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O fator Roseana: franca-atiradora ou boi-de-piranha?

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O ex-deputado constituinte, ex-deputado estadual e cineasta consagrado. Joaquim Haickel, num ato falho, considera que a ex-governadora Roseana Sarney está mesmo desprovida de capital político para a eleição do próximo ano.

No início de junho, De Todos Nós publicou editorial que reconhece a perda deste capital político caso os dois filhos de José Sarney perdessem a disputa eleitoral de 2018.

Porém, em O Fator Roseana, o berro é mesmo para a água pois conclui: "Só Flavio Dino tem algo a perder se Roseana for candidata ao governo em 2018". Portanto, somente o governador, é detentor de capital político e teria o que perder.

Quanto à Roseana Sarney resta-lhe dois papeis: o de franco-atiradora, até um pouco mais nobre, ou então o de boi-de-piranha, a magrela rês usada para saciar a voracidade do eleitor enquanto a caravana de minguados deputados tenta chegar do outro lado do rio.

É mesmo o começo do fim, ou o fim, o ato falho do ex-deputado, nem Freud explica!

E se os dois filhos de José perderem as eleições?

A governadora Roseana Sarney ensaia sua candidatura à Assembleia Legislativa. Seu irmão e ministro do Meio Ambiente do presidente Michel Temer lançou-se recentemente ao senado federal.

Trocando em miúdos, o clã que dominou por meio século o Maranhão reconhece a força do governador Flávio Dino e escalou seus quadros principais para longe do Palácio dos Leões.

Dessa forma, acreditam na eleição de um senador e de uma forte bancada estadual oposicionista puxada pela ex-governadora.

É um passo ousado e muito, muito arriscado.

E se os dois filhos de José Sarney perderem as eleições? Ai não será o começo do fim, mas o fim definitivo da mais longeva dinastia a comandar um estado da federação.

Vão se juntar a Ana Jansen e restarão apenas as carruagens de mulas sem cabeça, porém, sem assustar mais os incautos maranhenses.

Será?

Frederico Luiz

O fator Roseana

Um ex-prefeito, intimamente ligado ao governador Flávio Dino, ao encontrar-se comigo no restaurante preferido dos políticos, em São Luís, colocou a mão no meu ombro, puxou-me para o lado, afastando-me dos demais, e me perguntou meio que sorrateiramente se eu acredito que Roseana será candidata a governadora do Maranhão na eleição de 2018.

Vi em seus olhos a chama de uma curiosidade honesta. Curiosidade que se justifica plenamente, uma vez que informação é um capital importantíssimo, ainda mais em tempos toscos como esses pelos quais estamos passando.

O erro dele foi imaginar que eu pudesse realmente saber a verdadeira intenção de Roseana no que diz respeito a seu destino político e eleitoral. Ele, bem como outros, nem imaginam que eu devo ser a pessoa menos qualificada para prestar um depoimento confiável, pelo menos do ponto de vista da pessoa em questão. Eu só sei o que eu faria no lugar dela!

O motivo daquela pergunta se deve ao fato de que o quadro político-eleitoral maranhense será um com Roseana disputando a eleição e outro completamente diferente sem ela na disputa. Todo mundo sabe, inclusive os correligionários de Flávio Dino, que caso Roseana seja candidata, muita gente ficará com os “passes” supervalorizados!

Acredito que faz muito tempo que Roseana não se sente tão feliz! Na verdade não lembro quando ela tenha sido assim tão paparicada por políticos e pelo povo em geral, exatamente para ser candidata!

Lembro-me de alguns momentos de gloria pelos quais ela passou: Quando seu pai era presidente da República; Quando ela encabeçava um grupo de deputados favoráveis ao impeachment de Collor; durante seu primeiro mandato como governadora; e quando, mesmo doente, venceu uma eleição sem sair da cama do hospital.

Fora esses momentos, apenas este agora, quando ela é conclamada a ser candidata ao governo do Maranhão, como sendo a única pessoa capaz de enfrentar Flávio Dino com chance de vencer, pode ser inscrito em sua biografia como momentos de verdadeira felicidade e grande contentamento.

Apenas em horas como estas é que o político se sente realmente realizado. Quando seus correligionários imploram para que ele entre numa disputa, quando o povo diz que ele é a única opção a se contrapor ao status quo, quando até seus ocasionais adversários gostariam que ele se candidatasse, pois assim eles seriam mais valorizados pelo poder dominante.

É!… Tenho certeza que Roseana está muito feliz com todas essas manifestações de apoio e solidariedade, e com a grande quantidade de apelos que ela tem recebido para se candidatar ao governo em 2018.

É aí que começo a pensar e me pergunto. Por que será que Roseana não foi candidata a senadora em 2014? Se tivesse sido teria ganhado, mesmo que com certa dificuldade. Seria a primeira vez no Maranhão que uma chapa majoritária elegeria o governador e a outra o senador. Teria feito história e teria estabelecido claramente que aquele pleito não foi hegemônico.

Se ela se afastou da política eleitoral em 2014, quando todos precisavam tanto dela, por que voltar agora, em uma situação desfavorável? Parece incoerente!…

Talvez o meu raciocínio extremamente pragmático não consiga ver o que há por trás de toda essa história. Talvez eu entenda menos de política que eu e algumas pessoas imaginamos. Ou talvez eu esteja certo e Roseana realmente não será candidata a governadora.

Caso realmente ela não venha a ser candidata, o pleito será gélido, a vitória do atual governador será certa, os correligionários dele valerão menos que seus opositores, exatamente como ocorria quando o grupo Sarney mandava no Maranhão.

Caso ela seja candidata o cenário ficará bastante movimentado. O seu grupo poderá garantir a eleição de um senador, suas bancadas estadual e federal se fortalecerão para a disputa e até os adversários de seus aliados, nos municípios, ficarão mais valorizados pelo atual governo, que como os governos de antes, relega os políticos a um terceiro plano.

Só Flavio Dino tem algo a perder se Roseana for candidata ao governo em 2018.


Joaquim Haickel
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