa e lembra-se dos tempos difíceis da ditadura e da luta para a criação do PT.

Quando o assunto volta à literatura, gosta de declamar Leminski, Chacal e seus próprios versos, como o irônico e rebelde poema sobre sua estrada da vida:

Se eu olhar
Pra trás
Rio pra dentro...

Salve, Jorge.
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