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Laércio CastroAh, celulares que tantas vezes trouxeram alegria e que encurtaram distâncias, amenizando a saudade da filha e do filho que longe foram para estudar.
Celulares que consolaram, que confortaram, que supriram necessidades de carinho, de afeto, até do colo e de cafuné, na falta do acalentar.
Celulares que, quantas e quantas vezes, conduziram os – “Bença, mãe!” - “Te amo, pai” - “Não saia sem o agasalho, meu filho” - “Depositei, um dinheirinho pra você, hoje, minha filha” – “Obrigado, pai. Dá um beijo na mãe” – “Oh, cuida do meu quarto, hein. Não deixa ninguém bagunçar”
Celulares que, no final de cada semestre, diziam: “Mãe, passei em todas as disciplinas. Amanhã saio daqui. To com saudade do seu arrozinho com abóbora. Capricha, que amanhã to aí pra almoçar”.
Ah, celulares, que conduziam frases como essas, que soavam como uma doce oração. Daquelas que conforta a alma, que revigora as forças e que nos anima a prosseguir, quando a ausência tenta nos maltratar.
Ah, celulares, que tanto falaram aos corações dos pais e das mães, ao longo dos dias, mas, na madrugada daquele domingo, se fizeram totalmente mudos, do lado de cá.
Celulares que, aos montes, enquanto isso, do lado de lá, tocaram dois, tocaram três, tocaram cinquenta, centenas deles tocaram. Eram toques diferentes, que identificavam jeitos e gostos próprios, em seu tocar.
Ah, celulares. Um a um, num som orquestrado dos aparelhos, aguardavam, ansiosa e desesperadamente, a entrada do coro juvenil. Mas, nem um “Oi”, naquela madrugada se ouviu.
Falem, celulares. Não emudeçam, por favor. Tragam de volta as doces vozes dos guris e das gurias. Deixa-nos ouvir o som mais lindo do mundo: As vozes das nossas crias.
Mas, mudo eles ficaram. A única coisa que aqueles celulares deixaram, foram os últimos retratos em seus visores. Sorrisos jovens, que agora serão regados por lágrimas de dores.
Com certeza absoluta, o Brasil jovem ficou mais triste neste dia. O dia em que emudeceram centenas de celulares. na cidade de Santa Maria.
Nota do Editor da Aldeia: Laércio Castro é apresentador do Cidade Alerta da TV Nativa, canal 13 de Imperatriz-MA e Pastor Evangélico.
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