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#ForaTemer: presidente é vaiado, de novo

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Rio vaia, 'pulsa' e aplaude de pé cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos

Exatos 33 dias depois da cerimônia olímpica, o Maracanã recebeu novamente a elite do esporte mundial, desta vez, aqueles com algum tipo de deficiência. Foram três horas de evento, em um convite para que todos se dispam de preconceitos - não só até o encerramento, em 18 de setembro, mas como principal legado do evento.

Público do Maracanã vaia presidente Michel Temer. Foto: ESPN
A pira paralímpica foi acesa às 21h51 (de Brasília) pelo nadador brasileiro Clodoaldo Silva, um dos maiores nomes da história do esporte adaptado do país. Os Jogos do Rio, provavelmente, serão os últimos do atleta de 37 anos, dono de 13 medalhas paralímpicas, sendo seis de ouro.

Carlos Arthur Nuzman teve discurso interrompido por vaias na abertura da Paralimpíada. Foto: ESPN
O presidente Michel Temer, em um dia de protestos em todo o país contra sua posse, repetiu o que aconteceu na Olimpíada e apenas declarou abertos os Jogos. A fala rápida, contudo, não evitou vaias de boa parte do Maracanã, que esteve praticamente lotado nesta quarta.

Pouco antes, vaias já haviam interrompido o discurso de Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê Organizador dos Jogos do Rio 2016, no momento em que ele agradeceu "aos governos federal, estadual e municipal". Foram quase 30 segundos de interrupção.



Das cadeiras de roda de samba

A cerimônia teve início com um vídeo relembrando o berço do movimento paralímpico, a cidade inglesa de Stoke Mandeville. Na projeção, o presidente do Comitê Paralímpico Internacional, Philip Craven, que é cadeirante, viajou por diversas paisagens brasileiras até surpreender o público surgindo no meio das arquibancadas.

Direto da Aldeia Global NET publicou:
#ForaTemer alcança desfile em Brasília

Foi o dirigente quem deu início a uma contagem regressiva, com números que se desenrolavam da cobertura do estádio - três deles, porém, ficaram presos e não desceram corretamente. No zero, o cadeirante Aaron Wheelz desceu os 17 metros de uma megarampa, popularizada pelo skatista brasileiro Bob Burnquist, e performou acrobacias.

Das cadeiras de rodas de Craven e Wheelz, a cerimônia ficou mais brasileira com outra roda, de samba, com uma sequência de cinco canções, que animaram o público.

Atletas fazem o Maracanã pulsasr

Um dos momentos mais esperados da cerimônia de abertura aconteceu durante a entrada das delegações participantes dos Jogos. Cada um dos times entrou com uma peça de quebra-cabeça, com o nome do país de um lado e fotos de seus atletas de outro, que foram sendo entregues ao artista Vik Muniz. No centro da festa, uma obra foi sendo montada em tempo real.

Na entrada da última delegação, a brasileira, com a atleta Shirlene Coelho como porta-bandeira, as peças formaram um coração, que começou a bater ressaltando o conceito da cerimônia de abertura: "O coração não conhece limites. Todo mundo tem um coração". Efeitos especiais fizeram o estádio inteiro "pulsar" em luzes vermelhas.

Vaias nos discursos

"Agradeço à parceria de todos os governos, federal, estadual e municipal, para a realização desses Jogos". Foi essa frase, em meio aos discursos da cerimônia que fez o Maracanã explodir em vaias durante fala de Nuzman, que antes disso celebrava o fato de o Brasil se tornar mais forte "quando ninguém acredita".

"Celebramos um grande desafio, construir o mundo novo, mais acessível para todos. Mais justo, mais fraterno, onde todos possam caminhar lado a lado sem obstáculos. É uma missão difícil, que nos faz mais fortes. Somos o país das realizações impossíveis", disse o brasileiro, que viu a organização precisar de socorro às pressas para arcar gastos de organização das Paralimpíadas.

Presidente do CPI, Craven também agradeceu ao governo federal em sua fala, e os protestos se repetiram. Desta vez, porém, mais curtas. Logo depois, Temer declarou aberto os Jogos e, apesar da fala rápida, foi outro a receber sonoras vaias.

'Cegando o Maracanã'

Protestos à parte, o público foi convidado a interagir após os discursos. Todas as luzes se apagaram e apenas alguns focos de luz, no centro do espetáculo, reproduzindo bastões para cegos, orientavam os presentes. Foi assim em uma série de projeções com os refletores escuros.

Foi depois disso que surgiram os Agitos, o equivalente aos anéis olímpicos. O símbolo está no centro da bandeira paralímpica, estendida com a participação de crianças do projeto Bota no Mundo, acompanhadas de seus pais, em um dos pontos mais emocionantes da noite.

Outro foi quando Márcia Malsar, uma das pioneiras do esporte paralímpico brasileiro, caiu enquanto carregava a tocha e se levantou, seguindo o trajeto para que a chama chegasse às mãos de Clodoaldo. Ela foi aplaudida de pé por todo o estádio.

Ao menos nesta quarta-feira, o Brasil não ficou indiferente às pessoas com necessidades especiais.

Thiago Cara, ESPN
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