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Dilma decide demitir Jobim que nega declarações sobre Ideli e Gleisi

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por Adriana Vasconcelos, Chico Otávio, Gerson Camarott e da Agência O Globo

A presidente Dilma Rousseff já decidiu demitir o ministro da Defesa, Nelson Jobim, depois das declarações dele à revista Piauí, que chegará às bancas nesta sexta-feira. Na entrevista, afirmou que a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, é "muito fraquinha" e que Gleisi Hoffmann, da Casa Civil, "nem sequer conhece Brasília".

A decisão foi tomada hoje de manhã em reunião de Dilma com Ideli, Gleisi, a ministra de Comunicação Social, Helena Chagas, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, e Gilles Azevedo, assessor pessoal de Dilma.

No entanto, a presidente vai esperar Jobim voltar de Tabatinga, na fronteira do Amazonas com a Colômbia, para informá-lo da decisão. Dilma considera deselegante demiti-lo hoje, quando ele participa de viagem oficial em companhia do vice-presidente colombiano, do vice brasileiro, Michel Temer, e do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Jobim: ministro da defesa recebe bombardeios e deve cair
O trecho da entrevista à Piauí em que Jobim critica as ministras foi antecipado pela colunista Monica Bergamo, na Folha de S. Paulo. Segundo o jornal, o ministro da Defesa também atacou o governo no debate sobre o fim do sigilo eterno de documentos. "É muita atrapalhada", disse.

Embora já tenha decidido demitir Jobim, Dilma lerá só hoje à noite a entrevista dele à Piauí. Segundo assessores, a presidente ficou especialmente incomodada com a informação sobre a conversa que ambos tiveram quando Jobim decidiu convidar José Genoino para assessorá-lo na Defesa. Dilma teria perguntado se Genoino seria útil no ministério e, segundo a entrevista, Jobim respondeu: "Quem sabe se ele pode ou não ser útil sou eu".

A presidente também considerou uma agressão gratuita o comentário de Jobim sobre as ministras Ideli e Gleisi. Em entrevista a um programa da "Folha" e do UOL, Ideli considerou "desnecessárias" as declarações do colega e disse que ele "deveria se conter um pouquinho".

O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), não criticou abertamente as declarações de Jobim. Na tentativa de consertar o estrago do ministro, Sarney acabou piorando a situação.

"Eu não li ainda essas declarações, mas o que posso dizer é que o ministro Jobim é um homem muito experiente, muito equilibrado. Jamais faria comentário qualquer que pudesse atingir as pessoas ou pudesse atingir o governo. Eu acho até que esta [declaração] não combina com a ministra Ideli porque a Ideli é até bem gordinha, não é bem fraquinha", afirmou Sarney.

Ministro quer sair
As declarações irritaram os petistas reunidos nesta quainta-feira no Rio para o encontro da executiva nacional do partido. O líder do PT no Senado, Humberto Costa, afirmou que Jobim deu mostras de que quer deixar o governo.

"Foi uma declaração infeliz gerando constrangimento para o governo e para a base de apoio. A impressão que dá é que ele está querendo sair", disse o senador, ex-ministro do governo Lula.

Já o secretário nacional de Comunicação do PT, deputado André Vargas (PR) disse que os petistas não "perderiam tempo" discutindo a situação do ministro. "Ele não é dirigente do PMDB, aliás, ele acaba constrangendo seu partido. Essa é uma questão (as declarações do ministro) está mais para o PMDB do que para o PT responder."

No Senado, a entrevista de Jobim não foi bem recebida. Para o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), o ministro externou seu lado machista: "As declarações do ministro se excederam e trazem um eco de machismo que não cabe nem no momento da nossa evolução social. A ministra Dilma foi eleita presidente por um público majoritariamente feminino. E ela repersenta não só as delicadezas da alma feminina, mas também as resistências morais e de caráter da mulher brasileira."

Na avaliação do senador Cristovam Buarque (PDT-DF), Jobim estaria fazendo provocações. "A sensação que fico é a de que o ministro está fazendo provocações. E isso é péssimo", afirmou.

Jobim viajou para Tabatinga, no Amazonas, para a assinatura de um acordo para a criação da Comissão Binacional Fronteiriça (Combifron) e a adoção do Plano Binacional de Segurança Fronteiriça. Segundo a agenda, o ministro deixará a base do Caximbo, no Amazonas, às 20h30m. No avião que o levou de São Gabriel da Cachoeira, também no Amazonas, a Tabatinga, Jobim leu a nota da colunista da "Folha" e teria comentado com assessores que nem se lembrava mais disso, já que a entrevista à "Piauí" ocorreu um mês atrás.

Na semana passada, o ministro da defesa também provocou polêmica após dizer que tinha votado em Serra em 2010. A declaração provocou reação dos petistas e desconforto com Dilma. O ex-presidente Lula defendeu Jobim,cuja situação no governo se complica a cada dia. O ministro da Defesa será o segundo apoiado expressamente pelo ex-presidente a ser demitido por Dilma. O primeiro foi Alfredo Nascimento, que deixou o Ministério dos Transportes no fim de julho.

Fonte: Pernambuco.com

Jobim nega que tenha
criticado Ideli e governo
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, negou publicamente que tenha criticado a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, durante coletiva às 13h30 desta quinta-feira (4), em Tabatinga, no Amazonas.

Ao lado do vice-presidente, Michel Temer, e do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, Jobim desmentiu todas as declarações que foram atribuídas a ele e que devem ser publicadas na revista Piauí deste primeiro fim de semana de agosto.

"Reconheço a capacidade de Ideli e estou auxiliando a ministra na tramitação de alguns projetos no Senado", afirmou Nelson Jobim que, quando perguntado se achava que o governo da presidente Dilma Rousseff era mesmo "atrapalhado", foi categórico: "Absolutamente". Depois disso, deu a entrevista coletiva por encerrada.

O ministro da Justiça foi questionado sobre a possibilidade de substituir Jobim na pasta, caso o ministro seja demitido pela presidente nos próximos dias. Cardozo fez cara de espanto e soltou: "Eu?". Em seguida, completou: "Nunca o Ministério da Justiça e da Defesa fizeram um trabalho tão integrado e harmonioso. Todo o resto que estão dizendo é pura especulação".

Fonte: JB Online
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