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"Merdas Flutuantes": Bira rebate artigo do Dono do Mar

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Frederico Luiz

O Dono Mar, o senador José Sarney, desafia órgãos ambientais e todos que ousem tratar do Oceano Atlântico. Afinal, o mar é dele, e ponto final!

No seu artigo semanal, na primeira capa, no jornal de sua filha, a Governadora do Mar, domingo passado, 12, com um enfadonho segundo parágrafo, ele nos tenta convencer a adentrar nas praias de São Luís. Sem ódio e sem medo dos coliformes fecais, como diria o saudoso senador e ex-ministro da Reforma Agrária, Marcos Freire.

Sarney vocifera em defesa da liberação das praias para banhistas em SL
O assunto é polêmico. Na semana passada, o escritor menor, J.E Branco, neste Blogue, publicou "Merdas Flutuantes". E lembrou que a capital do Maranhão devia ser declarada, imediatamente, pelo Conselho de Segurança da ONU como "Patrimônio Anal e Material" da humanidade!

Veja abaixo, reprodução da Coluna do Sarney. O material foi colhido do Blog de Gilberto Leda que de forma alguma ousaria modificar o original de O Estado do Mar: Não faz mal...

São Luís polui o Atlântico
O Oceano Atlântico, antes de ser nominado e descobertos sua extensão e mistérios, era chamado de “mar tenebroso”, “mar oceano”, não se sabia o que existia além da navegação da costa africana, o que deixava aberta a imaginação da existência dos monstros marinhos que habitavam esse mundão de águas cujos limites não se tinha noção nem se tinha limites. Seu nome vem da mitologia grega, mar de Atlas, este deus grego que nós vemos carregando o globo terrestre nas costas.

Agora, vejo há muitos meses – coisa inédita no Brasil – ser São Luís a cidade que tem todas as suas praias interditadas por águas poluídas. As águas delimitadas, cercadas, podem ter aferidas seu grau de poluição. Um oceano é impossível. O Atlântico ocupa 20% da superfície da terra. São Luís está aberta para o Oceano Atlântico, isto é, vamos repetir para estes 22% da superfície da Terra. Pois bem, nas bordas do Atlântico inteiro existem cidades como Nova Iorque, de 10 milhões de habitantes. Pois bem, perde para São Luís, que com o seu primeiro milhão de habitantes é capaz de poluir o Oceano Atlântico, com a diferença de que lá a maré não chega a dois metros e aqui vai a sete. Essa lâmina d´água, que de seis em seis horas vai e vem, é poluída por uma população de 200 mil habitantes que é a que no máximo habita a área das praias. A praia poluída é em terra, sujeira, dejetos e tudo mais que ali se deposita. Mas a água do Oceano Atlântico que vai e vem num volume que se renova, não é a mesma a toda maré, não cabe na cabeça de ninguém que possa poluir uma faixa tão estreita de terra e aí fique presa todo tempo para não deixar ninguém tomar banho. Alguma coisa está errada. Ou a medição do Oceano Atlântico ou a medição dos nossos laboratórios. São Luís tem uma média de tratamento de esgoto de 10%. A cidade inteira. A média das capitais do Nordeste é de 8%. Recife tem três milhões de habitantes e 5% de esgoto tratado. Suas praias estão livres. Pois é aqui que não se pode tomar banho em todo o litoral brasileiro! Isso pode entrar na cabeça de alguém? Alguma coisa, repito, está errada!

O Maranhão está com esta característica de se autoflagelar. Tivemos um tempo em que espalhamos no Brasil, com dinheiro do povo maranhense, um out-door com a frase “Maranhão, o Estado mais Miserável do Brasil”. Agora, são as praias “poluídas, impróprias para banho”. O próximo cartaz – já passou na televisão – dirá: “Não vá ao Maranhão, praias transmitem doenças”.

Não estou a favor de liberar a Prefeitura (praia é área de prefeitura) da obrigação de manter as praias limpas. Do mesmo modo, a Caema de identificar os riachos que deságuam as águas poluídas e tratá-las. Agora, levar ao extremo de dizer que o Oceano Atlântico está poluído e justamente escolher suas águas impróprias para banhar Olho d’Água, Araçagi, Calhau, Ponta d’Areia, Praia do Meio, Caolho, Ribamar, Raposa, Guia, São Marcos, e disso fazer um escândalo nacional contra o Maranhão é demais!

Sou daqueles que compreendem que saneamento é saúde e prioridade. Roseana lançou o programa de saneamento para dentro e um ano e meio termos 30% de esgoto tratado e dentro de cinco anos, 100%, projeto inédito no Brasil.

Agora, esse programa de que estamos poluindo o Oceano Atlântico me faz lembrar aquela história nossa: “Isso é um jabuti trepado no pau. Ou é coisa de gente ou de enchente”.


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Ontem, na Assembleia Legislativa do Maranhão, o assunto voltou à baila. O deputado estadual Bira do Pindaré fez questão de registrar o artigo acima nos "Anais da Casa". Melhor lugar para se guardar, creio que não há.

O deputado disse ainda, conforme destaca o Portal da Assembleia, que o artigo acima é uma pérola, aquela que não se deve dar aos porcos. E finaliza afirmando que o senador José Sarney perdeu uma ótima oportunidade de ficar calado.

Veja:

Deputado Bira do Pindaré critica artigo escrito pelo senador José Sarney
O deputado estadual Bira do Pindaré (PT) utilizou a tribuna, na tarde desta segunda-feira (13), para repudiar o artigo escrito pelo senador José Sarney (PMDB-AP) e protestar contra poluição das praias da Grande Ilha de São Luís.

O senador escreveu um artigo, publicado no jornal “O Estado do Maranhão”, intitulado: “São Luís polui o Atlântico”, em que dizia que a capital maranhense não é capaz de poluir o oceano e negando a existência das fezes, medidas por diversos laboratórios do Estado, e encontrada em todas as praias da Ilha.

“Considero esse artigo uma pérola que deve ser guardado nos Anais desta Casa e deve servir de estudo para as academias, os estudiosos, enfim. Ele ataca os de laboratórios e ataca a própria filha, a governadora do Estado. Ele resolveu dar uma de biólogo e questionar o laudo dos laboratórios do Maranhão que declararam a interdição das praias em São Luís. Ele considera um absurdo, como é que pode São Luís poluir o Atlântico? Pelo que sei ninguém disse que São Luís poluiu o Atlântico, que, de fato, o Atlântico é muito grande. Mas as praias de São Luís estão poluídas”, opinou o petista.

Bira explicou que a Baia de São Marcos está poluída, o que vai de contraponto aos pensamentos de Sarney de que só 200 mil habitantes, moradores dos bairros da faixa litorânea, não são capazes de poluir as praias. O deputado considerou o raciocínio muito simples, para o tamanho equivoco na sua alegação.

“Resolvi fazer uma conta. Um ser humano, segundo os especialistas, defeca, por dia, 125 gramas em média. 125 gramas multiplicados por 200 mil são 25 toneladas de fezes todos os dias. Isso considerando apenas os 200 mil habitantes que ele falou que moram na região litorânea de São Luís. Se você pegar a Ilha de São Luís, 1.3 milhão de habitantes, dará 160 toneladas de fezes, todos os dias, lançadas nas praias, nos rios, córregos, nos riachos, sem nenhum tratamento”, calculou Bira.

“No artigo, José Sarney ataca a filha, Roseana Sarney, admitindo que ela auto-flagela, maltrata o Maranhão, divulgando nos quatro cantos do país a quantidade de merda que o governo dela faz transbordar pelas praias de São Luís. Mas aí eu tenho que defender a governadora, deputado Othelino, sou obrigado, porque ela só está agindo com transparência, porque há uma ordem judicial que determinou que o Estado emitisse o laudo das praias. É um dever do governo fazer isso, e é um direito do cidadão saber disso, afinal de contas, se a gente não sabe isso é um atentado contra a saúde pública, ora, eu tenho direito de saber se essa praia está poluída ou não? Se eu posso tomar banho nela ou não? Se os meus filhos e filhas podem tomar banho ou não?”, esclareceu Bira do Pindaré.

Bira protestou contra a sujeira na praia, defendendo que este é o espaço de lazer mais democrático que existia na Ilha. E finalizou o pronunciamento se reportando ao artigo, “Salta os olhos a tamanha insensatez do honorável senador que perdeu uma boa oportunidade de ficar calado”.
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