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Caso Patrícia Acioli: Réu nega participação no crime

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Vânia Cunha, O Dia Online

Rio de Janeiro, RJ - Primeiro réu a depor no segundo dia de julgamento sobre o assassinato da juíza Patrícia Acioli, Jovanis Falcão negou participação na execução da magistrada. Diante do juiz Peterson Barroso, ele disse que estava em casa no dia do crime e que foi acusado " de forma covarde" por Sérgio Costa Júnior - condenado a 21 anos pelo crime.

Direto da Aldeia publicou em 2011:
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"Nego tudo. Se ouvisse (plano para matar a juíza), teria tomado providência. Uma pessoa que tem coragem de cometer uma covardia dessa, excelência, quanto mais gente puder levar com ele, vai levar. A advogada Ana Cláudia mentiu, não estou envolvido nesse crime. O delegado Felipe Ettore está baseado apenas na delação do Sérgio, que é uma pessoa covarde", alegou.

Jeferson Araújo, sentado entre outros dois réus, sorri durante o júri: eles podem pegar até 36 anos de prisão 
O acusado rebateu até as provas do processo apresentadas a ele, como análises de antena telefônica que confirmam sua presença no batalhão no dia do crime, além de drogas apreendidas em sua casa. Ele tentou justificar o entorpecente encontrado como um 'esquecimento'. "Estava preso quando foi feita a busca e apreensão na minha casa. Trabalho no combate ao tráfico há mais de 10 anos, é perfeitamente normal esquecer material de trabalho no cinto da farda. O senhor nunca esqueceu um papel de trabalho na sua casa?", indagou.

Durante o depoimento, houve breve discussão entre o promotor Leandro Navega e a advogada de Jovanis, Andrea Perazoli, quando o primeiro citou outros 10 processos no qual o réu figura. Mas Jovanis continua negando a participação. "Não tinha nada contra a juíza. Respondi a dois processos antes da morte dela, solto. Depois da morte, é que apareceram outros processos e decretação de prisão", alegou.

Jeferson Araújo diz que falará a
verdade e recusa delação premiada
Outro réu do processo, Jeferson de Araújo Miranda, seria o primeiro a ser interrogado nesta quarta-feira, segundo dia do julgamento dos ex-PMs Junior Cezar Medeiros, Jefferson de Araújo Miranda e Jovanis Falcão. Jeferson, no entanto recusou o benefício da delação premiada oferecido a ele pelo ministério público. Após dizer que contaria a verdade, o réu pediu para deixar o plenário por 5 minutos, alegando não passar bem.

"O promotor pode me oferecer ir embora para a minha casa, que eu vou manter a minha versão aqui. quero falar a verdade que não pude dizer. Não aceito em hipótese alguma", disse ex-PM sobre a delação premiada

Com a liberação de Jeferson, o primeiro a falar para o júri foi Jovanis Falcão. Os PMs do Grupo de Ações Táticas (GAT) do 7º BPM (Alcântara) estão sendo julgados desde esta terça, no 3º Tribunal do Júri do Fórum de Niterói, na Região Metropolitana do Rio.

Coronel bate boca com acusação
Na sessão desta terça, a principal testemunha de defesa de um dos policiais , o ex-comandante da PM, coronel Mário Sérgio, provocou polêmica em seu depoimento, que durou cerca de três horas. Mostrando conhecimento do processo, Mário Sérgio disse que a morte da juíza encerrou prematuramente sua carreira e bateu boca com os promotores. Um deles, Rubem Vianna, deixou a sessão após escutar o coronel se queixar do que chamou de incoerência do inquérito.

“A parte investigativa está correta, mas a partir disso a polícia ficou num dilema, pois não tinha como dizer quem fez o que”, disse o ex-homem forte da PM, que acusou ainda incoerência nos depoimentos de dois policiais que pediram o benefício da delação premiada — um deles desistiu depois.

O ataque irritou a acusação. O promotor Leandro Navega acusou Mário Sérgio de inocentar os réus. A seguir, Navega perguntou se ele recebera dinheiro do coronel Cláudio, comandante nomeado pelo próprio Mário Sérgio para o 7º Batalhão e um dos réus no processo. Diante da negativa, o assistente de acusação, Técio Lins e Silva, leu sua ficha criminal, que incluiu prevarização, tortura, homicídio e lesão contra mulher, entre outros, questionando como ele fora nomeado.

Mário Sérgio respondeu que Cláudio não fora condenado e citou que o comissário José Guimarães, que comandou a investigação, foi absolvido da acusação de receber propina do traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar. O juiz Peterson Simões, da 3ª Vara Criminal de Niterói, pediu desculpas ao oficial, que alegou pressão alta e pediu atendimento médico ao término de seu depoimento. Dezesseis testemunhas foram ouvidas e hoje os réus serão interrogados. O veredito deve sair ainda hoje.

Advogada diz estar marcada para morrer
A advogada Ana Cláudia Abreu Lourenço, que no dia do crime contou aos policiais que Patrícia Acioli havia decretado as prisões deles por outro homicídio, revelou ao júri que tem medo de morrer. Ela ainda acusou o coronel Luiz Cláudio Oliveira, ex-comandante do 7º Batalhão, de ser mais perigoso que os demais.

“Há boatos de que há lista de marcados para morrer. Não estou lidando com um réu qualquer. Meu temor no processo não é nenhum desses meninos aqui. Mataram porque cumpriram ordem”, disse. A advogada contou ainda que teria contato mais próximo com o réu Jeferson de Araújo. “Ele é meu anjo da guarda e já me livrou da morte”.
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