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A Falta de Um Pedetista

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Em tempos de cóleras políticas onde o Estado Democrático de Direito sofre ataques inimagináveis depois de 21 anos de ditadura militar, vimos a classe política numa densa crise ética, moral, e histórica. Faz-se necessário resgatar figuras como o Dr. Jackson Lago, do estado do Maranhão.


Lutador na década de 60 contra a ditadura militar, justamente na terra de um dos pilares mais fecundos do apoio ao regime, o Dono do Maranhão e depois um dos donos da República, José Sarney.

O Dr. Jackson Lago foi amplamente reconhecido por seu pioneirismo na área médica, – na implementação da cirurgia toráxica no sistema público de saúde-, se notabilizando como “salvador de vidas” por seus pacientes, isso no começo de sua carreira.

Médico, professor e político, deu aula na Ufma onde suas características mais acentuadas, como sua didática qualificada, na ministração de suas aulas no curso de Medicina.

Em 1974, foi eleito Deputado Estadual pelo MDB, engajado na defesa dos Direitos Humanos e na volta da democracia.

Em 1979, atendendo o convite de Leonel Brizola para resgatar o velho PTB, cujas manobras do General Golbery do Couto e Silva, roubou a legenda dos verdadeiros e legítimos trabalhistas, foi fundador do PDT e o ideário trabalhista resgatado, focado na luta pela educação e da Soberania Nacional. Jackson nunca titubeou em se colocar como um homem de ideais de luta da esquerda trabalhista.

Foi eleito prefeito de São Luiz, capital do Maranhão por 3 vezes. Dedicou sua obra aos mais necessitados, compreendendo que a educação é um instrumento de libertação e afirmação de dignidade, da mesma forma que centrou seus esforços na saúde, na habitação e na infraestrutura na cidade maranhense.

Mas cometeu um erro.

Colocou-se a enfrentar uma das mais poderosas oligarquias do Brasil, donos absolutos do Maranhão, e responsáveis incontestes da miséria e atraso social daquele Estado, a família Sarney.

Jackson enfrentou todo o complexo sistema de comunicação e manipulação da família – que são donos de inúmeros rádios, jornais, e retransmissoras de TV, (leia se Globo), no Estado-, sem falar do poderio Jurídico, uma vez que contam com notórios membros do poder judiciário em suas relações.

Síntese mais fiel da luta, Jackson não envergou. Lutou, lutou e lutou.

Chegou ao Governo do Estado em 2006 contrariando todas as projeções. A aliança “Frente de Libertação do Maranhão” colocava fim ao poderio oligarca de 40 anos do clã Sarney. Mas foi deposto numa ardilosa ação com membros do Judiciário que cassaram a chapa vencedora, e recolocaram a oposição no Governo.

Em artigo na Revista “IstoÉ” o ilustre maranhense Zé Cabaleiro denunciou “O senador José Sarney, recém-empossado presidente do Senado em um jogo de caras barganhas políticas, parecia ter saído da cena política regional para dar lugar a ares mais democráticos, depois de amargar a derrota da filha Roseana na última eleição ao governo do Estado para o pedetista Jackson Lago. Mas eis que volta, por meio de manobras politicamente engenhosas e juridicamente questionáveis, para não dizer suspeitas, orquestrando a cassação do governador eleito, sob a acusação de crime eleitoral, conduzindo a filha outra vez ao trono de seu império. Suprema ironia, uma vez que paira sobre seus triunfos políticos a eterna desconfiança de manipulações eleitoreiras (a propósito, entre os muitos significados da palavra maranhão no dicionário há este: “mentira engenhosa”).

Jackson disputou outra eleição ao Governo do Estado e amargou o terceiro lugar.

Mais uma vez, o Maranhão continuou a ser quintal do clã Sarney, até o comunista Flavio Dino ganhar e assumir o Governo.

Mas, o grande adversário e libertador do estado do Maranhão foi Jackson Lago.

Henrique Matthiesen, ULB

Nota da Fundação Leonel Brizola: O autor é formado em Direito pela Faculdade de Americana - SP. Filiado ao PDT desde de 1995, foi vice-presidente da UBEs e presidente Estadual da JS-PDT. Articulista em jornais como “O Liberal em Americana”, “Diário Rio Claro”, “Colaborador Diário da Manhã”, “O estado”, “Gazeta de Toledo”, “Correio de Curitiba” e “Jornal da cidade Bauru”, entre outros.
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