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Igor Lago garante que PDT maranhense vai atuar 'com os melhores sentimentos e virtudes'

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por Waldemar Terr

O novo presidente regional do PDT, Igor Lago, que assumiu o cargo após a morte do pai, o ex-governador Jackson Lago, diz que “a política é a expressão maior da atividade humana. E, assim, devemos exercê-la com os melhores sentimentos, opiniões e virtudes”. O novo presidente afirma não ver “o futuro do PDT no Maranhão longe do caminho trilhado pelo seu principal líder”.

Diz também que “qualquer desvio, resignação ou subserviência à política convencional, aquela dos conchavos e acertos de gabinete, das barganhas, da politicalha, será o fim do PDT”. Afirma ainda que “um partido de massa e quadros como o PDT não pode perder essa noção histórica do seu papel no presente”.

Sobre sucessão municipal, Igor Lago garante que “no momento apropriado o PDT irá dedicar-se a São Luís com todo o carinho que a nossa cidade merece. Temos a convicção de que o partido se reencontrará com a nossa cidade após alguns processos muito dolorosos para todos nós”. Outro ponto abordado é a morte do ex-governador Jackson: “Não é fácil perder um líder. Fica um vazio, um sentimento de orfandade. Tenho vivido com os companheiros e companheiras situações que nos fazem seguir adiante”.

Ígor Lago: "PDT é um partido destinado a libertar o Maranhão"
A seguir a entrevista.

Jornal Pequeno – Qual o futuro do PDT maranhense?
Igor Lago – Não vejo o futuro do PDT no Maranhão longe do caminho trilhado pelo seu principal líder. Um partido que se forjou na luta contra a Ditadura e a Oligarquia, na luta por uma melhor e mais justa distribuição da Terra, pela Anistia, pelas Diretas Já, pelas Políticas Públicas nas áreas da Saúde, Educação, Infraestrutura, Segurança, etc. Qualquer desvio, resignação ou subserviência à política convencional, aquela dos conchavos e acertos de gabinete, das barganhas, da politicalha, será o fim do PDT. Um partido de massa e quadros como o PDT não pode perder essa noção histórica do seu papel no presente.

O PDT vai lançar candidato próprio a prefeito de São Luís?
Estamos reorganizando o partido conforme as exigências legais de formação de comissões e diretórios em todo o estado. Estamos dedicando toda a nossa atenção a esse processo. São Luís é a nossa cidade mãe. Aqui o partido nasceu, cresceu, amadureceu e colheu derrotas e vitórias. E daqui disseminou-se para todo o Estado. No momento apropriado, o PDT irá dedicar-se a São Luís com todo o carinho que a nossa cidade merece. Temos a convicção de que o partido se reencontrará com a nossa cidade após alguns processos muito dolorosos para todos nós.

Como o PDT vem reagindo após perder a liderança do governador Jackson?
Não é fácil perder um líder. Fica um vazio, um sentimento de orfandade. Tenho vivido com os companheiros e companheiras situações que nos fazem seguir adiante. Juntos, ombro a ombro, estamos juntando os cacos. Mas, para quem tem a vida pautada pela luta por destinos melhores para cada um de nós, de forma coletiva, estamos nos reerguendo, apesar de todas as adversidades, das vacilações, das tramas, das tentativas de leiloar e esfacelar o partido. A cada companheiro ou companheira que recebo na sede do partido, ali na Rua dos Afogados, ou nas andanças pelo interior do estado, vejo um olhar de tristeza e, ao mesmo tempo, de esperança, escuto palavras de solidariedade e ânimo para trabalhar pelo partido. Creio que a maioria do partido está ciente de seu papel. É preciso que todos os seus membros entendam que o PDT é um partido destinado a libertar o Maranhão.

Os vários grupos existentes dentro do partido não podem inviabilizar o PDT ou causar grande estrago?
Todo partido abriga pessoas de diferentes berços, origens, caráter, objetivos, razões, modos de fazer política. Uma das razões para que eu aceitasse o convite da maioria dos membros da Comissão Provisória Estadual, deixada por nosso líder, foi a de representar a união entre todos os membros e evitar que o partido ficasse à mercê dos protagonistas da política convencional. Tenho procurado desempenhar esse papel. E avisei a todos sobre o que penso e como vejo a política. Não concordo com muitas formas de fazer política que acabaram virando um costume ou praxe, até mesmo entre aqueles que se consideram de esquerda, reformistas ou revolucionários. A política é a expressão maior da atividade humana. E, assim, devemos exercê-la com os melhores sentimentos, opiniões e virtudes.

O PDT buscará diálogo com os demais partidos de oposição ao grupo Sarney?
O nosso partido nunca se fechou para o diálogo com qualquer outro que se disponha a lutar por objetivos comuns que impliquem em melhores dias para o nosso povo. Esses objetivos passam pela conquista do poder para pôr em prática os nossos ideais de luta, ou seja, de programar políticas públicas de inclusão através da educação e saúde públicas de qualidade, ações de fomento para o desenvolvimento nos diversos setores (agricultura, comércio, indústria, cultura...), nas ações imediatas na área de segurança com uma visão humanista, no exercício transparente da gestão administrativa com todo o cuidado na aplicação dos recursos públicos. O PDT sempre dialogará com as demais forças de oposição com todo o respeito e lealdade, sempre inspirado no que acabamos de dizer anteriormente. E isto vale para períodos eleitorais ou não! E não devemos esquecer que, com o advento da internet, das ONGs, das chamadas organizações civis, os partidos políticos tiveram diminuídos o seu papel. Então, o PDT está aberto ao diálogo com aquelas pessoas ditas independentes, que não estão e nem querem afiliar-se a partido político, mas que desejam dar algum tipo de contribuição.

Como a família do ex-governador está reagindo para superar a perda de Jackson?
Como qualquer família que perde a figura paternal, o patriarca. Sentimos sua ausência física a todo instante. Ele era um ser humano muito sensível, digno, sábio, cordial, superior. Acho que a sua própria história de vida fez dele um grande homem. Tinha uma resistência e uma fortaleza inigualáveis. Às vezes, penso que ele está aqui, orientando os nossos pensamentos e desígnios, nos observando a todo instante. E percebo alguns traços dele em algumas pessoas que conviveram com ele.

Quais são os seus projetos políticos a frente do PDT maranhense?
Os meus projetos políticos não são pessoais. Estou exercendo um papel à frente do PDT para sairmos do presente fortalecidos e planejar o futuro sempre respeitando o nosso passado. Sem cultivar as nossas raízes, pereceremos no caminho. E correremos o risco de nos tornamos mais um. Tenho um profundo apreço pela Democracia e pelo Trabalhismo. Penso em trabalhar estes valores nas instâncias partidárias, assim que passarmos por esta fase de reorganização. E vamos cultivar todos os aspectos positivos de nossas passagens pelas prefeituras e pelo governo. O PDT tem líderes como os atuais prefeitos Deoclides Macedo, Hilton Gonçalo, Diniz, Vete Botelho e Silvana, assim como deputados estaduais a exemplo do líder de nossa bancada Carlos Amorim, da Valéria Macedo, Camilo Figueiredo e Graça Paz. Também temos outros líderes de grande experiência política e/ou administrativa como o Reginaldo Telles, João Francisco, Chico Leitoa, Julião Amin, Clodomir Paz, Moacir Feitosa, Léo Costa, Sandra Torres, Josemar Pinheiro, Aroucha, Jô Santos, Eduardo Telles e muitos outros. E, nesta quarta-feira, estaremos filiando o Ministro Edson Vidigal e a Dra. Eurídice Vidigal que, com certeza, serão motivo de orgulho para todos nós do partido.

O senhor escreveu artigos sobre o quadro político maranhense. Qual o cenário que se pode projetar para 2014?
Todos sabemos que o cenário político de hoje não será o mesmo de amanhã. Tudo muda a todo instante. Faz parte de nossa existência. Vejo uma tentativa de amarrar a eleição de 2012 à de 2014. Puro sortilégio de quem sabe que a realidade não é feita assim. Vemos todo tipo de conversas, aparições que, a rigor, não passam de intenções superficiais. Tenho dito que o PDT procurará apresentar candidaturas próprias aos executivos municipais onde for possível e, quando não, formar chapas fortes para o legislativo municipal. A eleição municipal é bem diferente da estadual. O cenário com que trabalhamos para 2014 é o de o PDT apresentar candidatura própria ao governo. E digo que será muito forte, pois somos o principal partido das chamadas oposições. E concorreremos ao Palácio dos Leões com a legitimidade de um partido que teve um governador cassado injustamente pelos poderosos de Brasília para atender aos instintos de sobrevivência da Oligarquia Sarney. E não tenham dúvidas de que seremos leais aos demais setores e, num eventual segundo turno, estaremos todos juntos para a vitória, seja contra o grande sócio do atraso – o ministro Lobão –, ou o seu sócio menor, o secretário Luis Fernando.

Algo mais a acrescentar?
Agradeço ao nobre jornalista a oportunidade de expressar o que pensamos sobre os diversos temas que abordamos. E convidar a todos os maranhenses a se posicionarem, a tomarem partido, a serem contra todo esse sistema que aí está atravancando o nosso desenvolvimento, a serem contra esse marasmo e essa cultura do atraso de surrupiar os recursos públicos; conclamar a juventude a ser mais ativa e independente; os sindicatos, a serem mais eles e menos seguidores das diretrizes dos partidos políticos que os atrelam; enfim, chamar a todos a terem coragem política. Coragem de participar, de criticar, de exercer sua cidadania. É o mínimo que todos podemos fazer por nosso estado e pelo futuro de nossas crianças.
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