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Maranhão: nova fronteira agrícola do nordeste se destaca em grãos

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por Renê Gardim

Uma nova fronteira agrícola brasileira conhecida como Matopiba, que compreende partes dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, vem se destacando no mercado de grãos do País. Na área, a agricultura, desenvolvida através de modernas técnicas de plantio, irrigação e colheita, já responde por 81% da produção de grãos dos quatro estados.

Na safra 2009/2010, os agricultores do Matopiba colheram 12,2 milhões de toneladas de grãos enquanto a produção total dos quatro estados ficou em 15 milhões de toneladas. A previsão para a safra atual é de crescer 17%.

O clima estável, com regime de chuvas equilibrado, e a topografia plana do solo, característica do cerrado, são apontados pelo gerente de Levantamento e Acompanhamento de Safras da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Carlos Bestétti como pontos favoráveis ao desempenho da região. Segundo ele, a grande expansão aconteceu nos últimos dez anos pela influência de produtores vindos da Região Sul do País, com uso de modernas práticas agrícolas, em busca de áreas mais extensas e baratas para produzir em larga escala. "As boas perspectivas da região apontam para uma crescente produção nos próximos anos, devido à grande área de cerrado que, sem desobedecer à legislação ambiental, possibilita avançar para novos polos produtivos", destaca o coordenador.

Os agricultores podem aumentar a produção sem necessidade de desmatamentos em áreas frágeis, utilizando tecnologia moderna. Na safra 2009/2010, a região produziu cerca de 12,2 milhões de toneladas de grãos. A previsão para esta safra é de um aumento de 17%. Na área plantada, houve um aumento de 10% em relação à safra anterior. "Levando em consideração essa escalada de produção e a abertura de novas áreas, a tendência é o aumento da participação destes estados na produção nacional, que hoje é de 15 milhões de toneladas."

Os Estados do Maranhão, Piauí e Bahia, praticavam a agricultura de subsistência, com exploração em pequenas áreas, sem uso de tecnologia. O cultivo da terra se caracterizava pelas práticas culturais básicas e sequenciais: roçar e cortar o mato, arar a terra, fazer a queimada e a semeadura. Raramente era utilizada adubação química. "Trata-se de uma exploração praticamente extrativista. Quando a terra fica esgotada é abandonada e nova área é arada e queimada", explica Bestétti.

A chegada de produtores de outros estados, praticantes da agricultura empresarial, estimulou a abertura de grandes áreas disponíveis para plantio, com o uso de tecnologia de ponta. Foram esses produtores que fizeram os três estados alcançarem destaque na produção nacional.

O Estado de Tocantins teve características diferentes na sua colonização. Além da agricultura de subsistência, inicialmente, contou com ações inovadoras como o Projeto Rio Formoso. Implantado há mais de 30 anos com o apoio do governo federal, o projeto incentiva a produção de arroz irrigado. Na década de 1980, muitos produtores foram atraídos para a região devido ao apoio financeiro oferecido para a cultura.

O agronegócio da Matopiba também foi favorecido com a inauguração da Eclusa do Tucuruí, no Rio Tocantins, em novembro de 2010. "A região tem deficiência de infraestrutura para o escoamento de grãos, principalmente a soja, e a hidrovia do Rio Tocantins surgiu como uma solução", ressalta o coordenador de Serviços de Infraestrutura Rural, Logística e Aviação Agrícola do Ministério da Agricultura, Carlos Alberto Nunes.

O potencial de transporte hidroviário na área pode chegar a 18 milhões de toneladas, com outras alternativas em andamento, como a construção da Ferrovia Norte-Sul, da eclusa de Lageado (Tocantins) e a execução do projeto da eclusa de Estreito, na divisa de Tocantins com o Maranhão. "Tudo isso, aliado à adequação e ampliação dos portos de Vila do Conde e Outeiro (Belém-PA) e Itaqui (São Luís-MA), vias naturais de exportação dos produtos da região, irá favorecer ainda mais o desenvolvimento da região", diz.

Para vencer o desnível de 75 metros, Tucuruí conta com duas eclusas, separadas por um canal de 6 km de extensão. O investimento total do governol foi de R$ 1,6 bilhão.Elas foram dimensionadas para movimentar embarcações com cargas de grandes volumes, como granéis agrícolas.

Fonte: Diário do Comércio e da Indústria
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