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Terezinha Rego: 50 anos de fitoterapia

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Na última semana a Dra. Terezinha Rego, Doutora em botânica que dedica sua vida à Pesquisa Científica no estudo da Fitoterapia, Hortas Medicinais, Medicina Popular, Pré-Amazônica, Etnobotânica e Espécies Medicinais, foi homenageada durante encontro das equipes da Força Estadual de Saúde (Fesma), programa do Governo do Maranhão - que leva atendimento médico para onde as gestões públicas nunca tinham estado-, e se emocionou ao falar que, em 50 anos, é a primeira vez que recebe o apoio de uma gestão estadual.

Em uma breve entrevista exclusiva, Terezinha conta como a fitoterapia, projeto de sua vida, tem ajudado a curar maranhenses de todos os cantos do estado e sobre a implantação do projeto Farmácia Viva nos municípios atendidos pelo Plano Mais IDH, do Governo do Maranhão.

1- Em um evento realizado esta semana, a senhora disse que pela primeira vez uma gestão estadual apoiou seu projeto. Como se dá esse apoio?

Terezinha Rego - Eu tenho lutado muito e procurei apoio de todos os governantes, mas nenhum se sensibilizou por essa minha luta pela fitoterapia. Eu sempre tive certeza que essa luta vai continuar trazendo benefícios para a população menos favorecida, que não tem acesso a farmácia tradicional pelo absurdo dos preços dos medicamentos e pelos efeitos colaterais que eles causam e, o que é mais importante, por não poder aproveitar essa riqueza que nós temos aqui que é a nossa pré-amazônia.

Então, eu estou em estado de graça e me emociono muito de ver como o governador Flávio Dino se sensibilizou com a minha história, com o meu projeto. São mais de 50 anos nessa luta que, até agora, só a Universidade Federal do Maranhão (Ufma) é que mantinha o projeto vivo, e agora temos esse grande incentivo governamental.

2- Reconhecida internacionalmente por suas pesquisas, a senhora destacaria algum dos prêmios que já recebeu como o principal de sua carreira?

Estou aposentada desde 1999, mas não deixo de atender diariamente, de segunda a sexta, pela manhã e a tarde, com aproximadamente 80 medicamentos fitoterápicos oferecidos às comunidades. Essa é a razão para continuar nessa luta para melhorar a saúde dos que precisam.

A partir daí, consegui fazer doutorado em Botânica, na cidade de São Paulo, construí o herbário com 10.800 espécies catalogadas que ajudam os estudantes a dar continuidade nos estudos com as plantas. Já orientei 1.800 monografias de graduação e participei de bancas de mestrado e doutorado em vários lugares do Brasil.

Além disso, tive a oportunidade de ganhar prêmios no mundo inteiro, passei um mês no Keukenhof, maior jardim botânico do mundo, em Londres; estou no livro de kenken, com projeto registrado, mas o prêmio que mais me orgulho de receber é o reconhecimento das pessoas que ficaram curadas pelo tratamento.

Todos estes prêmios, o registro no livro, ser membro do Conselho Nacional de Farmácia são coisas maravilhosas, mas nada me deixa mais feliz do que ouvir as pessoas me contarem que estão curadas, receber uma ligação de uma criança que nunca pôde nem ser tocada para me contar que já pode até tomar banho de chuva, informações como estas não têm preço. É uma alegria muito grande.


3- O Farmácia Viva foi inspirado na sua pesquisa, qual a importância disso?

Eu comecei esse projeto das hortas medicinais em 1977, preocupada com as pessoas que vinham do interior em busca de qualidade de vida e eram marginalizadas, morando nas periferias onde não tinham condições de plantar e usar as plantas como medicamentos.

E agora, com 84 anos, temos um governador sensível à causa fitoterápica. Eu só tenho a agradecer a ele e pedir para Deus pela minha saúde para, assim, eu ajudar cada vez mais pessoas.

Saiba mais sobre o Farmácia Viva

O projeto desenvolvido pelo Governo do Maranhão, em homenagem a Dra. Terezinha Rêgo, foi incialmente implantado nos municípios atendidos pelo Plano Mais IDH, mas já expandiu para outras 69 cidades, totalizando 99 hortos - pequenas áreas cultivadas, em média, com plantas medicinais.

Com o apoio da Secretaria de Estado da Saúde (SES), dos profissionais da Força Estadual de Saúde (Fesma) e da Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF), as equipes orientam a população a fazer o uso correto das plantas medicinais cultivadas em hortos para auxiliar no tratamento de enfermidades como diabetes, hipertensão, inanição infantil e saúde bucal.

A farmacêutica e coordenadora do Farmácia Viva, Kallyne Bezerra Costa, explica o papel do programa na construção de melhorias na área da saúde dos municípios. “A Farmácia Viva, projeto incentivado pelo governador Flávio Dino, em reconhecimento pelo trabalho desempenhado pela professora Terezinha Rêgo, já alcançou 28 dos 30 municípios do Plano mais IDH, levando palestras, capacitações e treinamentos para a população, voluntários e profissionais da Fesma, tornando- os prescritores destas plantas medicinais como tratamento”, explica Kallyne.

Nos hortos estão sendo cultivadas em média 70 espécies de plantas medicinais, de acordo com as regiões, como insulina, mastruz, santa quitéria, picão, vick, erva cidreira, hortelã da folha grossa, boldo do Chile, hortelãzinho, cravo de defunto, manjericão e cana-da-índia.

As espécies, apesar de não substituírem a medicação tradicional, auxiliam no tratamento de problemas renais, gastrite, dores musculares, diabetes, disfunções hepáticas, hepatites, verminoses, amidalite, doenças gastrointestinais, ansiedade, gripe e muitas outras. A proposta dos canteiros é, também, fornecer mudas para que os cidadãos possam cultivar as plantas em suas casas.

Fabiana Akira, Agência Secap
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