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Palmares: da conciliação de Ganga Zumba à resistência de Zumbi. Hoje é dia da Consciência Negra

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O Quilombo dos Palmares foi fundado no ano de 1597, por cerca de 40 escravos foragidos de um engenho situado em terras pernambucanas. Em pouco tempo, a organização dos fundadores fez com que o quilombo se tornasse uma verdadeira cidade. Os negros que escapavam da lida e dos ferros não pensavam duas vezes: o destino era o tal quilombo cheio de palmeiras.

Com a chegada de mais e mais pessoas, inclusive índios e brancos foragidos, formaram-se os mocambos, que funcionavam como vilas. O mocambo do macaco, localizado na Serra da Barriga, era a sede administrativa do povo quilombola. Um negro chamado Ganga Zumba foi o primeiro rei do Quilombo dos Palmares.


Alguns anos após a sua fundação,o Quilombo dos Palmares foi invadido por uma expedição bandeirante. Muitos habitantes, inclusive crianças, foram degolados. Um recém-nascido foi levado pelos invasores e entregue como presente a Antônio Melo, um padre da vila de Recife, de Porto Calvo (hoje, em Alagoas), que o batizou de Francisco e e o alfabetizou, ensinando-lhe português e latim. Aos dez anos tornou-o seu coroinha. A população local não aprovava a atitude do pároco, que criava Francisco como filho e não como servo.

Apesar do carinho que sentia pelo seu pai adotivo, Francisco não se conformava em ser tratado de forma diferente por causa de sua cor. E sofria muito vendo seus irmãos de raça sendo humilhados e mortos nos engenhos e praças públicas. Por isso, com 15 anos, Francisco foge, e retorna a Palmares.

Após caminhar cerca de 132 quilômetros, o garoto chegou à Serra da Barriga. Como era de costume nos quilombos, recebeu uma família e um novo nome. Agora, Francisco era Zumbi. O nome de Zumbi apareceu pela primeira vez em 1673, em relatos portugueses sobre a expedição chefiada por Jácome Bezerra, que foi desbaratada pelos quilombolas. Com os conhecimentos repassados pelo padre, Zumbi logo superou seus irmãos em inteligência e coragem. Aos 17 anos tornou-se general de armas do quilombo, uma espécie de ministro de guerra nos dias de hoje.


Aos 20 anos, Zumbi destacou-se na luta contra os militares comandados pelo português Manuel Lopes. Nesses combates, chegou a ser ferido com um tiro na perna.

Em 1678, o governador de Pernambuco, Pedro de Almeida, propõe a Palmares anistia e liberdade a todos os quilombolas. Segundo o historiador Edison Carneiro, autor do livro "O Quilombo dos Palmares", ao longo dos quase 100 anos de resistência dos palmarinos, foram inúmeras as ofertas como essa.

Ganga Zumba
Ganga Zumba, ou Grande Senhor, foi o primeiro líder do Quilombo dos Palmares, governando entre 1670 e 1678. Foi o antecessor de seu sobrinho Zumbi. Sobre sua vida foi feito um filme homônimo, dirigido por Cacá Diegues e que contou com a participação do músico Cartola.

Ganga Zumba foi o primeiro líder do Quilombo dos Palmares, ou Janga Angolana, no atual estado de Alagoas, Brasil. Zumba era um escravo que escapou do cativeiro nos canaviais e assumiu uma posição como herdeiro do reino de Palmares e o título de Ganga Zumba. Apesar de alguns documentos portugueses lhe darem este nome e o traduzirem como "Grande Senhor", ele provavelmente não está correto. Entretanto, uma carta endereçada a ele pelo governador de Pernambuco em 1678, que se encontra hoje nos Arquivos da Universidade de Coimbra, chama-o de Ganazumba, que é a melhor tradução de Grande Lorde (emKimbundu), e portanto o seu nome correto.

Os quilombos ou mocambos eram refúgios de escravos foragidos, principalmente de origem angolana (Angola), que se refugiavam no interior do Brasil, principalmente na região montanhosa de Pernambuco. À medida que seu número foi crescendo, eles formaram assentamentos chamados de "mocambos".

Gradualmente diversos mocambos se juntaram no chamado Quilombo dos Palmares, ou Janga Angolana, sobre o comando do Rei Ganga Zumba ou Ganazumba, que talvez tenha sido eleito pelos lideres dos mocambos que formavam Palmares. Ganga Zumba, que governava a maior das vilas, Cerro dos Macacos, presidia o conselho de chefes dos mocambos e era considerado o Rei de Palmares. Os outros 9 assentamentos eram comandados por irmãos, filhos ou sobrinhos de Gunga Zumba. Zumbi era chefe de uma das comunidades e seu irmão Andalaquituche comandava outra.

Por volta dos anos de 1670 Ganga Zumba tinha um palácio, três esposas, guardas, ministros e súditos devotos no "castelo" real chamado "Macaco" em homenagem ao animal que havia sido morto no local. O complexo do castelo era formado por 1.500 casas que abrigavam sua família, guardas e oficiais que faziam parte de nobreza. Ele recebia o respeito de um Monarca e as honras de um Lorde.

Em 1678, Ganga Zumba aceitou um tratado de paz oferecido pelo Governador Português de Pernambuco, o qual requeria que os habitantes de Palmares se mudassem para o Vale do Cucau. O tratado foi desafiado por Zumbi, um dos sobrinhos de Ganga Zumba, que se revoltou contra ele. Na confusão que se seguiu Ganga Zumba foi envenenado, muito provavelmente por um dos seus, por fazer um tratado com os portugueses. Os que se mudaram para o Vale do Cucau foram reescravizados pelos Portugueses. A resistência aos Portugueses continuou com Zumbi.

Ganga Zumba (possivelmente um título - nganga significa sacerdote, e nzumbi "possui conotações militares e religiosas", segundo Funari), então líder de Palmares, concorda com a trégua, enquanto Zumbi é contra, por argumentar que o acordo favoreceria a continuidade do regime de escravidão praticado nos engenhos. Zumbi vence a disputa, é aclamado líder pelos que discordavam do acordo e, aos 25 anos, torna-se líder do quilombo.

Ao longo da vida, Zumbi teria tido pelo menos cinco filhos. Uma das versões diz que ele teria se casado com uma branca, chamada Maria. Ao longo de seu reinado, Zumbi passou a comandar a resistência aos constantes ataques portugueses.

Zumbi
Em 1692, o bandeirante paulista Domingo Jorge Velho, uma espécie de mercenário da época, comandou um ataque a Palmares e teve suas tropas arrasadas. O quilombo foi sitiado e só capitulou em 6 de fevereiro de 1694, quando os portugueses invadem o principal núcleo de resistência, a Aldeia do Macaco.

Ferido, Zumbi foge. Baleado, ele teria caído de um desfiladeiro, o que deu origem à história de que teira se suicidado para evitar a prisão. Resistiu na mata por mais de um ano, atacando aldeias portuguesas. Em 20 de novembro do ano seguinte, depois de ser traído por um antigo companheiro, Antonio Soares, Zumbi é localizado pelas tropas portuguesas.

Preso, Zumbi é morto, esquartejado, e sua cabeça é levada a Olinda para ser exposta publicamente. Entre outros objetivos, o de acabar com os boatos que corriam entre os negros escravizados do litoral de que o líder quilombola era imortal. Zumbi dos Palmares nasceu no estado de Alagoas no ano de 1655. Foi um dos principais representantes da resistência negra à escravidão na época do Brasil Colonial. Foi líder do Quilombo dos Palmares, comunidade livre formada por escravos fugitivos das fazendas. O Quilombo dos Palmares estava localizado na região da Serra da Barriga, que, atualmente, faz parte do município de União dos Palmares (Alagoas). Na época em que Zumbi era líder, o Quilombo dos Palmares alcançou uma população de aproximadamente trinta mil habitantes. Nos quilombos, os negros viviam livres, de acordo com sua cultura, produzindo tudo o que precisavam para viver.

"Zumbi, comandante-guerreiro
Ogum-iê, ferreiro mor, capitão
Da capitania da minha cabeça
Mandai alforria pro meu coração"
(Gilberto Gil/ Walid Salomão,
Zumbi, a felicidade guerreira)

Fontes: Espaço Educar - Suapesquisa, AgenciaBrasil, InfoAtivo DefNet - nº 4157 - Ano 12 - Novembro de 2008. Editor Responsável - Dr. Jorge Márcio Pereira de Andrade, Geocities Afoxe
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