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Em São Paulo: Centrais reúnem 80 mil para pressionar Congresso e Planalto

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por Luana Bonone

Cerca de duas horas de caminhada, 6 quilômetros, aproximadamento 80 mil pessoas das 27 unidades da federação, 5 centrais sindicais e diversos movimentos, 5 bandeiras de luta. Esses são os números da manifestação das centrais sindicais com os movimentos sociais, realizada nesta quarta-feira (3) em São Paulo. Saindo da concentração feita em frente ao estádio do Pacaembu, a passeata seguiu pela avenida Paulista até a Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).

Para o vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nivaldo Santana, o ato foi “uma das maiores demonstrações de unidade dos trabalhadores e uma das maiores passeatas que São Paulo já viu”.

Trabalhadores deixaram estacionamento vazio para garantir o ato
Durante a manifestação, a unidade das centrais e a aliança com os estudantes, sem-terra, movimento
negro e de mulheres foram diversas vezes ressaltadas. O objetivo do ato, explica o presidente da CTB, Wagner Gomes, é pressionar o Congresso Nacional para que coloque em votação a matéria que reduz de 44 para 40 horas a jornada semanal dos trabalhadores, sem redução de salário.

Além disso, as centrais também querem pressionar o Planalto: "a pressão sobre o governo é para que tome medidas que alterem a atual política econômica. Somente com a redução dos juros será possível que o Brasil dê início a uma nova política de desenvolvimento, que valorize o trabalho e a classe trabalhadora. Se a presidente Dilam não fizer isso, ficará isolada, sem o apoio dos movimentos sociais", alertou o sindicalista.

Antonio Neto, da CGTB, lembrou que o ato ocorre em diversos estados
Esta também foi a principal crítica apresentada pela Força Sindical. Além do seu presidente, o deputado federal Paulo Pereira, o vice-presidente Miguel Torres disse que a manifestação era "um recado para a equipe econômica do governo federal".

Conclat e greve geral
Ao longo do percurso, os dirigentes sindicais expuseram suas reivindicações, em conformidade ao conteúdo da Agenda da Classe Trabalhadora, documento resultante da 2ª Conferência Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), realizada no ano passado. Além da redução da jornada de trabalho para 40 horas, havia outras quatro pautas centrais na manifestação: fim do fator previdenciário e das práticas antissindicais; aprovação das convenções 151 e 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e regulamentação das terceirizações no país.

Wagner Gomes chegou a defender um dia de greve geral no país para pressionar pela votação das matérias de interesse da classe trabalhadora no Congresso Nacional.

Desindustrialização
O presidente da CTB também atacou as medidas anunciadas pelo governo federal um dia antes, a fim de estimular a indústria nacional. “A desoneração da folha de pagamentos proposta pela presidenta Dilma agrada somente aos empresários. Ainda por cima, essas medidas ainda vão agravar futuramente o equilíbrio da Previdência Social”, afirmou Wagner. Ele também criticou a não convocação das centrais sindicais no processo de elaboração da nova política.

O presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Antonio Neto, ressaltou que o ato está ocorrendo em todo o Brasil, pelos estados, e valorizou o fato da caminhada ter ocorrido sem qualquer incidente e com "apoio dos trabalhadores em seus escritórios, na avenida Paulista". Falaram no ato, ainda, o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, e o presidente da Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), José Calixto Ramos.

UNE e MST
Para o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Daniel Iliescu, "neste dia 3 é dada a largada para o agosto verde e amarelo, que será um mês de luta em defesa do Brasil. Começa hoje com esta grande passeata das centrais e culmina no dia 31 de agosto, em Brasília, com a marcha dos estudantes". As bandeiras de unidade dos movimentos, esclarece Iliescu, são a luta pla destinação de 10% do PIB e 50% do Fundo Social do Pré-Sal para educação, a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, a Reforma Agrária e mudanças na política econômica, com redução dos juros.

O representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Gilmar Mauro, disse que a aliança entre os movimentos é importante para que questões que não estão em pauta sejam debatidas, como é o caso da Reforma Agrária, na sua avaliação. "A Reforma Agrária não depende do MST, depende de um debate na sociedade. Que tipo de solo queremos ter? Que tipo de alimento queremos consumir? O Brasil é campeão em uso de agrotóxico. Ter um outro tipo de comida é algo moderníssimo, mas depende desse debate, do modelo de produção agrícola que queremos. Por isso essa aliança entre os movimentos é importante", declarou.

Fontes: Vermelho e CTB
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