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Marcelo Dino: Negligência ou infeliz fatalidade?

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O Hospital Santa Lúcia, um dos mais conhecidos e tradicionais de Brasília, está novamente na berlinda. Semanas após negar atendimento ao ex-secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Duvanier Ferreira, que morreu de enfarto por falta de plano de saúde compatível aos que eram aceitos pelo hospital, o que gerou uma enxurrada de críticas à instituição, outra vítima deixa o Santa Lúcia em um situação, no mínimo, desconfortável. A morte de Marcelo Dino, que deixa em luto e inconsolável o presidente da Embratur, Flávio Dino, coloca em cheque a credibilidade deste estabelecimento.

Algo até então inexplicável causou o óbito de Marcelo, um garoto de apenas 13 anos, flamenguista apaixonado, que nunca deixou a asma que sofria o abater, muito pelo contrário: Marcelo foi levado ao hospital depois de sentir-se mal enquanto praticava atividades desportivas no Colégio Marista, na Asa Sul. O filho mais novo do presidente da Empresa Brasileira de Turismo deu entrada no hospital ao meio dia de segunda-feira, e, por uma fatalidade, erro médico ou negligência, saiu de lá, na terça-feira, sem vida. Ainda na segunda, depois de receber os cuidados necessários, Marcelo teve uma noite tranquila, embora estivesse internado na UTI pediátrica.

O adolescente acordou disposto naquela manhã de terça-feira, ávido por voltar ao convívio com os colegas. Tomou banho cedo, às cinco da manhã, e chegou, até mesmo, a enviar mensagens de texto aos amigos do colégio, dizendo que estaria presente nas aulas do dia que se aproximava. Porém, inesperadamente, sentiu-se mal e indisposto, o que levou sua mãe a buscar socorro no hospital. Em meia hora, recebeu o tratamento com broncodilatadores, mas, ao invés de ter a crise asmática solucionada, seu estado piorou subitamente, de modo que mesmo após 45 minutos tentando reanimá-lo, os médicos do Santa Lúcia não obtiveram êxito.

A família, incluindo a mãe do adolescente, Adriana Fonseca, assistiu a tudo desmoronando em uma dor inconsolável. Às nove da manhã do mesmo dia, o procurador da República e tio de Marcelo, Nicolau Dino, registrou uma ocorrência na 1ª DP da Asa Sul, acusando o Santa Lúcia de negligência no atendimento. A demora no atendimento e o atraso na aplicação do remédio foram apontados por Nicolau como possíveis causas para a morte do garoto. O pai de Marcelo, Flávio Dino, que se candidatou ao governo do Maranhão, em 2010, e já atuou como deputado federal, recebeu manifestação de solidariedade, no IML, da ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman, porém, compreensivelmente, não conseguiu conter o desespero. O Ministério Público investiga os acontecimentos e apura se a causa da morte foi uma “infeliz fatalidade”, como relatou o hospital Santa Lúcia em nota, ou apenas a comprovação de que esse estabelecimento, que lida diariamente com centenas de pacientes, precisa urgentemente de uma reavaliação.

Na quarta-feira, depois do enterro de Marcelo Dino, o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal (CRM) abriu uma sindicância para concluir as causas da morte do garoto, que tinha asma crônica ao dar entrada, na segunda-feira, no Hospital Santa Lúcia.

O pai do garoto, no mesmo dia do sepultamento, transmitiu uma mensagem no Twitter para reafirmar a convicção de que houve falha médica: “Nota do Hospital Santa Lúcia sobre o caso do meu filho Marcelo omite dados relevantes. Mas vou me pronunciar após as investigações”. Não é só o pai do garoto que está convicto de erro médico, mas toda a família acredita que houve mesmo negligência, sendo que o hospital assegura que o paciente estava assistido pela equipe médica.

Para o presidente do CRM, Iran Augusto Cardoso, o procedimento é padrão para casos de mortes nos hospitais, quando acontecem circunstâncias não esclarecidas. O médico, falando pelo CRM, até ressaltou: “Vamos juntar as peças do caso e, depois, o processo será analisado por uma câmara dentro do conselho”.

Resta, agora, chegar à verdade, de um lado ou de outro.

Fonte: Brasília em Dia
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