-->

Flávio Dino explica como enfrentará mídia dos Sarney

Publicidade

No Maranhão, Flávio Dino terá rádio pública e internet para enfrentar reação dos Sarney à perda de privilégios


Luiz Carlos Azenha, Viomundo

Em primeiro de janeiro um jovem de apenas 46 anos de idade, ex-juiz federal, ex-deputado e ex-presidente da Embratur, assume o governo do Maranhão com o compromisso de proclamar a República no Estado.

Trata-se de Flávio Dino, o primeiro governador eleito na história do Partido Comunista do Brasil.

Flávio Dino
Flávio Dino, governador eleito do Maranhão em entrevista para Viomundo
As expectativas em torno de seu governo são imensas: depois de quase 50 anos de controle do Maranhão pela oligarquia do senador José Sarney — com breves interrupções aqui e ali –, metade da população maranhense não dispõe de saneamento básico. É um dado que diz tudo.

Mas há outros: embora esteja em décimo sexto lugar em Produto Interno Bruto, o Maranhão tem o segundo pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da federação, o que reflete uma desigualdade ainda maior que a do restante do país.

Flávio Dino defende o diálogo com todas as forças políticas a partir de convicções claras.

Diz que não vai fazer um governo de revanchismo contra os Sarney e seus associados.

Porém, sabe que ao implantar a impessoalidade nos negócios do Estado vai acabar atacando os privilégios da oligarquia, que se projetou nacionalmente justamente para preservar o completo domínio sobre os negócios locais.

Um domínio expresso muito além das rodovias, escolas, ruas, cidades, prédios públicos e monumentos que levam “Sarney” no nome. Um domínio que só se tornou possível graças a ferramentas como uma poderosa rede de comunicação que inclui a retransmissora da TV Globo e suas afiliadas, o maior jornal de São Luís, portal na internet e dezenas de emissoras de rádio.

Durante a campanha, esta rede foi usada descaradamente. A TV Difusora de Imperatriz, afiliada do SBT que pertence à família Lobão, subalterna dos Sarney na oligarquia, chegou a produzir uma série de cinco reportagens sobre o comunismo para sugerir aos telespectadores, em um importante colégio eleitoral do Estado, que Flávio Dino comeria criancinhas no café da manhã — conforme denunciou Renata Mielli em O Escandaloso antijornalismo dos Sarney.

Na entrevista dos candidatos ao governo na TV Mirante, retransmissora da Globo controlada pelos Sarney, quando foi a vez de Dino o apresentador parecia crente de que o candidato implantaria o comunismo expropriando as igrejas católicas.

A ironia é que, eleito em primeiro turno com mais de 63% dos votos, Flávio Dino diz que seu republicanismo será equivalente a uma “revolução burguesa”, a um “choque de capitalismo” no Maranhão.

Na entrevista exclusiva que concedeu ao Viomundo, na sede do PCdoB no centro de São Paulo, o governador eleito explicou como vai enfrentar o PiG local — PiG, Partido da Imprensa Golpista, na feliz definição do deputado Fernando Ferro para a mídia que se acredita dona de mandato divino para governar.

Também explicou o motivo pelo qual não buscará diálogo com os Sarney.

Veja abaixo os dois trechos iniciais de nossa entrevista. No pé do post, reprodução completa da conversa. No áudio, Dino começa avaliando a decisão da governadora Roseana Sarney de renunciar nos últimos dias do mandato, deixando assim de participar da transmissão do cargo ao comunista.






Advertisemen