-->

Mais três explicações diversas sobre as manifestações

Publicidade
Redação

A partir da reivindicação da diminuição de R$0,20 nos preços das passagens da capital paulista, uma explosão de manifestações aconteceu e as pautas aumentaram para saúde, educação e fim da corrupção.


O Movimento Passe Livre que começou a mobilização perdeu o controle da pauta e da rua.

Paulo Henrique Amorim que criou o termo PiG (Partido da Imprensa Golpista) reproduz hoje artigo de sua página desafeta.

A Rede Globo começou condenando de forma contundente com Arnaldo Jabor, passou a apoiar e agora está contra, Porém, de forma moderada.

Direto da Aldeia publicou sobre as Manifestações
O que fez a Globo tremer?
O cara-pintada de ontem e o manifestante de hoje
Criador do #changebrazil esclarece à Aldeia objetivos do movimento

A seguir, o leitor tem mais três opiniões com abordagem distintas sobre os episódios da semana passada onde milhões foram às ruas. A primeira é com um cientista político. A segunda com um jornalista e a terceira com um dirigente do PSTU que já foi candidato ao senado federal pelo Maranhão.

Boa leitura e boa audição.

A presidenta Dilma Rousseff falou, mas não disse

Wanderley Guilherme dos Santos, Último Segundo

Não se cura tuberculose por decreto ao fim de passeatas. Mas as gangues de ladrões e depredadores que desde terça-feira, dia 18 de junho, receberam de presente a mais legítima carona da sociedade – desfiles pacíficos em nome da democracia – estão pouco se lixando. Os articuladores anônimos dos grupos violentos de direita, neo-nazistas inclusive, e dos radicalóides sociopatas, conhecem muito bem o tempo das políticas, mas não é o que os interessa. Para os atraídos de boa fé para a trapaça reivindicatória, enfim, o discurso da presidente Dilma não trouxe novidade. Investimento em saúde e educação, ensino técnico como nunca visto, transparência na administração, através da lei de acesso à informação, apuração de desvios administrativos, com inédita demissão de ministros, são políticas já em vigor e rotineiras, isto é, não há mais discussão sobre se devem ou não devem ser executadas. São políticas de Estado, compromisso do país. Isso para não enumerar sucessivas inovações na política social que, estupidez que o amanhã julgará, passou a ser impudico mencionar em meios de classe de renda mais elevada.

A mensagem da presidente arrisca ser ineficaz, do mesmo modo como são absolutamente vazias as reivindicações marchadeiras: saúde, educação, transparência, ética na política – sem que se indiquem os acusados de objetá-las. Por isso, as provocações tendem a perdurar enquanto os de boa fé não se derem conta de que são equivocadas as manifestações com tanta virulência contra o que de fato já está em execução, obtendo variados graus de sucesso. O cerne da contestação não está nas demandas fragmentadas. Está no ataque à democracia como sistema capaz de prover e operar uma sociedade justa. Em outras palavras: segundo os mentores e comentaristas convertidos os grandes feitos dos últimos governos não seriam tão significativos, antes revelando ser a democracia, pelo menos em sua forma atual, um desastre governativo. Recusa enfática a esse niilismo não constou, mas devia ser crucial, do discurso presidencial.

A mensagem subliminar dos arquitetos da desordem (com exceção do Movimento pelo Passe Livre fora) e dos aproveitadores de todas as idades tem consistido em insinuar que as instituições democráticas – governo representativo, parlamentos, movimentos sociais organizados, partidos políticos – são os obstáculos à construção de uma sociedade mais justa e livre. Golpistas crônicos, anarquistas senis em busca de holofote, muitos jovens anencéfalos e assustados da classe média em geral, formam a retaguarda deste exército do obscurantismo e da violência. A essência desse arremedo intolerante de participação é uma reação à democracia e suas realizações. Faltou ao discurso de Dilma Roussef uma declaração de que reconhecia as manhas dos que se aproveitam das boas intenções para conduzi-las ao inferno. E de que não se submeterá a elas.

Enquanto a empulhação televisa continua a descrever as manifestações “cívicas até aqui pacíficas”, no meio das passeatas, como se as apresentadoras não soubessem o que viria ao fim da encenação, registro que, em minha opinião, se trata do maior cerco reacionário, nacional e internacional, que este país já sofreu nos últimos vinte anos.

Boechat minimiza "vândalos"

Ao clicar no Play abaixo, o comentário do jornalista Ricardo Boechat para a Rádio Band. Como sempre, ele faz uma abordagem bem diferente das que até agora foram publicadas.

Dezoito minutos de um comentário histórico que foi ao ar na sexta-feira, 21, um dia após a quinta-feira que mudou o País. Quem tiver ouvidos, ouça!



Onde se unem e se separam apartidários e partidários
"A história sempre se repete, a primeira vez como tragédia e a segunda como farsa" (Karl Marx)
Luiz Noleto

Onde a maioria dos Apartidários se unem com a maioria dos Partidários; e onde a minoria dos Partidários tem acordo com os Apartidários e onde se separam Partidários e Apartidários entre si?

Hoje me propus a escrever sobre os acontecimentos atuais. Sei que não é de fácil entendimento nem para o escritor e, é ainda, maior para o receptor. Essas dificuldades acontecem por vários motivos, mas eu apontaria dois básicos. Primeiro, na sociedade em que vivemos somos preparados para entender e viver o presente, nos preparar para o futuro e negar o passado. Segundo, as ideias contrárias entre si, que são captadas da realidade, diferente das coisas físicas, andam juntas por muito e, para muitos (pelo produto do primeiro argumento), parecem que são novas. Ademais, a coisa física que não serve mais para o momento presente eu posso guardar em um museu, já as ideias não.

Por exemplo, a carruagem com rodas de ferro jamais voltará a conviver com os modernos automóveis e, se alguém deseja vê-la terá que recorrer ao museu. Mas, por exemplo, é comum as pessoas dizerem que todo homem é mal por natureza e outros discordam dizendo que não é, os homens nascem bom e a sociedade os transformam. Os dois acham que estão dizendo algo inédito e original, quando na verdade estão defendendo ideias já formulada no passado pelos filósofos Thomas Hobbes e Jacques Rousseau.

No meio desta crise algo parecido está acontecendo. Veja o editorial do Jornal o Globo do dia 3 de abril de 1964, dois dias após o Golpe Militar que eliminou fisicamente vários brasileiros e brasileiras:
Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. 
Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez. 
Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais. 
A esses líderes civis devemos, igualmente, externar a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional, na mais ampla acepção da palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém. É da Pátria, do Povo e do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular, contra qualquer idéia que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais, objetive o bem do povo e o progresso do País. (Jornal o Globo, Edição de 3 de Abril de 1964)
Como vemos, o Editorial no seu conteúdo exacerba o Apartidarismo, o Nacionalismo e a da defesa da Ordem e do Progresso expresso na Bandeira do Brasil. E os brasileiros que discordaram disso, ou foram mortos, expulsos do país, ou tiveram que ficar calados. Os que concordaram foram agraciados, a exemplo do dono do Jornal o Globo, Roberto Marinho, que ganhou um canal de televisão um ano depois: A Rede Globo.

A partir de então, os Militares proibiram todos os partidos, verdadeiramente de esquerda, de levantarem suas bandeiras em qualquer espaço do território brasileiro. No entanto, permitiram aos partidos de direita continuarem a existir na sigla ARENA (DEM, PSDB, PPS) e, para disfarçar, aceitou uma pseudoposição com o nome de MDB (atual PMDB). No momento atual, vários elementos da época se repetem. A Rede Globo continua orientando a grande maioria como proceder nesse momento e estão restringindo a existência dos partidos verdadeiramente de esquerda.

Outro elemento que se repete na atualidade é o debate entre Apartidários versus Partidários. Vou tentar esclarecer onde eles se unem e onde se separam, apesar de serem todos brasileiros, mesmo que alguns Apartidários tentem negar.

Todos Apartidários (incluindo os honestos Anarquistas) e uma minoria dos Partidários (PSTU, PCO, PCB e PSOL) tem acordo que a saúde, a educação, o transporte, a moradia, etc, vão mal e dificultam a vida da maioria do povo brasileiro. Também, têm acordo que os poderes que sustentam a sociedade burguesa (Executivo, Legislativo e Judiciário) não atendem aos interesses da maioria do nosso povo. Enquanto, a maioria dos Partidários (PMDB, DEM, PT, PSDB, PCdoB, PPS, PSB e outras legendas de aluguel) de conteúdo, não desaprova tal política.

Por outro lado, a maior parte dos Apartidários (menos os Anarquistas) junto com a maioria dos Partidários (PMDB, DEM, PT, PSDB, PCdoB, PPS, PSB e outras legendas de aluguel) tem acordo que as instituições da República devem ser mantidas e que precisa apenas ser Reformadas, o mesmo discurso de 1964, em que pese a maioria dos Partidários da época também serem defensores de Reformas, mas com outra visão.

Outro elemento a considerar é que enquanto a maioria dos Apartidários defende a manutenção dos principais poderes da Republica e que os mesmos sejam apenas reformados, a minoria dos Apartidários (Anarquistas) defendem o fim desses poderes e inclusive, acham que devem ser destruídos fisicamente, por isso depredam os prédios aonde esses poderes existem e, assim, passam a ser chamados pela maioria dos Apartidários e Partidários de Vândalos.

Já a minoria dos Partidários (PSTU, PCO, PCB e setores do PSOL) acha que os poderes não devem existir, mas entendem que a destruição dos seus prédios físicos de imediato não vai transformar a realidade e, além do mais esses prédios públicos podem ser usados no futuro como escolas, hospitais, etc.

Ou seja, a grande maioria dos Apartidários e a minoria dos Partidários tem como principal divergência a maneira de se organizar, entretanto os fins são comuns, objetivam a melhoria da condição de vida da classe trabalhadora.

Já a maioria dos Partidários (PMDB, DEM, PT, PSDB, PCdoB, PPS, PSB e outras legendas de aluguel) e a minoria dos Partidários (PSTU, PSOL, PCB, PCO) possuem diferenças profundas, marcadas principalmente pelo conteúdo de classe, enquanto a maioria dos Partidários (PMDB, DEM, PT, PSDB, PCdoB, PPS, PSB e outras legendas de aluguel), ainda que se difiram na tática, estão fazendo política para favorecer o Latifúndio, Banqueiros, os Empresários dos Transportes, etc, a minoria dos Partidários (PSTU, PSOL, PCB, PCO) está ao lado da Classe Trabalhadora e apontando para uma ruptura do capital e a construção do socialismo.

Neste sentido, uma grande maioria dos Apartidários (menos os honestos Anarquistas) ao apontarem como inimigos os Partidários minoritários e os movimentos sociais, aponto de os agredirem, acabam sendo, mesmo que não queiram partidários da maioria (PMDB, DEM, PT, PSDB, PCdoB, PPS, PSB e outras legendas de aluguel).
Advertisemen