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Correio Braziliense: Mãe de Marcelo Dino contesta versão apresentada por hospital

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Família do garoto morto por crise de asma rebate médicos e diz que houve demora no socorro
O Hospital Santa Lúcia alega que tinha dois plantonistas e que morte do menino foi fatalidade

por Kelly Almeida
e Ariadne Sakkis

Quase um mês e meio após a morte de Marcelo Dino (filho do presidente da Embratur, Flávio Dino), ainda restam muitas dúvidas a respeito das circunstâncias do atendimento ao adolescente. Dez pessoas, entre familiares e funcionários do Hospital Santa Lúcia, já prestaram esclarecimentos à Polícia Civil.

Hoje, mais dois integrantes da equipe médica devem ser ouvidos por investigadores da 1ª Delegacia de Polícia, na Asa Sul. Em depoimento, no último dia 2, a médica intensivista plantonista da unidade de terapia intensiva (UTI) pediátrica Izaura Emídio informou que, momentos antes de Marcelo ter a crise, ela se ausentou da UTI para auxiliar um colega em um parto. Enquanto a família acusa o hospital de demora no atendimento, a direção da unidade afirma que o garoto teve uma “asma fatal”.

Para a direção do Santa Lúcia, Marcelo Dino foi vítima de uma "asma fatal"
Segundo informou à polícia, Izaura teria sido chamada, por volta das 5h30 de14 de fevereiro, para auxiliar na realização de um parto no centro obstétrico. Ela foi à sala de cirurgia e permaneceu no local por 20 minutos. Enquanto isso, o hospital garante que o médico intensivista da UTI Neonatal, João Pimentel, ficou responsável pelas duas unidades. Ao fim do parto, Izaura soube, por meio das auxiliares de enfermagem, que “tudo estava tranquilo”. Por volta das 6h10, na sala de descanso dos médicos, Izaura recebeu a informação de que a mãe de Marcelo tinha dito que o filho estava “cansadinho”, mas que “ele estava bem e que ele estava saturando bem”.

A médica permaneceu na sala por algum tempo até que a funcionária retornou e disse que o garoto reclamava de falta de ar. Na UTI, Izaura verificou que Marcelo estava “cansado, com as extremidades dos dedos um pouco arroxeadas”. Ela constatou não haver entrada de ar nos pulmões do menino e o colocou no oxigênio. Pelo depoimento, a intensivista não detalha quanto tempo se passou antes de solicitar a presença do anestesista Augusto César Ramos Pupe. Ao chegar, o médico entubou o paciente e a equipe começou a ministrar sedativos e broncodilatadores.

Deane Fonseca em evento antes da morte de seu filho. Clique para ampliar
Diante do insucesso das medidas, continuou a médica em depoimento, a equipe deu três injeções de fortes medicações para estimular a ventilação pulmonar. Por um tempo, eles conseguiram restabelecer a respiração, mas, na sequência, o menino teve outra piora. Marcelo Dino, filho do presidente da Embratur, Flávio Dino, chegou a ser entubado duas vezes. Os médicos diagnosticaram perda de frequência dos batimentos cardíacos e recorreram a 12 ampolas de adrenalina e massagens cardíacas, executadas pelo médico João Pimentel. Pelo relato de Izaura Emídio, as investidas não foram suficientes para impedir a morte do menino, às 7h.

A família do paciente, no entanto, insiste que houve demora no atendimento de Marcelo Dino e que esse tempo teria contribuído para a morte do menino. “Se havia outro médico atendendo a UTI infantil, por que ele não socorreu imediatamente meu filho? Meu filho ficou sem nenhum médico no momento decisivo”, contesta a mãe do garoto, Deane Fonseca. Leia depoimento:

Depoimento: Alegação é absurda, diz mãe 
“A nova versão do Hospital Santa Lúcia, 40 dias após a morte do meu filho, torna ainda mais grave o descaso no atendimento a Marcelo. Se havia outro médico atendendo a UTI infantil, por que ele não socorreu imediatamente meu filho? Meu filho ficou sem nenhum médico no momento decisivo. A versão da direção de que outro médico ficou atendendo no lugar da Izaura é absurda. Basta ler o próprio prontuário do hospital e os depoimentos que foram prestados à polícia. "
(Deane Fonseca, mãe de Marcelo Dino)
"Em seu depoimento à Polícia Civil, a médica declarou que estava sozinha atendendo duas UTIs (neonatal e infantil) e o centro obstétrico. E mais, que quando as UTIs têm casos de urgência, a maternidade é fechada. Eu devo acreditar na versão da médica à polícia ou na do hospital à imprensa?"
(Deane Fonseca, mãe de Marcelo Dino)
"Quando Marcelo começou a passar mal, a enfermeira teve de chamar por duas vezes a médica responsável. Ela demorou pelo menos 10 minutos para chegar ao quarto porque estava concluindo um parto. O laudo médico que temos mostra que esses minutos foram cruciais para que meu filho não esteja vivo.” (Deane Fonseca, mãe de Marcelo Dino)

Diretor nega falha no atendimento
O diretor técnico do Hospital Santa Lúcia, Cícero Henriques Dantas Neto, garante não ter havido descontinuidade ou falhas no atendimento. A respeito da ida da médica ao centro cirúrgico, o diretor afirma que as instalações da sala de operação e as UTIs neonatal e pediátrica ficam no mesmo espaço físico, separadas apenas por portas. A sala de repouso médico não fica a mais de três metros das alas de internação. “O deslocamento é muito rápido de uma sala para outra”, afirma.

Para o corpo clínico do Santa Lúcia, a equipe de atendimento percorreu todos os caminhos possíveis para tentar salvar a vida de Marcelo. “Acreditamos que o menino teria sido acometido por uma asma fatal, catastrófica, já que não havia expansão pulmonar mesmo com toda a terapêutica e procedimentos feitos pelos médicos”, diz Cícero Neto.

Em nota, o Hospital Santa Lúcia reafirma que “o paciente passou a noite bem, porém, infelizmente, no início da da manhã sofreu nova crise e não respondeu ao procedimento de ventilação mecânica, apesar de todo esforço dos médicos para ressuscitação do paciente. Em seguida, foi realizada a entubação. Infelizmente, não houve resposta novamente”.

Fonte: Correio Braziliense

Nota do Blogueiro: Pelo Facebook de Deane, mensagens de apoio, como estas abaixo:

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